10 Mai 2025
Apesar da taxa do Deter no acumulado do ano mostrar estabilidade, com queda de 5% em relação ao mesmo período do ano anterior, alta do desmatamento na Amazônia em abril liga alerta
A reportagem é de Júlia Mendes, publicada por ((o))eco, 08-05-2025.
O governo mobilizou Ministérios e operações para evitar que a tendência de queda do desmatamento se reverta após um aumento de 55% ser registrado em abril na Amazônia. O objetivo é tornar a alta, também registrada no mesmo mês no Cerrado, algo pontual.
Os dados do sistema de detecção Deter, do Inpe, informam que 270 km² provavelmente foram desmatados em abril de 2025 no maior bioma do país, contra 174 km² perdidos em 2024. O mesmo cenário ocorre no Cerrado, onde um aumento de 26% em abril – sempre em relação ao mesmo mês no ano anterior – provoca preocupações.
Os dados do desmatamento foram apresentados nesta quinta-feira (08) em coletiva de imprensa, após reunião da Comissão Interministerial Permanente de Prevenção e Controle do Desmatamento (CIPPCD) – que reúne 19 ministérios e órgãos convidados sob a presidência da Casa Civil. O grupo discutiu medidas para intensificar a fiscalização e a responsabilização para coibir o desmatamento ilegal, como multas e embargos.
Na terça-feira (6), o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) embargou 544 propriedades rurais em Altamira, extremo norte do estado do Pará, que registram áreas desmatadas irregularmente. Segundo a pasta, o embargo foi feito com “o objetivo de prevenir a ocorrência de novas infrações, resguardar a recuperação ambiental e garantir o resultado prático do processo administrativo”.
“Fizemos questão de vir aqui exatamente para fazer o devido ajuste e colocar para a sociedade brasileira o quanto o governo está comprometido, a partir da articulação de 19 ministérios, com as medidas necessárias, que estão já sendo debatidas na Casa Civil, para que sigamos levando o desmatamento para baixo e cheguemos ao desmatamento zero em 2030”, destacou a ministra Marina Silva, em coletiva de imprensa realizada no Palácio do Planalto.
O governo também anunciou que reavaliará as estratégias do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia (PPCDAm), além de anunciar que, pela primeira vez, todos os biomas contam com um Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento.
Mesmo com aumento em abril na Amazônia e Cerrado, no acumulado do ano, de agosto para cá, houve redução de 5% nos alertas de desmatamento na Amazônia e 25% no Cerrado. O calendário do desmatamento, que foi estabelecido de acordo com o período seco na Amazônia e começa em 1º de agosto de um ano e vai até 31 de julho do ano seguinte, está sendo acompanhado com lupa pelo governo principalmente por causa da COP do Clima, que o Brasil sediará em Belém, no Pará, no final do ano. O desmatamento responde por 46% das emissões brasileiras.
Aumento pontual às vésperas do início da temporada de fogo, em maio, preocupa o governo, que anunciou a retomada das reuniões da Sala de Situação sobre Incêndios do governo federal, integrada por 10 ministérios e outros seis órgãos federais. Por enquanto, o Pampa e a Caatinga são os dois biomas que apresentam aumento de focos de calor no país, com aumento de 335% e 38%, respectivamente, registrados entre 01 de janeiro de 2025 a 08 de maio de 2025, comparado com o mesmo período do ano anterior.