• Início
  • Sobre o IHU
    • Gênese, missão e rotas
    • Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros
    • Rede SJ-Cias
      • CCIAS
      • CEPAT
  • Programas
    • Observasinos
    • Teologia Pública
    • IHU Fronteiras
    • Repensando a Economia
    • Sociedade Sustentável
  • Notícias
    • Mais notícias
    • Entrevistas
    • Páginas especiais
    • Jornalismo Experimental
    • IHUCAST
  • Publicações
    • Mais publicações
    • Revista IHU On-Line
  • Eventos
  • Espiritualidade
    • Comentário do Evangelho
    • Ministério da palavra na voz das Mulheres
    • Orações Inter-Religiosas Ilustradas
    • Martirológio Latino-Americano
    • Sínodo Pan-Amazônico
    • Mulheres na Igreja
  • Contato
close
search
  • Início
  • Sobre o IHU
    • Gênese, missão e rotas
    • Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros
    • Rede SJ-Cias
      • CCIAS
      • CEPAT
  • Programas
    • Observasinos
    • Teologia Pública
    • IHU Fronteiras
    • Repensando a Economia
    • Sociedade Sustentável
  • Notícias
    • Mais notícias
    • Entrevistas
    • Páginas especiais
    • Jornalismo Experimental
    • IHUCAST
  • Publicações
    • Mais publicações
    • Revista IHU On-Line
  • Eventos
  • Espiritualidade
    • Comentário do Evangelho
    • Ministério da palavra na voz das Mulheres
    • Orações Inter-Religiosas Ilustradas
    • Martirológio Latino-Americano
    • Sínodo Pan-Amazônico
    • Mulheres na Igreja
  • Contato
search

##TWEET

Tweet

Banco de sangue na Quarta-feira de Cinzas: análise crítica de “O agente secreto”, de Kleber Mendonça Filho. Comentário de Bruno Marra

Mais Lidos

  • “Eles chamam isso de cessar-fogo enquanto palestinos continuam morrendo sob o cerco israelense”. Entrevista com Francesca Albanese

    LER MAIS
  • Metas climáticas não ajudam e mundo caminha para 2,6ºC de aquecimento, mostra relatório

    LER MAIS
  • Exortações para tempos desafiadores. Comentário de Adroaldo Palaoro

    LER MAIS

Vídeos IHU

  • play_circle_outline

    30º Domingo do Tempo Comum - Ano C - Deus tem misericórdia e ampara os humildes

close

FECHAR

Revista ihu on-line

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

A extrema-direita e os novos autoritarismos: ameaças à democracia liberal

Edição: 554

Leia mais

COMPARTILHAR

  • FACEBOOK

  • Twitter

  • LINKEDIN

  • WHATSAPP

  • IMPRIMIR PDF

  • COMPARTILHAR

close CANCELAR

share

15 Novembro 2025

"O inegável talento de Kleber Mendonça Filho presta contas ao horizonte rebaixado de nosso momento histórico. Seja no ganho ou na perda de contundência expressiva, suas escolhas formais revelam, de maneira bastante fértil, os desafios políticos e sociais à nossa frente", escreve Bruno Marra, em comentário publicado por Blog Boitempo, 13-11-2025.

Bruno Marra é mestre em filosofia (FFLCH-USP), professor e escritor. Como roteirista de cinema, teve seus filmes exibidos em festivais como a Semana de Cinema (RJ), Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo e a Mostra de Cinema de Tiradentes (MG). Seu primeiro livro de poesia, intitulado pelo que a sobrevivência mata (contemplado pela Bolsa – Poesia, ProAC 2014), foi lançado em 2016 pela Editora Patuá. Integrou a seleção de escritores participantes do festival “Arte Como Respiro” (2020), realizado pelo Itaú Cultural (SP), e publicou O que se repete (até só ter acontecido uma única vez) (Patuá, 2023), seu segundo livro de poemas.

Eis o comentário.

