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As mulheres vão ao sepulcro a céu aberto. Artigo de Ivone Gebara

Foto: Tomaz Silva /Agência Brasil

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04 Novembro 2025

"Desde a invenção das guerras nosso papel de mulheres é ir aos sepulcros abertos, descobrir e enterrar os corpos de nossos amados. Cheios de sangue e frios de vida estão expostos como carne de mercado para ser reconhecida. Quem matou? Por que matou? O silêncio de respostas impera...".

O artigo é de Ivone Gebara, religiosa pertencente à Congregação das Irmãs de Nossa Senhora, filósofa e teóloga, que lecionou durante quase 17 anos no Instituto Teológico do Recife – ITER e que dedicou-se a escrever e a ministrar cursos e palestras, em diversos países do mundo, sobre hermenêuticas feministas, novas referências éticas e antropológicas e os fundamentos filosóficos e teológicos do discurso religioso.

Eis o artigo.

As cenas de reconhecimento dos corpos assassinados na última chacina do Rio de Janeiro feita pelas mulheres revelam a tragédia das eternas guerras e em especial dessa em que a população pobre dos Morros mais uma vez é cruelmente atingida. Alegações, explicações do acontecido na realidade nada explicam sobre o fato de 121 mortos até agora computados.

São as mulheres que descobrem os rostos mortos, debruçam-se sobre eles em lágrimas quando os reconhecem. Um coro de lamentos e de choro se expande ao longo da alameda de corpos expostos e cobertos com mortalha de trapos. Inacreditável cena? Será verdade ou ficção?

Todas as palavras de consolo são vãs. Não há consolo, não há explicações, justificações que sustentem os mortíferos atos cometidos e os discursos que os normatizam. Tudo inaceitável!

Desculpem-nos senhores, mas estamos absolutamente fartas de suas guerras, de suas mentirosas formas de proteção, de sua ousadia em se mostrarem heróis de uma guerra contra nós, contra a humanidade.

Estamos fartas de suas cantilenas de que estão salvando a pátria, mas na realidade crucificam e matam a mátria amada, aquela que gera filhos que vocês adoram matar em jogos de mocinhos e bandidos num sórdido quase lazer sem fim.

Estamos fartas de suas economias e políticas, de seu favorecimento ilícito matando ilicitamente vidas, pobres vidas de ontem e de hoje.

Estamos fartas de suas elites, de suas hierarquias e privilégios sem conta. Estamos fartas da ordem absolutamente desordeira e violenta que querem nos impor.

Estamos enojadas de suas músicas de tiros que cruzam o espaço, furam as paredes de nossas casas e matam nossas filhas e filhos ainda crianças.

Estamos surdas com o ruído das sirenes que acionam para anunciar que chegam para nos socorrer quando na verdade chegam com metralhadoras e armas em punho para matar.

Desde a invenção das guerras nosso papel de mulheres é ir aos sepulcros abertos, descobrir e enterrar os corpos de nossos amados.  Cheios de sangue e frios de vida estão expostos como carne de mercado para ser reconhecida. Quem matou? Por que matou? O silêncio de respostas impera...

Que erro em nossa genética feminina de gerarmos homens falsamente fortes, gananciosos e perversos como vocês? Que culpa infeliz nos persegue de não os termos educado para a ternura, a paz e o bem alheio? Que decisões deveríamos ter tomado para que não gerássemos também a perversidade de vocês? Seríamos acaso cúmplices de sua índole perversa? Calamos essas questões em nós.

Vocês não são a ordem. São a desordem estabelecida, são o crime impune, a violência letal vulgarizada, os falsos heróis apesar de suas medalhas.

Vocês seguem crucificando e escondendo suas moedas de ouro e prata em cofres nacionais e internacionais.

Vocês seguem nos quatro cantos do mundo produzindo armas para manter a mentira, a ganância e a desordem que espalham pelo mundo. Vocês são a Inteligência Perversa do mundo!

Para que necessitam armas? Para continuar esse sistema iníquo de poderes sobre a vida de milhares e milhares de pessoas? Por que querem armas? Para amedrontar os que não aderem a vocês ou para aliciar e tentar com seu aparente poder e riqueza os jovens crédulos que buscam crescer na vida e ter condições dignas em seu cotidiano. Infames ladrões de vidas!

Vocês são as balas, as espingardas, os revólveres, os canhões, as bombas, os gazes que matam. Vocês são as câmaras de gás, os bombardeios, a fome matando milhares.

Insistem na divisão entre ‘bandidos traficantes’ e ‘honestos governantes’ que têm a seu serviço empobrecidos homens, muitos sem outra saída, empregados para matar e fazer a vontade de vocês. Vocês dividem o mundo e se colocam do lado dos bons. Que bondade assassina é essa? Atrevidos sem coração! Mentirosos para vocês mesmos!

Aliciam muitos para que os apoiem e os reconheçam como salvadores da vida matando, simplesmente matando. Enganadores sórdidos!

