28 Agosto 2025
Em 27 de julho de 2025, o exército israelense interceptou o Handala, um navio da Flotilha da Liberdade que se dirigia a Gaza, carregado com ajuda humanitária e impulsionado com o objetivo de conscientizar sobre o genocídio que estava sendo cometido na Palestina. Antes disso, em 9 de junho, o exército do Estado sionista atacou o Madleen, uma iniciativa que se dirigia a Gaza com os mesmos propósitos. Neste domingo, 31 de agosto, vários grupos ativistas tentarão romper o cerco e chegar às águas palestinas, embora desta vez o façam em grande estilo: dezenas de barcos civis partirão do porto de Barcelona, posteriormente acompanhados por embarcações de outros países, como a Tunísia, e convergirão para o alto mar em 4 de setembro. "Participarão delegações de mais de 44 países, incluindo Malásia, Estados Unidos, Brasil, Itália, Marrocos, Sri Lanka, Tunísia, Holanda e Colômbia, entre outros", relata a Global Sumud Flotilla, a plataforma que promove a iniciativa.
A reportagem é de Sara Plaza Casares, publicada por El Salto, 28-08-2025.
Quanto aos membros, a ativista Greta Thunberg, que fazia parte da tripulação do Handala e acabou deportada de Israel, e Thiago Ávila, ativista que foi preso a bordo do Madleen, já confirmaram presença. Outros ativistas que participaram anteriormente da Marcha Global para Gaza, iniciativa que buscava entrar por terra, mas foi frustrada no Egito devido às ações das forças de segurança egípcias, que bloquearam sua passagem e prenderam vários de seus membros, também confirmaram presença.
"Queremos dar um passo maior, temos que aumentar a escala, temos que colocar mais pressão", dizem eles da flotilha, enquanto Israel já matou mais de 62.800 palestinos, e já há 315 mortes devido à desnutrição.
É o caso de Saïf Abukeshek, ativista hispano-palestino e membro da Coordenação da Marcha Global por Gaza e também da Flotilha Global Sumud, que esteve em El Salto dias antes de embarcar para Gaza. Ele explica que a flotilha global começou a tomar forma há dois meses, como um "espaço coletivo" de "solidariedade com Gaza", entre o Movimento Global por Gaza, a Flotilha Sumud do Magreb, a Sumud Susantara (Ásia) e a coalizão internacional da Flotilha da Liberdade, que organiza missões marítimas há mais de 15 anos, desde que um comboio de seis barcos e 700 ativistas partiu para a Palestina em 2010. Essa primeira flotilha foi atacada por Israel, e nove ativistas e um jornalista morreram na ofensiva.
Aumentar a pressão
"Queremos dar um passo maior, precisamos escalar, precisamos aumentar a pressão", diz Abukeshek, enquanto Israel já matou mais de 62.800 palestinos e já há 315 mortes por desnutrição, devido ao bloqueio do governo de Netanyahu à ajuda humanitária, que entra em Gaza aos poucos. Ao mesmo tempo, a maioria dos governos ocidentais não rompeu relações com o Estado sionista.
“Na Espanha, nos últimos 22 meses, o trabalho contra o genocídio tem sido muito importante. É uma referência europeia de solidariedade com Gaza”, disse Saif Abukeshek, da Flotilha Global Sumud.
Sobre a escolha do porto de Barcelona como primeiro ponto de partida, o ativista hispano-palestino explica que "na Espanha, nos últimos 22 meses, o trabalho contra o genocídio tem sido muito importante. É uma referência europeia de solidariedade com Gaza". Ao mesmo tempo, há a "contradição" de que navios com armas continuem partindo de vários pontos do estado, e Barcelona é um deles. " Queremos que nossos portos participem ativamente da defesa dos direitos humanos", conclui.
Abukeshek admite não ter muita esperança em uma ação institucional da comunidade internacional, como aconteceu após ser detido no Egito. Ele afirma ter sido torturado após ser capturado enquanto tentava se juntar à marcha permanente para a Palestina, e que não houve consequências. " Não vimos nenhuma ação. Como sempre, as relações diplomáticas foram priorizadas em detrimento dos direitos humanos. Embora a embaixada espanhola soubesse onde eu estava, ninguém veio me verificar", reclama.
Protestos em Tel Aviv
Enquanto isso, a oposição às ações do governo Netanyahu cresce, inclusive dentro de Israel. Assim, após o governo se recusar a cumprir o cessar-fogo proposto pelo Catar e Egito, com o apoio do Hamas, e continuar a intensificar os ataques, como o da última segunda-feira, que matou cerca de vinte palestinos, incluindo cinco jornalistas, no Hospital Khan Yunis, centenas de pessoas se reuniram nas ruas de Tel Aviv na terça-feira para exigir que o governo ponha fim à violência.
Conforme relatado pela Europa Press, e com base em estimativas do Fórum de Familiares de Reféns e Pessoas Desaparecidas, mais de 350.000 pessoas compareceram às manifestações contra as políticas do primeiro-ministro israelense. Elas exigem que ele aceite o cessar-fogo, que envolveria a troca de prisioneiros mantidos pelo Hamas.
No entanto, esses protestos parecem não ter surtido efeito. Enquanto este artigo era escrito, Israel continuava seu massacre de áreas civis, e suas tropas atiraram e mataram o atleta palestino Alam Abdullah al-Amur enquanto ele ia buscar alimentos. Esta é uma prática comum em Gaza, onde não há mais um porto seguro e nenhuma ação vital é realizada sem perigo associado. Uma situação que a flotilha global quer colocar nas primeiras páginas do mundo.
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