I

Se considerarmos os longas-metragens ficcionais de Kleber Mendonça Filho à luz dos eventos políticos mais marcantes de nossa história recente — começando com O som ao redor (2012), realizado às vésperas das manifestações de junho de 2013, seguindo por Aquarius (2016), lançado no ano do golpe parlamentar contra Dilma Rousseff, e passando por Bacurau (2019) [1], gestado na ascensão de Jair Bolsonaro à presidência —, O agente secreto (2025), filme que acaba de chegar aos cinemas brasileiros, parece dialogar com os impasses da gestão Lula 3 (forjada sob um “pacto democrático” que visaria reeditar a conciliação de classes própria aos dois primeiros governos lulistas). Tal abordagem, ainda que peque por sua simplificação esquemática, talvez nos ajude a ensaiar uma primeira análise dos elementos postos em cena pelo cineasta pernambucano.

Comecemos notando um fato novo. Se os três primeiros filmes tinham como desfecho a deflagração do conflito gestado por suas narrativas, O agente secreto termina num anticlímax, deslocando o coração de sua trama para a década de 1970 e nos apresentando, numa espécie de epílogo transcorrido em dias atuais, personagens inclinados a postergar um embate histórico mais frontal. É o que nos sugere o educado gesto de Fernando (Wagner Moura), que guarda no bolso o pen drive repleto de arquivos sobre a morte de seu pai, pondo fim à entrevista da jovem pesquisadora — obrigada a abandonar sua investigação por falta de verbas institucionais, Flavia (Laura Lufési) havia recorrido à sua contribuição como último recurso. Tudo parece se dar, assim, à luz de uma luta que nenhum dos dois se acreditaria capaz de seguir travando, algo evidenciado na declaração do próprio filho do protagonista da trama, já adulto, ao admitir nem sequer guardar memórias ou laço mais profundo com o falecido pai biológico, tendo no avô sua real figura paterna. Diante da busca por uma adequada reparação histórica, o filme se abre a um “quem sabe um dia”, mas deixa patente seu “agora não”.

Mais do que uma fratura na linhagem familiar [2] do personagem, cujo pai foi assassinado por figuras poderosas ligadas à ditadura, estaríamos aqui diante de algo como uma ruptura no próprio tecido histórico capaz de sustentar qualquer luta política por melhores condições de existência: o “agente secreto” que protagoniza o filme, Marcelo/Armando (Wagner Moura), não faz sequer tanta questão de ocultar sua identidade das pessoas de seu círculo de convivência; o que o torna “secreto” e o faz desaparecer da vida de seus familiares é a própria brutalidade da marcha histórica que, há muito, sustentamos enquanto nação, uma marcha que não hesita em assassinar todos aqueles que não se dispõem a reproduzir a terrível dinâmica espoliadora que estrutura nosso país desde a sua fundação.

Dessa maneira, enquanto o filme de Kleber Mendonça Filho localiza no passado aquela geração de brasileiros que “deu o próprio sangue” ao se engajar na luta armada por uma sociedade menos injusta, a obra também nos faz pressentir, no tempo presente, um significado muito mais literal e domesticado desta ideia de “doação”. Restaria à jovem pesquisadora, Flávia, “doar o próprio sangue” de uma maneira objetiva e bem determinada, vendo o fluído extraído de suas veias ser acondicionado de maneira muito profissional e asséptica dentro de uma bolsa plástica.

A esse respeito, o crítico da Folha de São Paulo, Inácio Araújo, escreveu:

“É também no prédio onde no passado existiu um cinema que Fernando, o filho de Marcelo, pratica a medicina. Num banco de sangue, isto é, um lugar onde o sangue não existe como perda — jorro vindo de corpos mortos —, mas como regeneração e vida — O agente secreto não é, afinal, um filme sem esperança.”

