07 Agosto 2024
"Não sabemos detalhes sobre o andamento do caso e, portanto, não podemos expressar nenhum juízo; mas de uma coisa temos certeza: se a resposta patriarcal não for absolutamente clara ao proclamar a inocência do bispo, será destruída sua esperança de se tornar o herdeiro de Kirill (nascido em 1946). Até agora, de fato, Hilarion era provavelmente o mais cotado para liderar a Igreja russa depois dele", escreve Luigi Sandri, jornalista italiano, em artigo publicado por L'Adige, 29-07-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
O caso do bispo ortodoxo russo Hilarion, que corre o risco de perder sua eleição como patriarca por ser acusado (mas será verdade?) de homossexualidade, abre o discurso sobre eventos semelhantes que poderiam atingir o futuro conclave que um dia elegerá o sucessor de Francisco. O prelado ortodoxo (nascido em 1966), por muitos anos metropolita de Volokolamsk e "ministro das Relações Exteriores" da Igreja russa, foi subitamente destituído de seu cargo em 2022, talvez por ter sido bastante crítico em relação à Operação Militar Especial com a qual a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de dois anos atrás, e, portanto, enviado a Budapeste para liderar a pequena comunidade ortodoxa húngara. Agora, no final de junho, também foi suspenso desse cargo, enquanto se aguarda uma comissão do Patriarcado de Moscou, liderado por Kirill, para investigar as acusações contra ele. De fato, um de seus jovens colaboradores afirma ter sido vítima de suas indesejadas "atenções" de viés sexual. Hilarion proclama sua inocência, ameaça processá-lo e, enquanto isso, o patriarcado investiga.
Não sabemos detalhes sobre o andamento do caso e, portanto, não podemos expressar nenhum juízo; mas de uma coisa temos certeza: se a resposta patriarcal não for absolutamente clara ao proclamar a inocência do bispo, será destruída sua esperança de se tornar o herdeiro de Kirill (nascido em 1946). Até agora, de fato, Hilarion era provavelmente o mais cotado para liderar a Igreja russa depois dele.
Bem diferente, mas, em alguns aspectos, não tanto assim, é a sucessão, em data ainda desconhecida, de Francisco. Porque, se nos dias do pré-conclave (uma dúzia), documentos considerados confiáveis acusassem o cardeal 'Y', grande papável, de ter tido um comportamento muito inadequado com uma pessoa, ou de ter acobertado padres pedófilos, ou de ter três vilas grandiosas, a ascensão desse cardeal ao trono papal seria inviabilizada.
De fato, não haveria mais tempo para examinar, em profundidade, as acusações e, por outro lado, ninguém quer correr o risco de eleger como papa um sujeito que, se as acusações fossem comprovadas, teria que renunciar imediatamente, causando um cataclismo na Igreja.
A arte da calúnia, ou da alusão que destrói uma pessoa, é bem conhecida na Cúria romana, conforme documentado pela história dos conclaves, com papas torpedeados por terem sido injustamente acusados de estarem envolvidos em assuntos obscuros. O que fazer, então? Não existe uma receita segura, tanto em Roma quanto em Moscou. A esperança, nos dois casos, é que, quando chegar a hora da "troca", tudo seja resolvido com serenidade: na Rússia, onde a TV transmite ao vivo a votação em um "conclave" de mais de setecentos membros, entre os quais cerca de setenta mulheres; e na Itália, onde a TV transmitirá ao vivo apenas o cardeal protodiácono anunciando ao mundo, da loggia da Basílica do Vaticano, o tão esperado Habemus papam.
Em ambos os lugares, os papáveis que ficaram decepcionados terão que se resignar ou descrever depois, em suas memórias, como foram frustradas suas esperanças de ascender ao sumo trono. Esperando, quem sabe, por outra boa oportunidade.