20 Setembro 2025
O documento que condena os crimes de Israel em Gaza e na Cisjordânia, assinado por mais de mil padres, não está mais acessível. Então veio o pedido de desculpas: "Foi restaurado; foi um mal-entendido".
A informação é de Alessia Candito e publicada por La Repubblica, 19-09-2025.
Se o genocídio for discutido abertamente, até mesmo padres correm o risco de serem banidos virtualmente. O Google bloqueou repentinamente e sem aviso prévio a conta da rede "Padres Contra o Genocídio", um grupo de mais de mil padres, religiosos e bispos que decidiram se posicionar publicamente "para responder aos crimes do Estado de Israel contra a população palestina em Gaza e nos Territórios Ocupados". Somente após o caso vir à tona o Google restaurou rapidamente a conta, citando "procedimentos automatizados não relacionados ao conteúdo da conta".
O documento inacessível
A própria rede anunciou a notícia, pedindo publicamente o restabelecimento imediato do acesso à identidade digital vinculada ao documento público fundador, assinado por religiosos de 28 países. Publicado no site xaveriano, o documento ficou inacessível por horas.
Serviço do Google restaurado
Segundo o Google, tratou-se apenas de um mal-entendido. "Nossos sistemas automatizados de prevenção de abuso suspenderam temporariamente esta conta após detectar sinais de registro consistentes com a criação em massa de contas", afirmou a empresa. "Essa ação não teve relação com o conteúdo da conta em si. Após uma análise, a conta foi restabelecida." Em suma, a conta "Padres contra o Genocídio" e o Google Docs associado teriam sido interpretados como uma "ameaça cibernética", semelhante aos computadores zumbis usados em ataques DDoS ou a uma "fábrica de trolls" (contas falsas e maliciosas).
Essa explicação não convence quem trabalha na área de redes: o grande número de logins associado à assinatura rápida do documento é uma atividade muito diferente daquela associada a ataques cibernéticos.
Procedimento de recuperação impossível
O padre dono da conta foi o primeiro a notar a suspensão repentina. Ontem à noite, ao tentar fazer login, recebeu a mensagem: "Sua conta foi desativada". Explicação? Nenhuma. Após entrar em contato com o suporte, o Google simplesmente corrigiu a mensagem, esclarecendo que a conta havia sido "bloqueada", solicitando um procedimento de restauração, o que era efetivamente impossível. Uma reclamação formal foi registrada, o que, no entanto, exige pelo menos uma semana de espera.
Mais de mil assinaturas
"O grupo 'Padres contra o Genocídio' enfatiza a urgência de recuperar o acesso imediato. Mais de mil assinaturas em apoio à campanha foram coletadas por meio dessa conta, incluindo bispos e um cardeal, de padres de mais de 28 países", insta a rede em um comunicado oficial. O tempo está se esgotando: o documento é essencial para o encontro de oração em Roma, agendado para 22 de setembro, coincidindo com o debate na Assembleia Geral das Nações Unidas e bem antes da conclusão do "processo de verificação do Google". E quem sabe qual será o resultado?
O alarme
"O bloqueio repentino desta conta impede a coleta de novas assinaturas e, portanto, corre o risco de comprometer uma iniciativa internacional que envolve centenas de figuras religiosas comprometidas com a paz e a justiça", alerta "Padres contra o Genocídio".
“Condenamos a resposta desproporcional”
Lançada em 15 de setembro, a rede atraiu centenas de padres em poucos dias. Ela se baseia em um documento fundador que enfatiza: "Com a mesma força com que condenamos o massacre de 7 de outubro, os assassinatos e sequestros cometidos por terroristas do Hamas, com a mesma força condenamos a resposta desproporcional, o assassinato de pessoas inocentes justificado como erros involuntários, o bombardeio de terceiros países soberanos, os crimes de guerra, a limpeza étnica, o uso da fome como arma de extermínio e o genocídio perpetrado pelo Estado de Israel contra a população palestina."
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