18 Setembro 2024
Em decisão similar à tomada pela Namíbia, país autoriza abate de animais selvagens, pois quase metade de sua população enfrenta o risco de fome aguda.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 18-09-2024.
O Zimbábue enfrenta a pior seca dos últimos 40 anos. Com quase metade da população do país do sul da África sob risco de fome aguda, o governo decidiu autorizar a caça de 200 elefantes para alimentar as comunidades que mais vêm sofrendo com a estiagem extrema.
A decisão segue o exemplo da Namíbia, que também abateu elefantes e outros animais selvagens para aliviar a insegurança alimentar causada pela seca prolongada, lembra O Globo. Com cerca de 100 mil elefantes, o Zimbábue abriga a segunda maior população desses animais no planeta, atrás apenas da vizinha Botsuana.
Segundo Tinashe Farawo, porta-voz da Autoridade de Parques e Vida Selvagem do país (Zimparks), o abate também faz parte dos esforços para descongestionar os parques do Zimbábue, que podem sustentar apenas 55.000 elefantes. E com uma seca tão severa, os conflitos entre humanos e animais selvagens podem se intensificar à medida que os recursos se tornam mais escassos. No ano passado, o Zimbábue perdeu 50 pessoas em ataques de elefantes, lembra a Reuters.
“Estamos discutindo com a Zimparks e algumas comunidades para fazer como a Namíbia fez para que possamos contar os elefantes, mobilizar as mulheres para talvez secar a carne e embalá-la para garantir que chegue a algumas comunidades que precisam da proteína”, explicou a ministra do Meio Ambiente do país, Sithembiso Nyoni. Semana passada, ela disse a parlamentares que “o Zimbábue tem mais elefantes do que precisamos e mais elefantes do que nossas florestas podem acomodar”, destaca a CNN.
A decisão gerou críticas tanto de conservacionistas quanto de pessoas preocupadas com o impacto do abate no turismo, informa o Ecowatch. Para Farai Maguwu, diretor do Centro para a Governança de Recursos Naturais, o país corre risco de afastar turistas por motivos éticos. “Os elefantes são mais lucrativos vivos do que mortos. Mostramos que somos péssimos guardiões dos recursos naturais e nosso apetite por riqueza ilícita não conhece limites, então isso deve ser interrompido, porque é antiético.”
Apesar de elogiado por seus esforços de conservação e pelo crescimento de sua população de elefantes, o país tem pressionado a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Extinção (CITES) da ONU para reabrir o comércio de marfim e elefantes vivos. O Zimbábue possui estoques de marfim avaliados em cerca de US$ 600 milhões, que não pode vender.
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