20 Outubro 2025
Pessoas comuns, políticos e celebridades se manifestam em mais de duas mil passeatas. A resposta do presidente: "Mas eu não sou rei."
A reportagem é de Paolo Mastrolilli, publicada por La Repubblica, 19-10-2025.
A experiência americana está em perigo, mas o povo a salvará. Esta foi a declaração do senador Bernie Sanders, participando da marcha em Washington organizada pelo movimento "No Kings". Foi um ato de fé, mas que, desde o início do segundo mandato de Donald Trump, não se refletiu muito na resposta da oposição, até agora em grande parte incapaz de detê-lo, juízes à parte. E isso tendo como pano de fundo o " shutdown" que, desde o início de outubro, paralisou atividades estatais não essenciais e mandou milhares de funcionários públicos para casa, sem até agora provocar uma reação contundente da sociedade civil ou nas pesquisas de popularidade.
"No Kings" é um movimento que inclui organizações progressistas como MoveOn e 50501, políticos, artistas e milhões de americanos. Seu nome é uma referência a George III, o monarca britânico que buscou sufocar as aspirações de liberdade das colônias. Em junho, no aniversário de Trump e no desfile militar que ele ordenou pelas ruas de Washington, o movimento organizou mais de duas mil marchas de protesto pelos Estados Unidos. Ontem, o "No Kings Day" retornou com mais de 2.600 marchas, de Nova York à Califórnia, da Flórida a Seattle, abrangendo todo o país. "Juro lealdade", dizia uma placa erguida na Times Square, "a nenhum rei".
This is insane. The president of our wonderful country posting this? Dumping shit on his own people. Even if it’s true. Every day he dumps his stupid garbage on us. It’s beyond disgusting https://t.co/79IrtxEmKK
— Lea Thompson (@LeaKThompson) October 19, 2025
Os motivos para protestos são muitos e variam de pessoa para pessoa. Vão desde as escolhas econômicas do "Big Beautiful Bill", que corta impostos para os ricos e reduz serviços para o restante da população, até a ofensiva contra universidades, a liberdade de expressão, a deportação de imigrantes e os soldados mobilizados nas ruas de Washington ou Los Angeles. Pessoas vestidas de Tio Sam ou Superman, preocupadas como Clark Furley, que explicou à NBC sua decisão de marchar em frente ao Lincoln Memorial em Washington desta forma: "Não reconheço mais meu país e o que está acontecendo."
O ator Robert De Niro postou um vídeo para se posicionar: "Estamos nos levantando novamente, erguendo nossas vozes de forma não violenta para dizer: Não, rei." O senador Schumer, líder da minoria democrata no Senado, foi às ruas de Nova York: "Não temos ditadores na América e não permitiremos que Trump continue corroendo nossa democracia." A questão é como, dados os fracos resultados alcançados até agora.
BREAKING: King Trump shits all over the Statue of Liberty, Arlington Cemetery, The Tomb of the Unknown Soldier, the Constitution, and everything Americans hold dear. #NoKings pic.twitter.com/VCZGgXfZ7s
— 𝙎𝙋𝙊𝙊𝙆𝙔 𝙁𝙊𝙍𝘾𝙀 GAZETTE🇺🇸🇺🇦 (@FrancisWegner) October 19, 2025
Trump simplesmente respondeu que "não sou rei" e, após oferecer um jantar milionário em Mar a Lago na noite de sexta-feira para arrecadar fundos políticos, ficou para jogar golfe. O presidente da Câmara, Johnson, comentou que "esta é a marcha daqueles que odeiam a América". Os organizadores esperam que ela sirva para mobilizar a resistência, especialmente antes das eleições de meio de mandato do próximo ano, a primeira oportunidade política real para deter Trump.
We're used to it from him but his fragile juvenile ego here you go .
— Jason the mason (@NobodyThan) October 20, 2025
https://t.co/jHR61iUtFA
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