14 Julho 2017
No dia 13, aos 88 anos, morreu Giovanni Franzoni, figura pública católica proeminente muito amada por muitos fiéis e, no passado, muito criticada por outros, incluindo membros da hierarquia eclesiástica. O jornal Post relembra, "Franzoni foi um sacerdote que nos anos 1970 se tornou famoso por suas lutas ao lado do Partido Comunista Italiano: devido à sua proximidade com o partido foi excomungado pela Igreja em 1976. Era a favor tanto do divórcio como do aborto. Ao longo de sua carreira publicou muitos livros, principalmente ensaios sobre a Igreja e a religião". O Messaggero escreve: “Morre em Canneto di Fara Sabina Giovanni Franzoni, nascido em 1928, ex-abade beneditino da Basílica de São Paulo fora dos Muros, em Roma”.
A reportagem foi publicada por Il sismógrafo, 13-07-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.
A notícia é trazida por Luigi Sandri, jornalista e escritor da Comunidade de base de São Paulo fundada pelo próprio Franzoni. Foi eleito, em 1964, abade de São Paulo e nessa função participou das duas últimas sessões do concílio Vaticano II. No pós-concilio empenhou-se tanto pela implementação da reforma litúrgica como em favor de um compromisso social dos cristãos à luz do Conselho. Atuou também no âmbito de questões internacionais, especialmente nas manifestações pela paz no Vietnã.
Em 1970, escreveu uma carta aberta ao então Presidente da República Giuseppe Saragat para que a festa de 2 de Junho (Dia da República na Itália, ndt) não fosse caracterizada pela presença excessiva de armas, mas de representantes da sociedade civil. Em junho de 1973, publicou uma carta pastoral na qual denunciava as especulações imobiliárias em Roma, que teriam o apoio, de acordo com a sua denúncia, até mesmo de círculos do Vaticano. Este episódio deu início a diferenças com a Santa Sé, que o levaram a renunciar ao cargo de abade e, em julho de 1973, transferir-se para um pequeno apartamento para continuar sua vida como monge.
Ele acompanhou um grupo de homens e mulheres que formaram a Comunidade Cristã de Base de São Paulo, que ainda existe. Em um referendo sobre o divórcio manifestou-se em favor da liberdade de consciência, acrescentando que ele teria votado "não" para a anulação daquela lei, colocando-se em aberta oposição à cúpula da Conferência Episcopal Italiana. Decisão que lhe custou, em abril de 1974, a suspensão 'a divinis'. Em seguida, na eleição geral em junho de 1976, anunciou publicamente que iria votar no Partido Comunista.
"Pela vontade de Paulo VI, em agosto do ano seguinte, foi reduzido ao estado laical", relatam na Comunidade de São Paulo. Continuou a sua vida lutando por causas sociais e escrevendo livros. Em 1990, casou-se. Recentemente, manifestou-se pelos direitos dos doentes terminais terem uma morte digna decidida por eles mesmos. A Comunidade de Base também informa que nos últimos meses tinha entrado em contacto com o atual abade de São Paulo, com o qual "mantinha um diálogo fraterno".
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Morre Giovanni Franzoni - Instituto Humanitas Unisinos - IHU