18 Agosto 2025
"A hybris é imediatamente punida. É a natureza humana que marca a queda daqueles que a superam. Nos poucos segundos desse vídeo, um homem fisicamente imenso insulta um homem reduzido a pele e ossos e algemado, prometendo-lhe a ruína. Este homem, provado pelas dificuldades, escuta, talvez diga algumas palavras, mas está ali de pé, e apesar de ser o fantasma daquele político cheio de vida que foi para a prisão há vinte e três anos, ele ainda aparece aquele que sempre foi: um ser humano. Tanto que sua individualidade se torna gigantesca".
O artigo é de Matteo Nucci, publicada por il manifesto, 17-08-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Segundo ele, "hoje, entre as marionetes que apertam as mãos e prestam honra ao horror em cerimônias ridículas, é um indivíduo quase evanescente que ocupa o centro do palco. O homem, algemado, indefeso, mas cheio de um orgulho e de uma dignidade que exigem escuta. Sua história ressurge nas páginas dos jornais dispostos a contá-la. E sua humanidade humilha aquele que de humanidade não tem nenhuma".
Os gregos a chamavam de hybris e a consideravam parte de um círculo inapelável de justiça divina.
A arrogância que supera os limites humanos, ou seja, o orgulho excessivo, diziam eles, é regularmente punida pelos deuses. De fato, quando se leem os textos antigos, percebe-se que essas divindades, prontas para punir aqueles que ultrapassaram os limites da humanidade, não são, de forma alguma, entidades transcendentes e misteriosas. É a própria humanidade que acaba ridicularizando e, por fim, aniquilando aqueles que são vítimas da inumana loucura. Porque o delírio da onipotência, na verdade, revela a profunda impotência de seres que se esqueceram de sua própria dimensão de finitude mortal.
A história nos mostra continuamente eventos desse tipo. Às vezes, são tão macroscópicos que se tornam paradigmáticos, como no caso da "visita" de Ben Gvir a Marwan Barghouti, registrada em um breve vídeo que recentemente circulou pelo mundo. Enquanto Israel, na loucura destrutiva que lhe é conferida por um sentimento de total impunidade, avança cada vez mais no processo de aniquilação de Gaza e na capilar e estratégica colonização e ocupação da Cisjordânia, e enquanto o primeiro-ministro israelense agora já fala explicitamente da realização messiânica do Grande Israel, ameaçando com bombardeamentos definitivos "como em Dresden", o ministro mais extremista desse governo que será, independentemente dos resultados futuros, inesquecível, decidiu humilhar seu oponente mais perigoso: o prisioneiro apelidado de "o Mandela da Palestina".
Mas a hybris é imediatamente punida. É a natureza humana que marca a queda daqueles que a superam. Nos poucos segundos desse vídeo, um homem fisicamente imenso insulta um homem reduzido a pele e ossos e algemado, prometendo-lhe a ruína. Este homem, provado pelas dificuldades, escuta, talvez diga algumas palavras, mas está ali de pé, e apesar de ser o fantasma daquele político cheio de vida que foi para a prisão há vinte e três anos, ele ainda aparece aquele que sempre foi: um ser humano. Tanto que sua individualidade se torna gigantesca.
Condenado em um processo que não reconheceu (e considerado por muitos injusto), muito temido pelos políticos israelenses por ser considerado o único capaz de unir todos os palestinos, mantido em prisão solitária desde outubro de 2023, quase recluso portanto, em uma espécie de canto do esquecimento, Marwan Barghouti retornou. Um vídeo o mostrou vivo, e mesmo aqueles que nada sabiam sobre ele agora sabem seu nome.
O povo palestino é composto por indivíduos, seres humanos com nome e sobrenome, uma história familiar, ancestralidade, datas de nascimento e locais de origem. É um povo variegado, caracterizado por um profundo senso de humor, um apego visceral às suas tradições e à sua terra, um talento para a expressão literária e artística e uma escolarização que, nos últimos anos, formou meninas e meninos num nível de alfabetização desconhecido aos países ocidentais.
Esses indivíduos — sejam eles artistas, poetas, médicos, paramédicos, ativistas, jornalistas, fotojornalistas, atletas e assim por diante — estão nos contando histórias extraordinárias, às vezes únicas e inesquecíveis. No entanto, a estratégia daqueles que desejam aniquilá-los reside na destruição constante, programática e regular de suas personalidades e da memória à qual são confiados, uma espécie de damnatio memoriae sistemática. Como se aniquilar indivíduos justificasse a aniquilação de um povo.
Não foi coincidência o que aconteceu anteontem em Marzabotto, quando o Cardeal Matteo Zuppi decidiu ler os nomes e sobrenomes de milhares de crianças mortas nestes mais de seiscentos e oitenta dias de genocídio. Pois se trata de indivíduos, pessoas destinadas a se tornarem homens e mulheres, cada um com sua própria história.
Uma história que, em casos recentes, a fúria de Israel, aliada à aquiescência ocidental, tentou, com notável sucesso, erradicar desde as origens. E, no entanto, delírios de onipotência, de arrogância, de hybris, subvertem todos os planos, mesmo os mais elementares ou mais sofisticados. E assim, hoje, entre as marionetes que apertam as mãos e prestam honra ao horror em cerimônias ridículas, é um indivíduo quase evanescente que ocupa o centro do palco. O homem, algemado, indefeso, mas cheio de um orgulho e de uma dignidade que exigem escuta. Sua história ressurge nas páginas dos jornais dispostos a contá-la. E sua humanidade humilha aquele que de humanidade não tem nenhuma.