13 Agosto 2025
O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, lançou nesta 3ª feira (12/8) uma nova carta com mensagens e prioridades da presidência brasileira da cúpula do clima. A quinta carta da presidência da conferência foca nas pessoas, principalmente grupos marginalizados, cobra união entre os países e defende a realização da conferência em Belém, no “coração da Amazônia”.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 12-08-2025.
“Esta é uma carta para as pessoas. Não são vítimas passivas da mudança do clima, mas líderes vivos do cuidado, da resiliência e da regeneração. Seu papel de guardiãs da terra, da cultura, do conhecimento e da solidariedade não é um legado do passado, mas um exemplo de formas de relação mais harmônicas com a Natureza como modelo para um futuro comum. A todas aquelas pessoas historicamente marginalizadas, deslocadas ou silenciadas, a COP30 deve ser o momento da virada para que sejam reconhecidas tanto como atores essenciais quanto como detentores de direitos na resposta climática global”, diz o documento.
Como a Folha assinalou, a carta cita grupos como Povos Indígenas, comunidades afrodescendentes, mulheres, idosos, crianças e trabalhadores. De um lado, são as maiores vítimas dos efeitos das mudanças climáticas; de outro, os principais responsáveis por soluções de resiliência e sobrevivência nesta nova realidade.
A carta reforça o fortalecimento do multilateralismo, cuja crise se ampliou desde a volta de Trump à presidência dos Estados Unidos. A presidência da COP30 ainda reitera o que considera as três prioridades para enfrentar a urgência climática: reforçar o multilateralismo e a UNFCCC; conectar o regime climático à vida real das pessoas; e acelerar a implementação do Acordo de Paris, informa o Brasil de Fato.
Apesar do novo chamamento de Corrêa do Lago, o legado da COP30 ainda é uma incógnita. Com tensões geopolíticas elevadas e o ataque dos EUA às ações climáticas, representantes do governo federal preveem dificuldades para conseguir acordos sobre alguns temas, principalmente sobre a eliminação dos combustíveis fósseis.
Por isso, de acordo com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Rafael Dubeux, o governo busca pautas que não demandam consenso político geral e podem ser acordadas em paralelo. Dois exemplos de propostas em aprimoramento para a COP30 são o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) e a integração do mercado de carbono. “Se a gente tem bloqueios em algumas áreas, os países que estão dispostos a seguir avançando não precisam ficar parados por conta disso”, disse Dubeux à Folha.
Mesmo com a ação preventiva do governo para evitar que a cúpula do clima não termine “de mãos abanando”, a expectativa é mesmo fazer da conferência em Belém a “COP da implementação”. É o que reforçam a CEO da COP30, Ana Toni, e a diretora de programa da Direção Executiva da presidência da cúpula, Alice Amorim Vogas, em entrevista à CBN e ao JOTA, respectivamente.
A quinta carta da presidência da COP30 foi repercutida também por g1, O Globo, Exame, ((o))eco e Pará Terra Boa.
Mesmo com a exaltação de Corrêa do Lago às pessoas, a negligência da Casa Civil do governo federal e do governador do Pará em resolver os preços da hospedagem em Belém pode fazer da COP30 uma das mais excludentes da história das Conferências, alerta o Observatório do Clima. “A expectativa de fazer a ‘COP do povo’ em Belém, com mobilização maciça pelo clima, se desfaz: os custos proibitivos de hospedagem reduziram e ainda reduzirão mais o número de representantes da sociedade civil global que comparecerão. Agora a corrida é para que líderes mundiais não boicotem a conferência e para que todos os países possam mandar delegações completas”, frisou o OC.
Para o Estadão, a crise da hospedagem na capital paraense pode fazer da COP30 um “vexame” para o Brasil.