Concordamos que o filme busque manter aberta alguma brecha de esperança ao circunscrever no passado a violência estatal contra membros da classe-média, numa clivagem temporal partilhada, aliás, com o recente Ainda estou aqui (2024), de Walter Salles. Mas eis que, como num retorno do recalque histórico, vestígios da brutalidade estrutural de nosso país teimam em retornar à terra firme, tal qual a perna do assassinado político que, dentro da barriga do tubarão, reaparece atracada na praia, logo no início do longa. Como numa evocação imprevista da monstruosa fila de cadáveres perfilada em praça pública após a maior chacina de nossa história recente — ocorrida no Rio de Janeiro, no último dia 28 de outubro —, o filme nos apresenta, em sua sequência inicial, um cadáver insepulto, abandonado às moscas e aos cães. Este cadáver, que depois vai reaparecer nos pesadelos de Marcelo/Armando em sequência posterior do filme, cedo ou tarde começaria a exalar mal cheiro também no bolso do jaleco de Fernando (e deste pesadelo o filho, já adulto, não teria como se livrar por mero exorcismo catártico — como ele relata ter acontecido quando, finalmente, assistiu a Tubarão e pôde parar de sonhar com a fera que via nos cartazes do filme de Steven Spielberg). Neste sentido, a clivagem entre passado e presente operada pelo filme estaria marcada por particularidades que exigem aqui análise um pouco mais detida.

II

De maneira notavelmente oblíqua, o desfecho de O agente secreto chega a flertar com a “antifiguração” na maneira refratada com que a morte de seu protagonista nos é comunicada: vemos surgir diante de nós uma imagem de outra imagem (na página digitalizada de um antigo jornal que a pesquisadora visualiza na tela de seu computador). Trata-se do registro fotográfico do cadáver de Marcelo/Armando, estirado ao chão, numa morte da qual desejávamos que ele pudesse ter escapado.

Simbolicamente, é como uma espécie análoga de “cadáver insepulto” que o protagonista acaba enquadrado pelo desfecho formal da obra. A escolha do mesmo ator, Wagner Moura, para interpretar também o filho de Marcelo/Armando sugere uma espécie de “continuidade” (histórica e intergeracional) muito pouco sustentada por aquele filho que, ao contrário do pai — que ousou levar adiante seu dever como funcionário público no confronto das figuras de poder de seu tempo —, parece assimilar o peso histórico do passado enquanto um descaminho de sua história familiar, algo que diria respeito especialmente a si e a sua própria elaboração afetiva, passível de ser tratado como uma memória desagradável.

A informação visual da morte do protagonista surge pouco depois da transição definitiva do eixo temporal da obra, que até então se desdobrava predominantemente na década de 1970 e que, em seus últimos minutos, passa a se desenrolar neste primeiro quarto de século XXI. Depois que o assassino de aluguel subcontratado para matar o protagonista acaba por trocar tiros com a polícia e iniciar sua fuga, Marcelo/Armando abandona o prédio em que o procuravam e Bobbi, um dos personagens contratados para assassiná-lo, acaba estirado no chão de uma barbearia, morto com um tiro pelas costas. A narrativa viria sugerir, assim, que Marcelo/Armando talvez pudesse ter conseguido escapar de seus assassinos. Neste ponto, portanto, em que o eixo temporal do filme se desloca do passado para o presente, Marcelo/Armando ainda segue vivo e O agente secreto parece dar mais ênfase expressiva àquele protagonista em fuga, dentro de uma colorida década de 1970, do que ao cadáver imóvel, em preto e branco, que posteriormente nos é mostrado de maneira fria, numa imagem de arquivo digitalizada.

Figurando a morte de seu protagonista sem grande ênfase dramática ao mesmo tempo em que nos apresenta um filho, Fernando, interpretado pelo mesmo ator, a obra de Kleber Mendonça Filho parece esfumaçar a linha que separa aqueles dois eixos temporais de seu universo diegético. Algo ali permaneceria, ainda que diferente — e talvez seja justamente neste ponto que o filme nos dê a ouvir mais do que aparenta ter dito.

Assim como Wagner Moura era Marcelo e Armando, aqui ele talvez assuma também o papel de Fernando em chave palimpséstica. Da mesma maneira que nossa sociedade, ao final da década de 1980, viveu uma “transição democrática” sem que suas estruturas de poder e de repressão passassem pela profunda reestruturação necessária a um verdadeiro rompimento com a dinâmica autoritária dos anos de chumbo, o filme nos parece sugerir que algo daquele passado continua vivo no presente, em carne e osso, só que acometido por uma espécie de “amnésia” de sua própria história, amputado da consciência de seu trajeto até aqui, existindo como outro, ainda que permaneça, em essência, o mesmo. Fernando é Armando, assim como Armando era Marcelo, mas parece sê-lo sem plena consciência das forças históricas que o levaram a existir, hoje, como a pessoa que se tornou.