Que fazer? Em que novas portas bater? Que novas crenças aceitar?

Esse mundo nos enoja! Esse mundo do qual vocês falam de vocês mesmos e usam indevidamente a palavra justiça... Sujam-na com seus podres desígnios, maculam-na com seus discursos de ódio e de falso heroísmo.

Vocês não conhecem a justiça e nunca a conhecerão porque não querem se aproximar dela. Vocês a temem porque temem ser desmascarados e perder seus ricos privilégios. Vocês não conhecem a justiça!

Nós mulheres estamos fartas de suas políticas que são na realidade impolíticas, tragédia, desordem, iniquidade crescente, destruição da vida. Estamos fartas de obedecer a seus comandos, à iniquidade de seus planos, a suas promessas descumpridas. Estamos cansadas de suas paradas militares e de bater palmas às suas glórias mesquinhas e inglórias realidades.

Escrevo porque o ódio nos habita, um ódio que parece sem saída porque a cada dia vocês destroem, matam, prendem e sujam a humanidade com sua estúpida e mentirosa estirpe de bons cidadãos ou ‘cidadãos de bem’ como gostam de ser chamados.

Gritamos basta! E vocês nos chamam de loucas.

Gritamos justiça! E vocês se riem de nós.

Gritamos por vida! E vocês espalham morte violenta.

Somos talvez insensatas de ainda acreditar em alguns de vocês como se em meio ao joio algum grão de trigo pudesse ainda subsistir. As dúvidas nos assolam! A descrença frente aos seus feitos nos acompanha. 

A beira da loucura nos damos as mãos, apenas para sentir que ainda há algo de terna humanidade em nossas mãos e em nossos corações. No desespero buscamos os braços umas das outras para não desfalecer frente a insanidade que vocês estão espalhando pelo país inteiro, pelo mundo todo.

Nossos deuses? Nossos deuses estão mortos! Vocês os mataram com seu dinheiro e suas armas. Já não nos socorrem mais, horrorizados com a estirpe venenosa que vocês se tornaram, com os artefatos de guerra que vocês fabricam diariamente como se quisessem apenas matar e matar e de novo matar.

Matar se tornou seu meio de vida, a guerra seu meio de subsistência, o ódio aos outros sua paixão primeira. Destruíram o que restava ainda de beleza no mundo. Mas, vocês morrerão de sua própria destruição.

Estamos diariamente nos sepulcros, nas ruas onde expuseram os corpos de nossos filhos, nos cemitérios públicos onde vão deixa-los inertes, mortos... E, nós mortas com eles desfalecidas de dor e de ódio seguimos buscando. Vocês não passam de sepulcros caiados, cheios de imundice em suas próprias vidas! Homens? Ou aparência de homens!

Não tenho filhos nascidos de mim! Nenhum dos de meu sangue foi morto... Mas, foram mortos meus filhos de brasilidade, de humanidade, de entranhas de solidariedade. Os perdi para vocês infames assassinos, patrões de policiais e soldados obedientes as suas nefastas ordens. Nenhum de vocês se salvará da morte que os igualará a quem vocês mataram e seguem matando.

As mães choram seus filhos, sem consolo! Não há saída a não ser a lágrima, o grito de dor, o abandono...

Vocês tem cérebro, mas não pensam...

Vocês tem braços, mas não abraçam...

Vocês têm filhos, mas é como se não tivessem...

Malditos, filhos do mal, prole das trevas,

Demônios disfarçados em cidadãos de bem,

Seus corpos serão comidos pelos vermes da terra,

Não sobrará nenhum para louvar seus feitos e orar por seu corpo nas trevas.

As mulheres seguem nos sepulcros das cidades em busca dos corpos amados... Onde está o meu filho? O meu neto? O meu companheiro? Onde os esconderam? Digam-nos que iremos busca-los e lhes daremos sepultura digna, e choraremos juntas sua perda e agradeceremos por sua curta vida.

Digam-nos onde puseram seus corpos? Em que valas abertas, em que matagal os esconderam? Em que rio ou córrego os jogaram?

Sem saber onde os puseram, voltaremos para casa e a ira profunda nos organizará de muitas maneiras para lutar contra vocês, assassinos da vida, assassinos da poesia, silenciadores do samba nos morros e dos pandeiros de alegria e festa.

Só se ouvem cantos fúnebres de mulheres, como em lamentos contínuos apenas entrecortados de soluços e de lágrimas. Juntas, apenas dão-se as mãos...

Para onde iremos? Quem nos dará consolo?

A vida nos mostrará os caminhos...

Hoje, Dia dos Mortos, 02-11-2025. Choramos nossos mortos e choramos a violência cruel que se tornou o corpo e o sangue de vocês. Choramos e guardamos na memória a infâmia de suas mortes, a tristeza que nos acompanhará até o final de nossos dias. Nada e ninguém nos separará do amor aos que vocês mataram.

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