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08 Julho 2022

 

"Marx ficaria indignado ao constatar que nada mudou quando o assunto é humilhação. As elites, os 'estabelecidos', os poderosos, os endinheirados, como garantia da desigualdade, continuam impondo uma cruel e eficaz associação entre vestimentas, corpos e o caráter das pessoas, ao procurar transformar o maltrapilho em mal-encarado, o desgrenhado em violento e o desdentado em imprestável", escreve Regina Bruno, professora e pesquisadora do Programa de Pós-graduação de C. Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - CPDA/UFRRJ.

 

Eis o artigo. 

 

Dia desses, caminhando pelas Laranjeiras (Rio de Janeiro) ouvi um grito: “- Estou com fome! Estou com fome”. Era o vendedor de livros usados, agarrado à grade de ferro do muro da Igreja, urrando a sua fome. Seu grito silenciou a buzina dos carros, as sirenes das ambulâncias, a algazarra dos alunos e alunas do Liceu e até mesmo a reza das devotas que às segundas-feiras acendem seus incensos e velas para o anjo da guarda. Se Marx por aqui aportasse certamente não necessitaria ler ‘Os mistérios de Paris’ de Eugene Sue para entender as desventuras de nossa cidade, pensei. Bastaria olhar à sua volta pra vida escancarada de seus habitantes – espelho do país – para descobrir os seus segredos. Ele veria calçadas-dormitório com gentes enfileiradas, rentes uma a outra para proteger-se da morte. Garrafas d’água demarcando espaços e assegurando o lugar de quem momentaneamente precisou sair. O direito a privacidade restrito ao lençol enrolado ao corpo ou à proteção precária de caixas de papelão desmontadas e transformadas em muretas. Avistaria as marquises-dormitório assombrando quem por ali passa mesmo aqueles/as que viram o rosto ou que balbuciam “- Isto não me concerne!”.

 

Notaria algumas caras novas dividindo espaço das calçadas com os demais: são os boys e os auxiliares dos escritórios da redondeza que, por força das dificuldades e com o fim dos hotéis populares encravados próximos a Central, dormem ao relento para ‘economizar’ o dinheiro da condução. “São os ensapatados. Gente sem crostas nos pés”, diz alguém. Antes de dormir, eles guardam seus preciosos sapatos, chichelados, cintos e apetrechos em mochilas transformadas em cofres de proteção e em travesseiros. A gravata serve para proteger os olhos dos holofotes da Presidente Vargas, cada vez mais potentes.

 

Enxergaria uma “cidade partida”, de partir o coração, tanta a indignação. Uma cidade loteada. Aquele pequeno grupo fica estrategicamente posicionado, ora na porta do banco ora na saída da lanchonete – lugares por onde passam dinheiro e comida. Tornando impossível seguir feliz com seu cheddar e sua coca-cola veneno, promoção Mc das quintas-feiras, ao deparar-se com aquele olhar pidão. Outros se posicionam próximo às farmácias seja buscando aplacar dores imediatas seja para negociar produtos, “- Psiu, moça, compre um pacote de fralda pra minha mãe. Mas só serve a Pampers Premium”. “- Por que? Ela só gosta da Pampers?.“- Ora, porque essa marca eu vendo fácil pra comprar comida”.

 

Descortinaria uma vida, ela também pontuada por atitudes-basta. Aquele homem parado próximo à entrada de um morro. “- Me dá um quilo de açúcar”. “- Não tenho, responde alguém apressado”. Mas imediatamente diminui o passo, guarda momentaneamente seus problemas e preocupações, entra na padaria próxima, compra o açúcar, retorna e o entrega ao homem ainda parado à entrada do morro “- Obrigado”, diz. “- Hoje eu decidi que não subo de mãos vazias. Só volto pra casa quando conseguir o café, o pão, o leite e o açúcar”. Escutaria um diálogo entrecortado pela insatisfação na qual o “pois devia!” é cada vez mais freqüente. Expressão, talvez, de reivindicações não percebidas nem reconhecidas como tal: “-Não tenho trocado”. “- Pois devia ter!”. Ou a indignação feito raiva pura: “- Me dá um dinheiro!”“- Desculpa, hoje não tenho nada”. “- Me dá, sua puta!!”.

 

Descobriria que a jornaleira considera a situação uma tragédia e sugere: “essa gente deveria desaparecer e circular durante o dia”. E que o taxista da Uruguaiana os vêem como “uma arraia miúda de vagabundos” mas escuta porque sente na pele quando ele comenta sobre os 13 milhões de desempregados e nova classificação do IBGE, os “desalentados”, ou seja, pessoas que após anos de ouvir “- não há vaga” desistiram de procurar um emprego, um trabalho.

 

E emocionada, ouviria em meio a tantas dificuldades conversas e sussurros de gentes fazendo graça, falando amenidades e trocando afetos: “- Hoje tu está mais linda, mulher”. “- É os teus olhos, homem!”. “Mais parece a Maria da Paz!”. “E tu se acha o próprio Gianecchini!” “- Coitado do Arrascaeta, machucou-se no jogo”. ”-Tem pena não, ele ganha milhão!”. “A senhora não veio ontem!, por que?”. “- Fia, era feriado! Também tenho meus direitos!”. Ou comovido notaria que os cães são companhias constantes das gentes. Aconchegam-se no frio. Dormem entrelaçando suas patas às pernas. Cães e pessoas guardiãs uma da outra. Fomes e comidas compartilhadas.

 

Marx ficaria indignado ao constatar que nada mudou quando o assunto é humilhação. As elites. os “estabelecidos”, os poderosos, os endinheirados, como garantia da desigualdade, continuam impondo uma cruel e eficaz associação entre vestimentas, corpos e o caráter das pessoas, ao procurar transformar o maltrapilho em mal-encarado, o desgrenhado em violento e o desdentado em imprestável. E se revoltaria ao ver recém-nascidos, bebês, crianças e gentes miúdas perambulando pelas ruas da cidade e do país e aprenderia um pouco mais sobre relações humanas ao ver, para desespero da mãe, um guri distribuindo aos passantes as moedas ciosamente guardadas na caixa de doces. Um mundo marcado por desigualdades e contradições. Uma imensa pobreza gerada pela modernização. O contrate entre a indigência e a riqueza. A banalização da ética.

 

Será que Marx, em seu passeio pela cidade, continuaria identificando “os da rua” como o lupen proletariado e perceberia que dos tempos dele pra cá o chamado “exercito de reserva” só cresceu e deixou de ter essa função? Seja que compreenderia que hoje eles são os sobrantes, descartáveis, não voltarão a serem reaproveitados. E crescem. Sem futuro e esperança procurando viver das sobras da cidade. Até quando e até como? Indaga-se sabiamente uma amiga mui querida.

 

E nós?

 

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