14 Março 2025
Parem com essa história de transformar declarações imbecis em crimes políticos por parte de um presidente atuante na defesa das mulheres.
O artigo é de Luís Nassif, jornalista, publicado por Jornal GGN, 13-03-2025.
Lula foi criticado – com justiça – pela frase machista, de que indicou uma mulher bonita para fazer a articulação política, em homenagem aos presidentes-homens da Câmara e do Senado.
Houve críticas severas e, algumas, com certo exagero. Como a comentarista que sustentou que o mundo estaria caindo se, na cadeira de presidente, estivesse Jair Bolsonaro.
Bolsonaro é o sujeito que, como deputado, disse que não estupraria uma deputada, por não ser bonita; e, como presidente, disse que “pintou um clima”, em visita a um local que abrigava moças menores de idade. Menos.
Portanto, critique-se Lula pela frase boba – que estraga o grande gesto feminista de indicar uma Ministra mulher para o Superior Tribunal Federal -, mas sem exageros.
E, àqueles que sustentam que, em qualquer país civilizado, a frase de Lula geraria uma crise política, sugiro analisar as ligações de Donald Trump com Jeffrey Epstein, um financista americano que se tornou notório por suas conexões com figuras poderosas e por suas condenações por crimes sexuais. Especializou-se em oferecer menores de idade para libações sexuais de figuras notórias, como Bill Gates.
Epstein foi preso e morreu na prisão. Alegou-se suicídio, mas pessoas que estiveram presas com ele, na mesma prisão, garantem que foi queima de arquivos.
As ligações de Trump com Epstein eram largamente conhecidas – e talvez expliquem porque as anotações do prisioneiro nunca foram divulgadas.
A acusação mais grave contra Epstein envolvia a exploração sexual de dezenas de meninas e mulheres jovens, muitas delas menores de idade. Recrutar meninas, algumas com apenas 14 anos, para massagens sexuais e atividades sexuais em suas propriedades, incluindo sua mansão em Nova York, sua ilha privada no Caribe (conhecida como Ilha Little St. James) e sua casa em Palm Beach, Flórida.
Também foi acusado de operar uma rede de tráfico sexual, na qual pagava as vítimas para recrutar outras meninas, criando um ciclo de abuso.
Em 2008, Epstein fez um acordo judicial polêmico com as autoridades federais dos EUA. Ele se declarou culpado de acusações estaduais de prostituição e solicitação de prostituição de uma menor.
O acordo permitiu que ele escapasse de acusações federais mais graves e cumprisse apenas 13 meses em uma prisão estadual, com liberdade durante o dia para trabalhar em seu escritório.
Sua rede de clientes exibia nomes como Bill Clinton, Donald Trump, Principe Andrew (do Reino Unido).
Sua segunda prisão foi em julho de 2019 sob novas acusações federais de tráfico sexual. Ele foi encontrado morto em sua cela em 10 de agosto de 2019, em uma morte oficialmente classificada como suicídio por enforcamento.
Após sua morte, as investigações continuaram, com foco em seus associados e cúmplices. Sua ex-companheira, Ghislaine Maxwell, foi presa em 2020 e condenada em 2021 por tráfico sexual e outras acusações relacionadas ao esquema de Epstein.
Portanto, vamos parar com essa história de transformar declarações imbecis em crimes políticos, por parte de um presidente cujo governo, com todas as vulnerabilidades, está empenhado em reconstruir políticas de defesa das mulheres, dos vulneráveis, do meio ambiente.
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