16 Dezembro 2019
O National Catholic Reporter está compartilhando as reflexões sobre o Advento inspiradas em Laudato Si’ – Sobre o Cuidado da Casa Comum, do seu ex-editor Arthur Jones. Estas reflexões foram originalmente publicadas em 2015 pela Comunidade Paroquial St. Vincent de Paul, em Baltimore, no estado americano de Maryland. Jones deseja reconhecer a inspiração das invocações celtas da obra Carmina Gadelica, de Alexander Carmichael.
A reflexão do dia 15 de dezembro é publicada por National Catholic Reporter, 15-12-2019. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
O Papa Francisco tem falado ao mundo inteiro. No entanto, bem sabe, assim como nós, que os Estados Unidos é parte importante do problema. Ele sabe também, assim como nós, que o capitalismo desenfreado (grande parte do qual sedia-se nos EUA, origina-se nos EUA e é controlado pelos EUA) é uma parte ainda maior do problema.
O que, na verdade, isto significa e o que representa para nós?
No livro de 2015 intitulado The Age of Acquiescence: The Life and Death of American Resistance to Organized Wealth and Power (A era da aquiescência: a vida e a morte da resistência americana à riqueza e ao poder organizados, em tradução livre), Steve Fraser nos presenteia com um exemplo tipicamente americano da lógica que o Papa Francisco vem criticando globalmente.
Fraser escreve que “o consumo conspícuo da nova plutocracia concedeu a esta era a reputação de ser a segunda ‘era dourada’ [1] do país. Óbvios são os paralelos. Havia a mesma ganância insaciável [como na primeira era] pelo excesso (...) vulgaridade”.
O autor descreve como a distribuição desigual da riqueza e a desigualdade de renda “aumentaram a uma velocidade nunca antes vista na história americana”. O restante nós conhecemos: “Enquanto dez milhões perdem o emprego”, enquanto as fábricas são enviadas para o além-mar, enquanto as cidades se esvaziam e ficam empoeiradas, os ganhos dos CEOs “aumentaram em 500 a 700%”.
Francisco nos diz que esta ganância insaciável está na raiz dos desastres da Terra e da humanidade; que a ganância pelo lucro e benefício pessoal, que os bens materiais e as conveniências que produziram as condições significam que “as previsões catastróficas já não se podem olhar com desprezo e ironia”.
“Às próximas gerações, poderíamos deixar demasiadas ruínas, desertos e lixo”, adverte novamente o papa. “O ritmo de consumo, desperdício e alteração do meio ambiente superou de tal maneira as possibilidades do planeta, que o estilo de vida atual – por ser insustentável – só pode desembocar em catástrofes”, catástrofes que já estamos testemunhando “em várias regiões”.
Ó Deus, permita que eu cultive as virtudes ecológicas.
[1] Na história americana, a era dourada é o final do século XIX, da década de 1870 a cerca de 1900.
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