Hong Kong - China. “É preciso definir os limites para a lei de segurança nacional”, afirma bispo

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17 Novembro 2022

Em entrevista à revista do colégio dos jesuítas, o bispo de Hong Kong fala sobre as feridas deixadas pelos protestos de 2019 e pela sua repressão. “A Igreja não ficou deitada, descansando. Aumentamos o apoio aos jovens na prisão. Mas hoje é preciso que cada um escute o outro.” A diocese continua trabalhando no projeto de uma universidade católica.

A reportagem é de Asia News, 16-11-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Em Hong Kong hoje há “confusão sobre o que pode e o que não pode ser dito”, e essa ambiguidade ligada ao modo como as autoridades ligadas a Pequim utilizam a lei de segurança nacional é um obstáculo para quem trabalha para curar feridas dentro da sociedade.

É o que defende o bispo de Hong Kong, Dom Stephen Chow Sau-yan, jesuíta, em uma entrevista concedida a uma publicação dos ex-alunos do colégio jesuíta Wah Yan, de Kowloon, do qual ele foi diretor antes de ser chamado há um ano pelo Papa Francisco para liderar a diocese.

O diálogo – que aborda muitos assuntos, incluindo os efeitos da contestada norma imposta por Pequim em junho de 2020 contra “a secessão, o terrorismo e o conluio com forças estrangeiras” – também foi retomado pelo South China Morning Post, o principal jornal de Hong Kong.

“A dificuldade diante da lei de segurança nacional – afirma Dom Chow na entrevista – está em não saber onde está a linha vermelha. Os educadores, os assistentes sociais e até os profissionais do setor jurídico encontram-se diante de barreiras. Os especialistas e as forças da ordem podem ter uma compreensão diferente dessa lei. Em vez disso, todos deveriam poder ter clareza sobre onde estão os limites, a fim de saber como se expressar.”

Falando sobre como a repressão após os protestos antigovernamentais de 2019 dividiu a própria comunidade católica de Hong Kong, o bispo convidou a todos que desempenhem um papel na reconciliação de uma sociedade profundamente ferida. Dom Chow exortou os habitantes de Hong Kong a não se renderem, sem por isso serem críticos demais: “Sentemo-nos e vejamos quando as nuvens vão se dissipar. Este é um tempo para discernir em vez de agir.”

Ele disse que a Igreja Católica não ficou “deitada, descansando”, depois das tensões sociais e a introdução da lei de segurança nacional. Suas instituições e seus membros aumentaram o apoio aos jovens na prisão, oferecendo instrução e reabilitação. Convidando à paciência para curar as feridas do confronto político e da profunda desconfiança na sociedade, o prelado exortou todos a mudarem de atitude para com os outros: “A maior crise de Hong Kong é que cada grupo pensa apenas nos próprios interesses”, comentou, acrescentando que isso poderia levar alguns a ignorarem a frustração dos jovens. Em vez disso – acrescentou – é preciso que “cada um de nós escute e se comunique com o outro”.

Questionado sobre as relações com Pequim e sobre a renovação do acordo com a Santa Sé sobre a nomeação dos bispos, Dom Chow disse esperar poder visitar os bispos da China continental e poder estabelecer laços, recordando a tarefa confiada a Hong Kong por João Paulo II de conectar a comunidade católica chinesa com a Igreja universal.

“Esperamos ter mais oportunidades para conversar e escutar uns aos outros. Preocuparmo-nos demais com a lavagem cerebral significaria considerar que não temos cérebro”, comentou.

Na entrevista, Dom Chow também retoma o projeto da primeira universidade católica de Hong Kong que, antes de se tornar bispo, como superior dos jesuítas, ele tinha tentado fazer nascer em Fanling, em uma região perto da fronteira com o continente, recebendo, porém, uma recusa das autoridades legais oficialmente por razões urbanísticas.

O bispo explica que a diocese não abandonou a ideia e pretende transformar o Caritas Institute of Higher Education – uma faculdade em Tseung Kwan O – em uma universidade privada que levaria o nome de Saint Francis University.

Por fim, a quem lhe recordava que o atual chefe do executivo de Hong Kong, John Lee Ka-chiu, é um dos ex-alunos de Wah Yan, o bispo revelou que tinham combinado de se encontrar, mas o compromisso foi adiado, porque em setembro, enquanto ele estava em Roma, Dom Chow contraiu Covid-19.

“Espero que John Lee tenha adquirido o espírito e a amplitude de visão de Wah Yan”, acrescentou o bispo. “Entendo que ele está sujeito a muitas pressões políticas, mas é bom que esteja disposto a se se comunicar.”

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