24 Julho 2025
Movimento destaca que recebeu do presidente 'compromisso de atender parte da pauta de reivindicações'.
A reportagem é publicada por Brasil de Fato, 23-07-2025.
Na semana em que diversos estados se mobilizam na Jornada Nacional de Lutas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) – realizada em torno do Dia do Trabalhador e da Trabalhadora Rural, celebrado em 25 de julho – representantes do movimento se reuniram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta quarta-feira (23), em Brasília (DF).
Segundo o MST, a pauta levada ao presidente incluiu a criação e estruturação de novos assentamentos; acesso ao crédito e a políticas públicas voltadas à produção de alimentos saudáveis; além de moradia, educação e infraestrutura para as famílias do campo.
“Além das negociações nos estados, estamos fazendo uma rodada de diálogos com vários ministros e, hoje, com o presidente Lula. Para além da reforma agrária, discutimos também temas da conjuntura brasileira, em especial o enfrentamento que o Brasil deverá fazer com os EUA no próximo período”, afirmou o dirigente nacional do movimento, João Paulo Rodrigues. O assentado destacou ainda que o grupo recebeu do presidente “o compromisso de atender parte da pauta de reivindicações”.
Além de Lula, a ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), também participou do encontro.
Semana Camponesa
Com a ocupação da Superintendência do Incra na capital paulista, na manhã desta quarta, já passam de 20 as ações do MST nas superintendências estaduais do órgão desde o último domingo (20). Até esta quarta-feira (22), ocupações, protestos ou reuniões de negociações foram feitas em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraíba, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia, Sergipe, Alagoas, Goiás, Mato Grosso, Distrito Federal, Maranhão, Pará e Roraima.
As demandas do movimento foram sintetizadas em uma “carta à sociedade brasileira”, divulgada na segunda-feira (21). No documento, os sem-terra criticam a lentidão do governo federal na execução de políticas públicas pela reforma agrária. Citam, especificamente, responsabilidades do Incra e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), comandado pelo ministro Paulo Teixeira.
Além disso, os sem-terra pedem a liberação de créditos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), a ampliação dos limites de compra por cooperativas e famílias assentadas; a facilitação dos trâmites para acessar o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar); assistência técnica permanente e a inclusão de políticas habitacionais nos assentamentos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
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