24 Julho 2025
Apenas 5% das famílias de Gaza têm acesso regular diário à água. A OMS alerta para a fome, e o Ministério da Saúde de Gaza relata dez casos de mortes por desnutrição em apenas 24 horas.
A reportagem é de Pablo Elorduy, publicada por El Salto, 24-07-2025.
Um relatório da Oxfam Intermón baseado em dados do grupo sobre tendências em doenças relacionadas à água, saneamento e higiene (WASH) de março a junho de 2025, publicado em 23 de julho, observa que a prevalência de doenças relacionadas à água em Gaza, que a organização diz serem "preveníveis e facilmente tratáveis", aumentou nos últimos três meses, coincidindo com as táticas de cerco e fome de Israel.
De acordo com esses dados, o número de pacientes que se apresentam em centros de saúde e hospitais de campanha com diarreia aquosa aguda aumentou em 150%, o número de casos de diarreia com sangue em 302% e o número de casos de icterícia aguda em 101%. No entanto, como aponta a Oxfam, esses números provavelmente são maiores porque grande parte da população de Gaza não tem acesso a esses centros de assistência.
Já se passaram 21 meses sem comida, água, abrigo e assistência médica adequadas, e mais de três meses sem acesso por parte de agências humanitárias internacionais. Milhares de paletes de alimentos estão chegando a poucos quilômetros de Gaza, mas Israel se recusa a permitir o acesso ao território sitiado. A OMS estima que 95% das famílias em Gaza enfrentam atualmente grave escassez de água.
Em um comunicado urgente divulgado ontem, 23 de julho, o Ministério da Saúde de Gaza informou que dez pessoas morreram de fome nas últimas 24 horas; o número de vítimas da fome à qual a população de Gaza foi submetida agora chega a 111. O relatório diário do Ministério da Saúde eleva o número de mortos para 59.219 desde 7 de outubro de 2023.
Ontem, 109 organizações apelaram aos governos mundiais para que tomassem medidas imediatas para conter a fome e permitir a entrada de alimentos e suprimentos por todas as fronteiras terrestres de Gaza. Na semana passada, os países da União Europeia, por meio de seus representantes em relações exteriores, recusaram-se a tomar qualquer medida de pressão ou sanção contra Israel.
Em uma coletiva de imprensa na quarta-feira, o Secretário-Geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, explicou que, desde 17 de julho, os centros de tratamento para desnutrição aguda grave estão lotados e carecem de suprimentos suficientes para alimentação de emergência. Mais de 20% das mulheres grávidas e lactantes estão desnutridas, segundo a OMS, e somente neste mês, mais de 5.500 crianças foram declaradas desnutridas.
Adhanom também se referiu aos assassinatos de pessoas que coletavam alimentos fornecidos pela ONG pró-Israel Fundação Humanitária de Gaza. A organização também denunciou o ataque contra funcionários da OMS na cidade de Deir Al-Balah no domingo, 21 de julho. "Funcionários e suas famílias, incluindo crianças, foram expostos a grave perigo e sofreram traumas depois que ataques aéreos causaram um incêndio e danos significativos", explicou o porta-voz da organização, Tarik Jašarević.
Ao mesmo tempo, outro relatório da ONG World Vision publicou um relatório sobre a situação na Cisjordânia, onde, segundo seus dados, 74% das famílias vivem atualmente abaixo do padrão de vida mínimo, em comparação com apenas 21% há um ano. Sete em cada dez crianças pulam refeições no território palestino oriental devido à falta de alimentos.