12 Fevereiro 2023
Deixada a RDC com seus problemas, suas feridas, mas também tanta esperança, Francisco desembarca em Juba, no Sudão do Sul, outro país em busca de justiça e, acima de tudo, de paz. País com problemas semelhantes aos da RDC, mas com elementos diferentes e situações críticas de longa data, como as guerras sem fim, uma independência jovem em demasia para não ser alvo de uma guerra civil, deslocados externos e internos, pobres deixados à fome.
A reportagem é de Giovani Pross, publicada por Settimana News, 09-02-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
O papa, o moderador da Igreja da Escócia e o arcebispo de Canterbury (peregrinação ecumênica de paz) pediram aos políticos que retomem o diálogo para um plano de paz. As promessas de um empenho nesse sentido pareceram frustradas. De fato, parece que o caminho tenha se interrompido.
Em abril de 2019, em Roma, o Papa Francisco havia feito um gesto inesperado, beijando os pés de líderes políticos para implorar pela paz. Um processo havia começado com a assinatura de um documento, mas tudo travou. Agora as Igrejas cristãs dizem: “Chega! Agora é a sua vez!”.
Hoje, até os dois grandes grupos étnicos estão ainda mais fragmentados. Essa mensagem de unidade ecumênica junta-se ao trabalho de remendo das divisões levado a cabo pelas várias congregações religiosas reunidas num grupo de trabalho denominado "Solidariedade para o Sudão”.
Todo o trabalho das Igrejas visa envolver e formar o povo e as autoridades do país num processo de desenvolvimento e pacificação. “Solidariedade para o Sudão”, de fato, visa não só a formação de catequistas, mas também a formação para a educação, para a saúde e para o sustento da agricultura.
O ecumenismo pareceu ser um elemento transversal. A unidade de propósito e ação das três igrejas é um símbolo, mas também uma prova da possibilidade de unidade e paz para todo o Sudão.
O pontífice também explicou o significado da palavra República, que é o interesse do bem comum, como resposta à corrupção dos responsáveis por este bem.
Ao contrário do povo da RDC, que se mostrou muito alegre, o povo sudanês, segundo alguns observadores, pareceu cansado, quase triste. Isso se explica pela duração da guerra no Sudão e por um evidente imobilismo das autoridades políticas que desencorajaram também as instituições internacionais empenhadas no processo de paz.
As igrejas não querem perder a esperança e propõem seu ecumenismo como chave para resolver o problema. Os três representantes das igrejas cristãs reiteraram isso na coletiva de imprensa realizada durante a viagem de volta. Aqui deve ser ressaltada a escolha muito inteligente do Papa Francisco que quis envolver os dois representantes na coletiva.
Nela, a exploração da África através daquele colonialismo que o pontífice havia definido como "econômico" é mais uma vez frisada e condenada. Deve ser abandonado por respeito à dignidade dos africanos. E, pela mesma dignidade, deve-se parar de vender armas.
Mas isso não basta. O arcebispo de Canterbury acrescenta que uma mudança de coração é necessária se uma transmissão pacífica de poder quer ser realizada.
O repetido apelo às autoridades civis para iniciar o processo de paz quase parece um movimento de pinça para apertá-los. As igrejas não podem continuar substituindo o governo em setores importantes como educação e saúde. As autoridades civis devem assumir a sua responsabilidade. As Igrejas estarão pressentes, mas como colaboradoras.
O Papa Francisco afirmou que abandonar o processo iniciado há três anos levaria à autodestruição do país.
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Francisco de Kinshasa a Juba - Instituto Humanitas Unisinos - IHU