11 Novembro 2025
Mais de 60 líderes indígenas, cientistas e ativistas chegam à capital paraense de barcos e canoas, em vez de aviões.
A informação é publicada por ClimaInfo, 11-11-2025.
Barcos e canoas se aproximam de Belém com a sociedade civil em peso para a COP30. São indígenas, cientistas, ativistas, estudantes, que vêm à conferência não só pedir financiamento climático mas, principalmente, o reconhecimento da importância de seus territórios na luta contra as mudanças climáticas.
O Brasil de Fato detalha a flotilha Yaku Mama, que desembarcou em Belém no domingo (9/11). A embarcação navegou por um mês pelos rios amazônicos, saindo da cidade de Coca, no Equador, passando pela Colômbia até chegar ao Brasil. Com mais de 60 integrantes, a iniciativa foi idealizada por uma coalizão de organizações indígenas, entre elas a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).
“Para nós, a COP é território. Para nós, a COP foi essa viagem: percorrer, aprender, ressignificar e amplificar as lutas dos diferentes Povos Indígenas que habitam o rio Amazonas”, afirmou Lucía Ixchíu, liderança indígena K’iché, da Guatemala, e integrante da flotilha.
Ao percorrer as comunidades para recrutar novos membros e recolher depoimentos, o grupo identificou desafios como falta de acesso à água, mineração, exploração de petróleo e violência contra a população. “Queremos alcançar mais do que apenas garantir dinheiro ou financiamento”, disse Lucía. “Queremos chegar a um consenso em que os Territórios Indígenas não sejam mais sacrificados.”
A flotilha chega à COP30 com uma realidade desafiadora: a Organização Meteorológica Mundial (OMM) apresentou na atualização de seu relatório Estado do Clima 2025 que este ano será o segundo ou terceiro mais quente já registrado. É impossível não bater o teto de 1,5°C; mas a ciência afirma que é possível trazer novamente a temperatura abaixo deste patamar até o final do século, conta o Meteored.
Além dos impactos provocados pelo aumento da temperatura, um relatório divulgado pela Earth Insight e pela Aliança Global de Comunidades Territoriais na semana passada mostra que na Amazônia, cerca de 9,8 milhões de hectares de Terras Indígenas e comunitárias são sobrepostas por concessões de mineração. Ademais, 31 milhões de hectares (12%) de TIs são sobrepostos por blocos de petróleo e gás, expondo Povos como os Waorani à poluição e ao deslocamento.
A Reuters destaca o relatório da Global Witness sobre violência contra defensores do meio ambiente: mais de 2.250 defensores ambientais foram mortos ou desapareceram entre 2012 e 2024 em nações que dividem a Amazônia, além de Indonésia, México e América Central.
“Nem tudo precisa girar em torno do dinheiro, a Mãe Terra não é um negócio”, disse Ixchiu. “Existem outras maneiras de se relacionar com a biodiversidade e a vida no planeta que as populações indígenas praticam há mais de 12.000 anos.”
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