15 Fevereiro 2017
Pesquisa mostra que a maioria dos jovens acessa a internet pelo smartphone, se importa com a aparência e carreira e teme a corrupção. Um em cada cinco deseja abrir o próprio negócio
Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) com jovens entre 18 e 30 anos mapeou as relações sociais, responsabilidades financeiras, o estilo de vida dessa população e o envolvimento com a tecnologia e mostra que oito em cada dez jovens brasileiros contribuem financeiramente para o sustento da casa (82%). 29% arcam apenas com uma parte sem ser os principais responsáveis, enquanto 27% dizem que são os principais responsáveis pelas despesas. Já os que não ajudam somam 18%, sendo que 11% dizem que além de não possuírem qualquer responsabilidade sobre as despesas, têm as contas pagas pelos pais por falta de renda, com destaque aos com idade entre 18 a 24 anos (16%).
A reportagem foi publicada por EcoDebate, 14-02-2017.
O levantamento também demonstra que mais da metade (51%) dos jovens mora com os pais e 38% dizem morar com companheiro ou cônjuge. Somente 4% moram sozinhos. Com relação ao estado civil, quase metade dos jovens (46%) estão solteiros, 26% são casados e 23% namoram, sendo que 10% moram junto.
Além disso, o estudo revela que 44% dos jovens têm o trabalho com carteira assinada como fonte de renda. Cerca de 25% dos jovens disseram trabalhar informalmente, fazer bicos ou atuar como freelancers para se manter, com destaque às classes C, D e E (28%), e 10% estão fazendo estágio, sobretudo entre 18 e 24 anos (14%). Aqueles que recebem ajuda financeira dos pais somam 10% e os que não possuem renda são 8%.
“Conforme esperado, as pessoas que fazem parte da faixa etária de 18 a 24 anos são mais dependentes dos pais e familiares, em maneira geral. Isso se deve ao fato de estarem em processo de formação acadêmica e/ou desenvolvimento profissional e são, portanto, mais instáveis financeiramente. Por outro lado, jovens que pertencem às classes C, D e E, precisam ajudar no sustento da casa de alguma forma por necessidade de completar o orçamento familiar”, analisa Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil.
A pesquisa revela que 89% dos jovens possuem smartphone, com destaque às classes A e B (98%), 80% têm notebook e 72% possuem computador de mesa. Além disso, o smartphone é o principal meio de acesso à rede mundial de computadores (81%), superando notebooks (68%), computadores de mesa (64%) e tablets (25%).
Entre os jovens que possuem smartphone, 98% disseram acessar ao menos um aplicativo diariamente, com destaque para as classes A e B (100%). Aplicativos de mensagens (80%), jogos (49%) e geolocalização (45%) são os mais utilizados.
Já com relação aos principais motivos para acessar a internet, assistir a vídeos (70%), se atualizar (67%), enviar e responder e-mails pessoais (62%) e escutar música (61%) são as prioridades. A pesquisa revelou também que as principais redes sociais utilizadas são Facebook (95%), WhatsApp (93%) e YouTube (91%). Para 72% dos jovens que acessam as redes sociais, o principal motivo é manter contato com os amigos, seguido de distração (67%) e contato com a família (60%).
O estudo do SPC Brasil e da CNDL também investigou a relação dos jovens com a aparência, lazer e saúde. Quase todos os entrevistados (98%) afirmaram cuidar da saúde, sendo que exercícios físicos (47%), alimentação balanceada (39%) e ser feliz e pensar positivo (33%) são as principais práticas para se manterem saudáveis. Caminhada (51%), musculação (49%) e corrida (35%) são as principais atividades entre os jovens que praticam exercícios.
Em relação aos cuidados para se sentirem mais bonitos e confiantes, 98% dos jovens também possuem algum hábito, com destaque às mulheres (100%). Cuidado com os dentes (47%), aquisição de roupas, sapatos e acessórios (47%) e atividades físicas (44%) são as principais atividades adotadas.
De acordo com a economista-chefe do SPC Brasil, os dados mostram que o mercado de consumo dos jovens tem grande potencial. “Os jovens demonstram ser bastante preocupados com aparência e saúde. Portanto, é importante que os empresários com foco neste público diversifiquem sua oferta de produtos e serviços nessa área”, avalia Marcela Kawauti.
O lazer é algo importante para todos os jovens entrevistados. O que eles mais fazem nas horas vagas é navegar na internet (69%), ouvir música (61%) e ver televisão (53%). Atividades que demandam gastos, como cinema, viagens, bares, baladas e restaurantes ou eventos culturais são realizadas principalmente pelas classes A e B, segundo o levantamento.
Quase a totalidade dos jovens entrevistados afirmam ter planos para os próximos cinco anos. A maioria está relacionada à carreira: 29% querem se formar na faculdade, 28% desejam estabilidade no emprego e 27% esperam ter boa carreira profissional. Outros 24% ainda têm a intenção de adquirir um imóvel.
Os jovens consideram que após os 30 anos serão adultos realizados se tiverem seu próprio imóvel (30%), forem felizes na profissão (28%) e tiverem tempo livre para fazer o que gostam (26%).
Quase todos os jovens entrevistados (99%) disseram ter preocupações com relação ao futuro, sendo as principais: não ter saúde física (29%) ou depender de outras pessoas por causa de doença (24%); não trabalhar naquilo que gosta (29%) ou não ter dinheiro para sustento próprio (24%); e também preocupações mais gerais, como corrupção (25%) e perspectivas de crescimento econômico do país (24%).
Com acesso mais facilitado à informação, os jovens estão conhecendo mais sobre empreendedorismo e novos modelos de negócio. 22% dos jovens têm como desejo abrir a própria empresa nos próximos cinco anos. Além disso, 22% também dizem que se sentirão realizados após os 30 anos se tiverem uma empresa. Vale ressaltar que, hoje, 7% dos jovens são empresários, com destaque entre os 25 e 30 anos (10%) e pertencentes às classes A e B (16%).
“O acesso amplo à internet traz ao jovem brasileiro mais informação sobre a cultura do empreendedorismo, gerando interesse em novos modelos de negócios como, por exemplo, as startups. Além disso, a crise econômica pode impulsionar esta busca pelo próprio negócio, uma vez que os jovens precisam encontrar alternativas para permanecer no mercado de trabalho sem depender do emprego com carteira assinada”, destaca Marcela Kawauti.
Foram entrevistados 601 jovens com idade entre 18 e 30 anos, de ambos os gêneros e de todas as classes sociais nas 27 capitais brasileiras. A margem de erro no geral é de 4,0 pontos percentuais para um intervalo de confiança a 95%.
Baixe a pesquisa na íntegra e a metodologia clicando aqui.
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82% dos jovens brasileiros contribuem para o sustento da casa, indica pesquisa do SPC Brasil - Instituto Humanitas Unisinos - IHU