14 Agosto 2025
A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, defendeu a decisão de seu governo de entregar aos Estados Unidos um novo grupo de 26 figuras do crime organizado, incluindo um grande número de chefes do Cartel de Sinaloa. A presidente indicou que se tratou de uma decisão "soberana" do México, que não atendeu a nenhum pedido de Washington. "Em todos esses casos, a decisão é pela segurança do nosso país. São decisões soberanas; não têm nada a ver com um pedido, embora muitas delas tenham pedidos [de extradição]", informou a presidente nesta quarta-feira em sua coletiva de imprensa diária no Palácio Nacional.
A reportagem é de Zedryk Raziel, publicada por El País, 13-08-2025.
A declaração de Sheinbaum contrasta com as informações divulgadas na terça-feira pela Procuradoria-Geral da República e pela Secretaria de Segurança e Proteção ao Cidadão (SSPC), que lideraram a operação de entrega dos traficantes aos EUA. Os órgãos afirmaram que a extradição foi realizada "a pedido" do Departamento de Justiça dos EUA, ou seja, a pedido de Washington. Esse mesmo argumento foi usado pelo México para explicar a transferência de 29 narcotraficantes de alto perfil em fevereiro passado, um arcabouço legal engenhoso que permitiu ao governo Sheinbaum desbloquear o complexo processo de extradição contra vários traficantes.
As autoridades mexicanas enfatizaram que a extradição dos 26 traficantes de drogas — que estavam detidos em diversas prisões e, segundo elas, "representavam um risco permanente para a segurança pública" — foi realizada em conformidade com a Lei de Segurança Nacional e após os Estados Unidos terem prometido que não aplicariam a pena de morte, embora a prisão perpétua o fosse. Esta nova extradição atípica, já que formalmente não se trata de tal, ocorre em meio às pressões comerciais, agora rotineiras, de Trump e dias após o presidente dos EUA ter ordenado ao seu Exército que atacasse diretamente os cartéis de drogas além das fronteiras americanas.
Pelo menos 11 dos 26 criminosos enviados a Washington estão ligados ao Cartel de Sinaloa ou a uma das facções envolvidas na guerra civil pelo controle dos negócios de Joaquín "El Chapo" Guzmán — Los Chapitos ou La Mayiza. Os demais extraditados pertencem, em menor grau, ao Cartel Nova Geração de Jalisco, Los Zetas, La Familia ou Arellano Félix. O tamanho do grupo ligado ao Cartel de Sinaloa demonstra o interesse consistente de Washington em coibir o tráfico de fentanil do México, visto que a organização de El Chapo é a principal produtora e contrabandista da droga sintética, que causa dezenas de milhares de mortes de cidadãos americanos anualmente.