Surgiria daí talvez a sensação de que, se O agente secreto ganha corpo expressivo, em grande parte, durante o carnaval, seu desfecho culminaria em algo como uma amarga quarta-feira de cinzas. O inegável talento de Kleber Mendonça Filho presta contas ao horizonte rebaixado de nosso momento histórico. Seja no ganho ou na perda de contundência expressiva, suas escolhas formais revelam, de maneira bastante fértil, os desafios políticos e sociais à nossa frente.

Notas

[1] Cf. “Bacurau, alegoria de um sonho que morreu” (por João Rodrigues e Laura F.). 

[2] É bem presente em O agente secreto a relação entre pais e filhos homens, valendo mencionar não apenas o laço entre o protagonista Marcelo/Armando e seu filho, como também aquele entre Ghirotti pai (Luciano Chirolli) e filho (Gregorio Graziosi), entre o delegado Euclides (Robério Diógenes) e seus dois filhos-capangas (Igor de Araújo e Ítalo Martins), ou entre o assassino sudestino Augusto (Roney Villela) e seu enteado, Bobbi (Gabriel Leone).

Leia mais

  • O Agente Secreto: Dias quentes num país brutal. Comentário de José Geraldo Couto
  • 11 filmes para entender a Ditadura Militar no Brasil
  • Crimes contra a democracia são a efetivação do bolsonarismo visando a morte e a destruição como projeto. Entrevistas especiais com Michel Gherman, Piero Leirner e William Nozaki
  • Terceiro governo Lula “tem mais cara de projeto de país”. Entrevista especial com Michel Gherman
  • Gaza é o Rio de Janeiro. Gaza é o mundo inteiro. Artigo de Raúl Zibechi
  • Massacre no Rio de Janeiro: “Quanto tempo uma pessoa precisa viver na miséria para que em sua boca nasça a escória?”. Entrevista especial com José Cláudio Alves
  • Rio de Janeiro: o desfile macabro da barbárie na passarela de sangue da Penha. Entrevista especial com Carolina Grillo
  • Identificada em restaurante, professora da UFF sofre ameaças de internautas após crítica a massacre no Rio
  • Professora atacada por Gayer e Nikolas é ameaçada na web: “Dá uma pedrada nela”
  • O massacre no Rio. Artigo de Frei Betto
  • Massacre no Rio de Janeiro: a banalização do extermínio reforça o populismo penal e o racismo estrutural. Destaques da Semana no IHUCast
  • Massacre no Rio de Janeiro: “O Estado, nessa concepção, só existe para matar”. Entrevista com Michel Gherman

Notícias relacionadas

  • Campanha da Legalidade. O depoimento de um jornalista. Entrevista especial com Flávio Tavares

    LER MAIS
  • Campanha da legalidade e o processo de democracia. Entrevista especial com João Trajano Sento-Sé

    LER MAIS
  • Arquivos da ditadura ao alcance do público, na Unisinos

    LER MAIS
  • O Recife é metade roubado ao mar, metade à especulação

    LER MAIS
  • Início
  • Sobre o IHU
    • Gênese, missão e rotas
    • Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros
    • Rede SJ-Cias
      • CCIAS
      • CEPAT
  • Programas
    • Observasinos
    • Teologia Pública
    • IHU Fronteiras
    • Repensando a Economia
    • Sociedade Sustentável
  • Notícias
    • Mais notícias
    • Entrevistas
    • Páginas especiais
    • Jornalismo Experimental
    • IHUCAST
  • Publicações
    • Mais publicações
    • Revista IHU On-Line
  • Eventos
  • Espiritualidade
    • Comentário do Evangelho
    • Ministério da palavra na voz das Mulheres
    • Orações Inter-Religiosas Ilustradas
    • Martirológio Latino-Americano
    • Sínodo Pan-Amazônico
    • Mulheres na Igreja
  • Contato

Av. Unisinos, 950 - São Leopoldo - RS
CEP 93.022-750
Fone: +55 51 3590-8213
humanitas@unisinos.br
Copyright © 2016 - IHU - Todos direitos reservados