15 Julho 2019
Como construir uma economia que possa promover a equidade respeitando a criação? Essa é a principal pergunta que norteou o seminário de estudo "Taxation and reparations — tools for promoting equity, climate justice and an economy of life", realizado nos últimos dias em Nova York, às margens do fórum anual, organizado pelas Nações Unidas sobre a relação entre sustentabilidade e desenvolvimento na economia, que este ano abordou o tema "Empowering people and ensuring inclusiveness and equality".
A reportagem é de Riccardo Burigana, publicada por L'Osservatore Romano, 13 e 14-07-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
O seminário foi promovido pelo Conselho Mundial de Igrejas (Wcc), pela Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas e o Conselho para a Missão Mundial, que quiseram, também nesta ocasião, oferecer uma contribuição para um tema tão central no debate sobre o futuro do desenvolvimento ecumênico. O encontro teve como objetivo relançar uma ação com a qual reafirmar os princípios que foram se definindo nestes últimos anos para apoiar uma economia capaz de favorecer a equidade social com o uso de recursos naturais, acabando assim com violências e discriminações.
No caminho ecumênico, foi se afirmando, com uma profunda sintonia entre Igrejas e organismos ecumênicos, em vários níveis, a ideia de que devem ser promovidos projetos que levem em conta as desigualdades, muitas vezes enraizadas em eventos históricos, sobre os quais é necessário chegar a uma reconciliação das memórias, para abrir novas perspectivas para superar pobreza, conflitos e desintegração social, justamente graças a uma economia inspirada em valores cristãos. Portanto, trata-se de denunciar injustiças, passadas e presentes, e de condenar a exploração distorcida dos recursos naturais, como se não houvesse amanhã, mostrando como seja possível um desenvolvimento econômico apto a distribuir as riquezas de uma forma nova justamente a partir da leitura das Sagradas Escrituras e da tradição viva da Igreja.
O seminário começou com uma reflexão sobre a situação econômica nos Estados Unidos, em particular sobre as consequências das políticas neoliberais em relação ao regime fiscal, que acentuou as diferenças na sociedade estadunidense que tem que lidar com um estado social muito fraco, pouco atento às necessidades de todos, começando pelos mais pobres. A primeira parte foi dedicada a uma reflexão, partindo de uma série de experiências concretas, sobre como um sistema fiscal eficaz possa promover a equidade global. A referência foi forte para o fato de que se deve recorrer a uma política que saiba enfrentar a questão de como os países mais ricos devem intervir em apoio aos mais pobres. Trata-se de ativar projetos de “reparo” para o que foi feito pelas multinacionais que causaram desigualdades sociais e problemas ambientais. Na segunda parte, partindo da figura de Zaqueu e sua tradição exegética cristã, foi feita uma reflexão sobre como a redistribuição da riqueza deveria guiar a ação dos cristãos para promover um desenvolvimento econômico capaz de pôr fim a pobreza e desigualdades, inclusive dentro dos estados mais ricos.
O encontro terminou com uma oração ecumênica com a qual os participantes quiseram reafirmar como deve ser prioritária a leitura e escuta da palavra de Deus para construir um mundo baseado na justiça e na paz apto a produzir um desenvolvimento econômico que gere equidade social.
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Uma economia para todos. Em Nova York, uma contribuição ecumênica para o debate econômico - Instituto Humanitas Unisinos - IHU