A religião da morte. Artigo de Michele Serra

Foto: U.S. Embassy Jerusalem | Wikimedia Commons

Mais Lidos

  • Dossiê Fim da escala 6x1: Redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6x1: Desafios e estratégias sindicais no Brasil contemporâneo

    LER MAIS
  • Celular esquecido, votos mal contados. O que aconteceu no Conclave. Artigo de Mario Trifunovic

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

Natal. A poesia mística do Menino Deus no Brasil profundo

Edição: 558

Leia mais

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

23 Outubro 2025

"No máximo, é a confirmação para eles de que não existe vida pacífica, vida plena, vida digna; só existe a morte. A ser dada e recebida, obviamente sempre em nome de Deus. Que é o Deus da morte, o mesmo Deus de Ben Gvir e seus inimigos. Seu corpo a corpo oprime pessoas, lares, crianças, a vida cotidiana. Eles não se importam em nada com a vida", escreve Michele Serra, jornalista, em artigo publicado por la Repubblica, 21-10-2025.

Eis o artigo.

É uma bênção, assim como um elemento de tímida esperança: a cada fanático corresponde quase sempre um tolo, e isso deixa algum espaço para os sensatos. Escutem esta: Ben Gvir, ministro da Segurança Nacional de Israel, um homem que zomba e ameaça presos políticos acorrentados (para dar uma ideia do nível de sua vileza), acredita ser decisiva a aprovação da pena de morte para terroristas para o destino do governo Netanyahu. Ele diz que isso serviria para desencorajá-los.

Podemos ignorar o fato de que, quando jovem, Ben Gvir foi rotulado de terrorista pelas autoridades de seu próprio país. Ele estava entre aqueles que ameaçaram Rabin, que mais tarde foi assassinado por um jovem fanático da mesma laia de Ben Gvir: aqueles que se sentem autorizados pela Bíblia a conquistar e matar. Mas, além disso, como se pode pensar que a pena de morte (imposta, ainda por cima, por Israel) possa incidir minimamente sobre a mentalidade, as ações e as estratégias do Hamas e, de forma mais geral, sobre o radicalismo religioso islamista, que há pelo menos algumas décadas faz da morte uma arma bélica, um sacrifício "patriótico" e uma missão religiosa?
Atentados suicidas e mortes em combate há anos são considerados uma espécie de prova de valor para milhares de infelizes, cegados pela promessa de uma redenção no além após uma vida de submissão.

Obviamente, Ben Gvir não entende isso, mas a pena de morte, para os bombardeados, segregados ou expulsos, não significa nada. No máximo, é a confirmação para eles de que não existe vida pacífica, vida plena, vida digna; só existe a morte. A ser dada e recebida, obviamente sempre em nome de Deus. Que é o Deus da morte, o mesmo Deus de Ben Gvir e seus inimigos. Seu corpo a corpo oprime pessoas, lares, crianças, a vida cotidiana. Eles não se importam em nada com a vida.

Leia mais