10 Dezembro 2025
Em mensagem de Natal, a Conferência Episcopal Haitiana incentiva o povo a voltar seu olhar para o Filho de Deus encarnado, a única e verdadeira promessa de libertação, e apela por "um maior compromisso com a paz por parte de todos".
A reportagem é publicada por Religión Digital, 09-12-2025.
"As festas estão se aproximando. Já estamos contemplando o mistério da Encarnação com o olhar fixo em nosso povo aflito, que caminha na noite escura da incerteza e da dor."
Os bispos do Haiti, em sua mensagem para o Natal que se aproxima, divulgada ontem na Solenidade da Imaculada Conceição, encorajam todas as pessoas de boa vontade, que vivenciam a tragédia da violência de gangues e da pobreza extrema e constante, a não perderem a esperança no Filho de Deus encarnado, a única e verdadeira promessa de libertação: "E essa promessa é também para nós, haitianos. Aguardamos sua plena realização em nossa história e em nossas vidas."
Testes difíceis
Reiterando que “as provações pelas quais o país passa feriram profundamente nossa alma coletiva”, a Conferência Episcopal exige veementemente que as instituições, que considera muito frágeis, assumam um maior compromisso com a paz, transcendendo quaisquer interesses partidários. Além disso, em um esforço para conter o caos que gera instabilidade política e social, os bispos pedem ao governo que respeite a Constituição de 1987 e, com relação às eleições gerais e presidenciais agendadas para 2026, esperam que “elas possam ser realizadas em condições seguras, elemento essencial para garantir a democracia, a inclusão e a transparência”.
No caminho que deve nos levar à paz e às eleições — escrevem os bispos — clamamos por “uma nova liderança, feita de integridade, serviço e altruísmo. O verdadeiro compromisso cívico pode se tornar uma forma de martírio, não pela morte física, mas pela verdade que tem um preço e pela coragem de renunciar a privilégios para servir ao povo. O Haiti precisa de homens e mulheres capazes de renunciar à corrupção, resistir ao dinheiro fácil, rejeitar a manipulação das massas e se tornarem servidores do bem comum.”
Portanto, explicam os bispos, é necessário e urgente garantir o bom funcionamento das instituições democráticas e trabalhar para a construção de um Estado onde reinem a ordem, a justiça e a paz. O caminho para a paz deve envolver verdadeiramente todos os cidadãos: “Convidamos todos, segundo a sua vocação e responsabilidade, a tornarem-se pacificadores: sacerdotes, religiosos e religiosas, leigos, jovens e idosos. Que cada um seja um raio de amor e um sinal de fraternidade em meio às dificuldades atuais! O exemplo recente da qualificação da nossa seleção nacional de futebol — que felicitamos e incentivamos — mostra-nos que, mesmo na adversidade, o nosso povo tem uma notável capacidade de superação quando escolhe a unidade e a solidariedade. Este sucesso lembra-nos que nenhuma escuridão é invencível.”
Leia mais
- Bispos do Haiti lançam um ‘grito desesperado’ pela paz: “Algo deve ser feito”
- Solenidade da Imaculada Conceição de Maria - Ano C - Subsídio exegético
- Conferência Episcopal do Brasil nomeia representante para assuntos relacionados a grupos católicos LGBTQ+
- 35 anos da Constituição: texto foi resiliente em crises, mas direitos ainda estão só no papel, avalia pesquisadora
- Companhia de Jesus e o compromisso com a Justiça. Artigo de Gabriel Vilardi
- Regressão democrática e momento destituinte na América Latina. Artigo de Mario Ríos Fernández
- Haiti: bispos, “uma verdadeira guerra de baixa intensidade está em curso contra a população pacífica e desarmada. Pedimos aos fiéis que permaneçam ativos”
- A crise no Haiti. Artigo de Marcello Neri
- Haiti: violência de gangues e o colapso do Estado
- “Católicos: o Haiti merece a atenção de vocês”
- Aumenta a violência no Haiti. Diz o arcebispo de Porto Príncipe: o país está à beira do abismo
- Seis países não assinam Pacto para o Futuro da ONU