20 Mai 2025
O Exército israelense emitiu nesta segunda-feira (19/05) uma ordem de evacuação para os moradores da segunda maior cidade da Faixa de Gaza, Khan Yunis, onde vivem mais de 200 mil pessoas.
A reportagem é publicada por DW, 19-05-2025.
Um porta-voz militar publicou a ordem nas redes sociais, dizendo que toda a área "será considerada uma zona de combate perigosa" e que Israel prepara um "ataque sem precedentes".
Também na segunda-feira, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reiterou que o país pretende controlar todo o território palestino. "Há uma grande luta acontecendo. Vamos controlar todas as partes de Gaza. Mas temos que fazer isso de uma maneira que não seremos parados", disse Netanyahu em uma mensagem de vídeo.
Na gravação, o primeiro-ministro também afirmou que vai suspender o bloqueio à entrada de ajuda humanitária no território diante da pressão de aliados preocupados com "imagens de fome" no território palestino. A entrada de suprimentos, porém, será "mínima".
Segundo ele, senadores americanos que ele conhece há anos como apoiadores de Israel, "nossos melhores amigos no mundo", estavam dizendo a ele que as cenas de fome estavam drenando o apoio vital e levando Israel a se aproximar de uma "linha vermelha, um ponto em que poderíamos perder o controle".
"Portanto, para alcançar a vitória, precisamos de alguma forma resolver o problema", disse Netanyahu numa mensagem aparentemente dirigida aos quadros de ultradireita de seu governo, que rejeitam a entrada de ajuda humanitária.
A mídia palestina disse que 50 caminhões transportando farinha, óleo de cozinha e legumes teriam permissão para entrar no pequeno território costeiro na segunda-feira. Até o momento, a ONU reportou que apenas nove caminhões haviam sido autorizados a entrar em Gaza.
A retomada de ajuda humanitária ao território devastado pela guerra acontece mais de dois meses após uma paralisação total da entrada de suprimentos básicos. Segundo Netanyahu, o bloqueio de bens — incluindo combustível, alimentos e remédios — tinha como objetivo aumentar a pressão sobre o grupo radical palestino Hamas para a liberação de reféns.
A paralisação prolongada da ajuda agravou ainda mais a crise humanitária e levou a agências e países a alertarem para o risco de fome generalizada em Gaza.
As decisões ocorrem em meio à nova operação militar de Israel em Gaza, lançada há dois dias.
Ataques aéreos israelenses mataram ao menos 40 palestinos nesta segunda-feira, de acordo com o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas. Os militares israelenses disseram ter atingido 160 alvos, incluindo posições antitanque, infraestrutura subterrânea e um ponto de armazenamento de armas, como parte do que foi chamada de "Operação Carruagens de Gideão".
Um dos ataques matou sete pessoas numa escola que abrigava famílias em Nuseirat, na região central de Gaza, e três numa casa nas proximidades de Deir Al-Balah, segundo as autoridades de saúde locais. Nos últimos oito dias, 500 pessoas foram mortas em ataques em Gaza.
Ambos os lados disseram que não houve progresso numa nova rodada de negociações indiretas de cessar-fogo entre Israel e o Hamas no Catar.
Netanyahu disse que as discussões sobre o cessar-fogo abordaram uma nova trégua e um acordo de reféns, bem como uma proposta para encerrar a guerra em troca do exílio dos militantes do Hamas e da desmilitarização de Gaza.
Sami Abu Zuhri, um oficial sênior do Hamas, culpou Israel pela falta de progresso nas negociações e disse que a intensificação da ofensiva seria uma sentença de morte para os reféns restantes.
A guerra devastou Gaza, deslocando quase todos os seus residentes e matando mais de 53 mil pessoas, segundo as autoridades locais. O conflito eclodiu depois que terroristas liderados pelo Hamas atacaram comunidades israelenses perto da fronteira de Gaza em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis.
Vinte e dois países, incluindo Austrália, Reino Unido, França e Alemanha, exigiram nesta segunda-feira que Israel "permita a retomada total da ajuda a Gaza" após o levantamento parcial de seu bloqueio ao território.
Os ministros do Exterior, incluindo os do Japão e da Nova Zelândia, disseram que, embora reconheçam "as indicações de um reinício limitado da ajuda", Israel bloqueou a entrada de ajuda humanitária em Gaza por mais de dois meses. A declaração diz que alimentos, medicamentos e suprimentos essenciais estão esgotados e que a população está enfrentando a fome.
Numa declaração separada, Reino Unido, França e Canadá ameaçaram tomar medidas como sanções se Israel não interromper a nova ofensiva militar em Gaza. "A negação da assistência humanitária essencial à população civil por parte do governo israelense é inaceitável e corre o risco de violar a Lei Humanitária Internacional", disse uma declaração conjunta divulgada pelo governo britânico. "Nós nos opomos a qualquer tentativa de expandir os assentamentos na Cisjordânia. Não hesitaremos em tomar outras medidas, inclusive sanções específicas."