17 Dezembro 2025
O boletim mais recente da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) aponta que La Niña deve persistir durante o verão 2025/26 no Hemisfério Sul. É o 5º fenômeno do tipo em seis anos, o que mostra uma ocorrência maior do evento em comparação ao El Niño nos últimos 25 anos.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 16-12-2025.
Esse ritmo incomum cobra seu preço. Nos últimos anos de La Niña, as perdas globais variaram de US$ 258 bilhões (1,4 trilhão) a US$ 329 bilhões (R$ 1,8 trilhão), segundo a AON, corretora de resseguros e empresa de análise de dados. Apesar das oscilações anuais nos danos, a trajetória geral é inegável: eventos climáticos extremos estão elevando as perdas, destaca a Bloomberg.
Em certas regiões, La Niña provoca secas prolongadas, como na Califórnia e no Sul do Brasil. Em outras, há chuvas em excesso. É o caso recente dos ciclones tropicais e temporais no sudeste asiático, que mataram mais de 1.600 pessoas e causaram prejuízo de pelo menos US$ 20 bilhões (R$ 109 bilhões).
No norte dos Estados Unidos, na China e no Japão, as temperaturas ficam mais frias, elevando o consumo de combustíveis fósseis – e, assim, agravando ainda mais as mudanças climáticas. Sem falar no aumento do risco de sobrecarga de concessionárias de energia, informa a Folha.
Outro setor diretamente atingido é a agricultura. La Niña é associada à redução de produtividade de milho, arroz e trigo. E também da soja, da qual o Brasil é um dos maiores produtores do planeta.
O país já está atento aos sinais de redução de chuva no sul. Por ora, apesar do plantio de soja estar um pouco atrasado, o cenário não é preocupante, pois não há indícios de períodos de seca com duração superior a 20 dias.
O efeito mais evidente de La Niña no Brasil será a manutenção das chuvas no Sudeste e no Centro-Oeste, ressalta o Canal Rural. Um cenário que ao menos beneficia produtores dessas regiões que precisaram replantar milho, algodão e soja.
Cientistas ainda estão estudando os motivos da extensão de La Niña. O fenômeno é caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico equatorial, o que impacta na circulação da atmosfera e afeta o clima em várias regiões do planeta ao mesmo tempo, explicam Veja e Bloomberg Línea.
Em tempo
A COP30 deixou claro que o Brasil não pode mais repetir ciclos de desenvolvimento excludentes e precisa transformar a transição climática em um projeto de nação, baseado em dignidade, cuidado e regeneração, avaliam Victoriana Gonzaga, advogada de direito internacional e Direitos Humanos, e Caio Magri, diretor presidente do Instituto Ethos. "A transição climática já reorganiza tudo: padrões de produção, fluxos de investimento, cadeias globais e relações comerciais. Não se trata mais de um setor da economia - é a economia inteira. Se o Brasil encara essa transição apenas como ‘agenda ambiental’, desperdiça seu maior trunfo estratégico: usar a descarbonização como motor de desenvolvimento econômico e social, capaz de gerar inovação, requalificação, produtividade e, sobretudo, trabalho decente", destacam na Época Negócios.
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