Joseph Moingt: “Acreditar mesmo assim”

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04 Agosto 2020

O teólogo jesuíta Joseph Moingt foi o autor de obras que vão de Deus ao homem, da história dos dogmas à transmissão da fé. Ele partia do Evangelho para "sonhar" com um novo rosto da Igreja. Ele confessou: "Vejo o futuro da Igreja nas pequenas comunidades, onde haveria cristãos e não cristãos, que juntos refletiriam sobre seus problemas lendo o Evangelho e assim aprenderiam a viver juntos seguindo Jesus: já seria uma vida na Igreja", escreve Francesco Strazzari, em artigo publicado por Settimana News, 30-07-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

Eis o artigo.

O teólogo jesuíta Joseph Moingt morreu na manhã de 28 de julho em Paris. Ele nasceu há 105 anos no pequeno município de Salbris, no distrito central do Vale do Loire.

Aos 23 anos, em 1938, ele entrou na Companhia de Jesus. No início da Segunda Guerra Mundial, foi obrigado a se alistar ao exército. Foi preso pelos alemães, e ficou preso tanto na Suécia como na Polônia.

Após a guerra, completou o noviciado e, em 1949, recebeu a ordenação sacerdotal. Ele estudou filosofia em Villefranche-sur-Saône e se formou em teologia na Faculdade Jesuíta de Fourvière, na época da Nouvelle théologie, criticada pelo Santo Ofício.

Em 1955, formou-se no Instituto Católico de Paris com uma tese monumental sobre a Théologie trinitaire de Tertullian, orientado pelo teólogo Jean Daniélou, que foi publicada posteriormente.

Também era a época de Henri De Lubac, mantido sob observação por Roma, professor do Instituto Católico de Lyon, que o orientou para o estudo de São Cirilo de Alexandria.

Em 1956, tornou-se professor de teologia na Faculdade Jesuíta de Fourvière, em Lyon. Dois anos depois, foi nomeado chefe do programa de cursos noturnos de cristologia para os leigos, sob os auspícios do Instituto Católico de Paris.

Depois lhe foi entregue a direção da revista jesuíta Recherches de science religieuse que, fundada em 1910 por Léonce de Grandmaison, tratava da história das religiões.

Ele também ensinou Chantilly no chamado "escolasticado da Companhia de Jesus".

Em 1974, tornou-se professor no Centro Sèvres, em Paris, que desfrutava de grande prestígio. De baixa estatura, dotado de humor, conhecimento infinito dos primeiros séculos do cristianismo, perspicácia introspectiva invejável, rigor científico, criatividade inovadora.

Ele foi o autor de obras que vão de Deus ao homem, da história dos dogmas à transmissão da fé. Ele partia do Evangelho para "sonhar" com um novo rosto da Igreja. Ele confessou: "Vejo o futuro da Igreja nas pequenas comunidades, onde haveria cristãos e não cristãos, que juntos refletiriam sobre seus problemas lendo o Evangelho e assim aprenderiam a viver juntos seguindo Jesus: já seria uma vida na Igreja".

No epílogo do livro-entrevista Croire quand même (2010), Moingt resumiu seu percurso como homem e teólogo, refletindo sobre a "necessidade religiosa" em uma sociedade secularizada: "No fim se verá se a ideia religiosa se mantém e se fortifica diversamente, ou se será abandonada. O que restará do cristianismo no final deste século, eu não sei, e não posso dizer. Não esqueço que falar sobre a crise da Igreja é uma abstração, precisamos realmente falar sobre uma crise geral da civilização. E o que vai acontecer? O que se conserva da nossa civilização humanista, eu realmente não sei. Então eu, de certa forma, tento manter minha fé em Deus, no Deus revelado em Jesus Cristo, conservo-a fazendo - ou melhor - deixando que as representações religiosas se desenvolvam o mais longe possível, ou seja, de maneira que eu possa pensar a fé cristã sempre com um espírito de homem do século XXI, conservar uma fé capaz de abraçar os desafios de toda a humanidade. É assim que eu tento pensar a minha fé (...).

No momento, eu diria que tenho um critério de verdade: é que a minha fé me ajuda a viver, a pensar. Não me desenraiza - evidentemente porque não a deixo desenvolver-se - da sociedade com a qual vivo; permaneço solidário com a humanidade, mesmo em crise. No momento, minha fé me dá a convicção de que a conservarei e que também poderei retomá-la, pelo menos na forma de humanismo evangélico; é ali que eu sou mais utilmente solidário com a sociedade e onde ajudo a humanidade a evoluir em direção a um destino verdadeiramente humanista e não em direção a um destino de barbárie que se vê despontar e que às vezes também é denunciado abertamente nos jornais que não absolutamente jornais cristãos! Eu gostaria de poder dizer que a causa de Deus é a causa do homem”.

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