Relacionamentos e inclusão: sacode a Igreja Anglicana

Foto: Teddy O | Unsplash

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05 Novembro 2024

Declarações do Arcebispo de Canterbury, Justin Welby, sobre sexualidade, relações sexuais fora do casamento e identidade de gênero causam furor na Igreja Anglicana.

A reportagem é de Luca Vona, publicada em Settimana News, 02-11-2024. 

O Arcebispo de Canterbury, Justin Welby, líder espiritual da Igreja da Inglaterra e da Comunhão Anglicana, expressou recentemente uma posição mais inclusiva sobre as relações sexuais estáveis entre pessoas que não estão casadas e das uniões homossexuais. Em entrevista para o podcast 'The Rest is Politics', o religioso afirmou que "toda atividade sexual deve ocorrer dentro de um relacionamento estável, seja heterossexual ou homossexual". Esta declaração representa a visão mais clara de Welby até agora e parece ser um afastamento da doutrina anglicana tradicional.

As declarações surgem num momento delicado, à medida que novas discussões se aproximam entre os bispos anglicanos sobre questões relacionadas à sexualidade, à identidade de gênero e à inclusão de pessoas LGBTQI+ na Igreja da Inglaterra, parte do projeto Living in Love and Faith. Este projeto, já em janeiro de 2023, oficializou a bênção dos casais homossexuais através de orações específicas, embora sem reconhecer tais uniões como casamentos. Esta decisão, no entanto, suscitou críticas tanto dos setores evangélicos como progressistas da igreja, destacando as profundas divisões dentro da Igreja Anglicana sobre estas questões.

Após estas declarações recentes, alguns líderes evangélicos anglicanos e membros do Conselho Evangélico da Igreja da Inglaterra pediram a renúncia de Welby, acusando-o de contradizer a doutrina oficial da Igreja da Inglaterra e do anglicanismo. Segundo estes grupos, a posição do arcebispo representa um “desvio devastador” da doutrina tradicional da Igreja Anglicana, também contrária às posições das principais confissões cristãs do mundo.

As posições mais progressistas do Arcebispo Welby correm o risco de ter repercussões em toda a Comunhão Anglicana, especialmente entre as igrejas anglicanas da África, Ásia e América do Sul. Estas igrejas, já críticas da abordagem liberal de certo anglicanismo ocidental, argumentam que uma separação estrutural seria necessária para marcar as diferenças fundamentais na leitura das escrituras entre as suas comunidades conservadoras e as posições mais progressistas da Igreja da Inglaterra.

Estas divisões destacam uma tensão crescente dentro do anglicanismo global. Por um lado, alguns líderes defendem que é necessária uma evolução teológica e pastoral para responder aos desafios da sociedade contemporânea e encorajar uma maior inclusão. Por outro lado, as comunidades anglicanas mais conservadoras temem que tais mudanças possam minar a autoridade das Escrituras e da tradição eclesial.

A divisão reflete não apenas diferentes interpretações doutrinárias, mas também profundas diferenças culturais e sociais, o que poderá levar a um futuro ainda mais fragmentado para a Comunhão Anglicana.

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