24 Julho 2017
O cardeal Müller, ex-bispo de Regensburg, solicitou um pedido de desculpas a respeito da investigação sobre os abusos no Coro de Regensburg. O pedido foi dirigido a Johannes-Wilhelm Rörig, comissário do governo federal alemão, que se ocupa do abuso contra crianças. A reprovação de Müller é de que foram espalhadas declarações e informações falsas.
A reportagem foi publicada por Süddeutsche Zeitung, 20-07-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O cardeal Gerhard Ludwig Müller, ex-bispo de Regensburg, solicitou um pedido de desculpas de Johannes-Wilhelm Rörig, o comissário do governo federal alemão que se ocupa de abuso de crianças. Foram divulgadas “declarações e informações falsas”, disse Müller ao jornal Passauer Neue Presse, rejeitando a acusação de ter abrandado as investigações para esclarecer os abusos generalizados no Coro dos Regensburger Domspatzen.
Müller, bispo de Regensburg de 2002 a 2012, afirma ter “transferido o trabalho de investigação para as instituições da diocese, de modo que a investigação pudesse iniciar”.
O comissário federal Rörig havia criticado Müller, hoje cardeal, por ter sempre falado de casos isolados e não ter examinado as falhas estruturais.
“Para as vítimas, seria desejável que Müller, pelo menos agora, se desculpe pelo abrandamento da investigação”, disse Rörig. Müller, no entanto, não considera que haja qualquer motivo para se desculpar. Ele declarou à Katholische Nachrichten-Agentur que foi ele mesmo, em 2010, quem iniciou o processo de reformulação, imediatamente após as primeiras comunicações sobre os abusos, depois que, a 40 ou 50 anos dos crimes, “nada tivesse acontecido”.
Müller também criticou o advogado Ulrich Weber, que, nos últimos dois anos, investigou os abusos em nome do atual bispo de Regensburg, Rudolf Voderholzer. “Não posso aceitar que Weber me repreenda a partir de uma perspectiva a posteriori e partindo do estado atual do conhecimento: não corresponde à verdade.”
Weber também tinha expressado críticas sobre o fato de Müller, por muito tempo, ter ficado parado em uma investigação de casos isolados, em vez de examinar o sistema da violência como um todo.
Weber informou, na última terça-feira, que, no Coro dos Domspatzen, durante anos, as crianças tinham sido espancadas e abusadas sexualmente. Cerca de 500 cantores foram vítimas de violência física, 67 de violência sexual. Müller reiterou ao Passauer Neue Presse, que, embora não sendo mais bispo de Regensburg, ele ainda está “disponível para qualquer conversa pessoal com pessoas que, naquele tempo, tinham tido essas péssimas experiências”.
Ele diz que ele mesmo recebeu tapas e golpes de bastão quando criança, também em uma escola da Igreja. E acrescenta: “É claro que eu devo admitir que o abuso sexual se enquadra em uma categoria completamente diferente dos ‘tapas pedagógicos’”.
O ex-bispo de Regensburg também foi, por cinco anos, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, também ela competente pelas investigações sobre os casos de abuso. O Papa Francisco, no início de julho, surpreendentemente, não confirmou a nomeação de Müller.
Müller rejeitou a acusação de ter obstruído o trabalho de investigação sobre os casos de abuso na Congregação.
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Cardeal Müller pede que comissário do governo alemão se desculpe - Instituto Humanitas Unisinos - IHU