15 Mai 2025
Um novo relatório alerta para o agravamento das crises à medida que a ajuda diminui e os mais vulneráveis do mundo são deixados para trás.
A informação é publicada por La Croix International, 14-05-2025.
Conflitos armados e desastres naturais elevaram o número de pessoas deslocadas internamente (IDPs) para um recorde de 83,4 milhões em todo o mundo em 2024, de acordo com um relatório divulgado em 13 de maio pelo Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno (IDMC) e pelo Conselho Norueguês para Refugiados (NRC).
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Esse número representa um aumento de 50% nos últimos seis anos, impulsionado pelas guerras em andamento no Sudão, Gaza e Ucrânia, bem como pelo aumento de desastres relacionados ao clima.
Só o Sudão foi responsável por 11,6 milhões de deslocados — o maior número já registrado em um único país. Até o final de 2024, quase toda a população da Faixa de Gaza também havia sido deslocada, segundo o relatório.
O total global, aproximadamente equivalente à população da Alemanha, saltou de 75,9 milhões no final de 2023.
“O deslocamento interno é onde o conflito, a pobreza e o clima colidem, atingindo mais duramente os mais vulneráveis”, disse a diretora do IDMC, Alexandra Bilak, em um comunicado.
A violência e o conflito continuam sendo os principais causadores, responsáveis por quase 90% de todo o deslocamento, ou 73,5 milhões de pessoas, um aumento de 80% desde 2018. No final de 2024, 10 países tinham mais de 3 milhões de pessoas deslocadas pela violência.
Os Estados Unidos, atingidos por grandes furacões, incluindo Helene e Milton, registraram 11 milhões de deslocamentos relacionados a desastres — quase um quarto do total global. Eventos climáticos, frequentemente intensificados pelas mudanças climáticas, foram responsáveis por 99,5% dos deslocamentos relacionados a desastres no ano passado.
“Essas crises estão cada vez mais interligadas, tornando-as mais complexas e prolongando a situação dos deslocados”, afirma o relatório.
Os cortes de financiamento continuam afetando as pessoas deslocadas, que muitas vezes recebem menos atenção e apoio do que os refugiados.
“Os números deste ano devem servir de alerta para a solidariedade global”, disse o Secretário-Geral do NRC, Jan Egeland. “Cada vez que o financiamento humanitário é cortado, mais uma pessoa deslocada perde acesso a alimentos, medicamentos, segurança e esperança.”