22 Novembro 2023
"Nesse contexto, os dados a serem conhecidos no Balanço Global vão além de subsídios para os novos planos climáticos nacionais apresentado pelos países signatários do Acordo de Paris, conhecidos como Contribuições Nacionalmente Determinadas – NDCs, na sigla em inglês. O levantamento terá o papel de permitir uma correção de rumo, com orientações para decisões sobre investimentos e políticas climáticas, tanto por parte de países quanto por agentes privados. E é aí que está o grande desafio", escreve Gilberto Lima, produtor de conteúdo, dono da Agência Celacanto, especializado em clima e finanças sustentáveis e parceiro da Alter Conteúdo, em artigo publicado na newsletter da Alter Comunicação, 21-11-2023.
O Balanço Global (Global Stocktake) deverá ser um dos principais pontos de atenção no que diz respeito aos rumos do financiamento climático após a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28), que começa no próximo dia 30 em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Em linhas gerais, o documento tem como objetivo mensurar o quanto os países signatários do Acordo de Paris avançaram na meta manter o aquecimento global em níveis próximos a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais.
A expectativa é de que seja divulgada durante a COP28 a primeira versão do balanço, mas números já divulgados apresentam um cenário bastante desafiador. O mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) revela que alguns impactos futuros das mudanças climáticas são inevitáveis e/ou irreversíveis, mas podem ser limitados por reduções profundas, rápidas e sustentadas nas emissões de gases de efeito estufa.
No último dia 17, a variação da temperatura global ficou 2,07ºC acima da média pré-industrial, conforme informações do observatório europeu Copernicus. O evento não significa que a meta do Acordo de Paris tenha se tornado impossível. Para que isso seja comprovado, é preciso que índices como esse sejam registrados de modo frequente. A janela, contudo, está cada vez menor.
Nesse contexto, os dados a serem conhecidos no Balanço Global vão além de subsídios para os novos planos climáticos nacionais apresentado pelos países signatários do Acordo de Paris, conhecidos como Contribuições Nacionalmente Determinadas – NDCs, na sigla em inglês. O levantamento terá o papel de permitir uma correção de rumo, com orientações para decisões sobre investimentos e políticas climáticas, tanto por parte de países quanto por agentes privados. E é aí que está o grande desafio.
Os agentes financiadores privados exercem um papel fundamental na transição para uma economia de baixo carbono, por meio de suas decisões de empréstimo. A começar pela inquestionável influência em algumas empresas e suas respectivas cadeias de suprimentos com maior potencial de emissões de carbono. Dessa forma, podem utilizar essa alavancagem para impulsionar o tão necessário progresso na agenda climática.
A eliminação progressiva dos combustíveis fósseis deverá estar, portanto, no topo da pauta da COP28 sobre o financiamento climático e as regras de comércio entre países. Para comprovar tal impacto, é fundamental a padronização de critérios para o cálculo da pegada de carbono.
Há poucos dias, o Conselho Internacional de Normas de Sustentabilidade (ISSB, na sigla em inglês) enviou um email para empresas, gestores de ativos e grupos industriais. Na mensagem, solicitou que as organizações assinassem uma declaração comprometendo-se a avançar na adoção de sua norma climática.
O ISSB foi lançado em 2021 pela Fundação IFRS com o objetivo de criar um padrão global para padrões de sustentabilidade corporativa. Em junho, publicou as suas normas finais. A iniciativa do ISSB revela um esforço em busca do reconhecimento às vésperas do encontro, uma vez que, até o momento, apenas o Brasil anunciou o endosso aos padrões. Austrália e Reino Unido são alguns dos países que ainda estão em fase de avaliação do mesmo caminho.
É claro que obter os dados e garantir a conformidade regulamentar em matéria de clima é apenas o primeiro passo. Uma vez que as empresas saibam onde estão e quais são os pontos críticos e os riscos de suas operações, podem utilizar esse conhecimento para impulsionar a mudança e realmente reduzir as emissões.
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Prova de fogo para o financiamento climático na COP28 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU