Conferência Episcopal Italiana – CEI: o nome e a tarefa. Artigo de Marcello Neri

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26 Mai 2022

 

"De vários quadrantes, com diferentes tons e perfis, surge dentro da Igreja italiana o pedido de criação de uma comissão de investigação independente. Os bispos discutirão a questão no tempo restante antes do encerramento da Assembleia Geral em 27 de maio. Sobre isso, a nomeação de Zuppi garante à Igreja italiana uma maior cobertura em âmbito midiático e de comunicação pública, bem como uma facilidade mais ampla de diálogo institucional", escreve o teólogo e padre italiano Marcello Neri, professor da Universidade de Flensburg, na Alemanha, em artigo publicado por Settimana News, 25-05-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

Eis o artigo.

 

Ontem pela manhã, o Papa Francisco confirmou rapidamente o resultado da votação da assembleia dos bispos italianos nomeando o card. Zuppi (primeiro da lista tríplice - os outros dois nomes Card. Lojudice e Mons. Raspanti) como o novo presidente da CEI.

 

Após o desejo de Francisco, que em entrevista ao Il Corriere della Sera havia expressado sua preferência por um cardeal, a obediência dos bispos italianos foi imediata e quase comovente: de três nomes, dois cardeais (colocando na lista também um bispo, porque nunca se sabe ...). Tudo isso facilitou a expressão do voto, tirando dos ombros de nossos bispos o fardo de ter que decidir realmente. Mas também impossibilitou um efetivo processo de discernimento dentro da Igreja italiana.

 

Desde o dia da entrevista, o interesse da mídia se concentrou inteiramente no nome, esquecendo a premissa posta pelo Papa Francisco: para que mudanças reais e concretas possam ser implementadas na Igreja italiana - que, como bispo de Roma, ele sente também como sendo sua.

 

Tanto a indicação papal como o voto da assembleia se medirão, portanto, sobre a tarefa/mandato que o nome do eleito é chamado a realizar em tempos curtos.

 

Zuppi certamente oferece uma liderança mais visível que a de Bassetti, mas isso por si só não é suficiente para garantir a eficácia da ação esperada por Francisco.

 

Além disso, confirma-se o peso atribuído ao social como pilar da presença da Igreja italiana na vida do país: passando da revisitação do constitucionalismo político de La Pira à tática diplomática de Santo Egídio. E estamos caminhando para uma primeira mudança geracional, escolhendo um meio-termo que deveria unir a parte da CEI que ainda se sente saudosa da época de Ruini com aquela que começou a se formar no horizonte do pontificado de Bergoglio.

 

Se o processo sinodal da Igreja italiana começou, ainda que com atraso, cabe à nova presidência da CEI assumir integralmente o caminho para gerir um caminho de escavação e responsabilização corporativa dos abusos sexuais no âmbito eclesial italiano.

 

Da presidência Bassetti herda-se a hipótese de um duplo trilho: a Igreja italiana fornecerá os dados relativos aos casos examinados internamente às várias instâncias de juízo; o governo iniciará autonomamente uma investigação nacional sobre a violência contra menores que envolverá todo o espectro social e institucional do país (incluindo a Igreja). O arranjo se sustenta se ambos os lados de sua arquitetura forem iniciados de forma efetiva e simultânea – algo que com uma legislatura a que sobra apenas um ano, e chamada para enfrentar a longa onda da pandemia e a crise multilateral da guerra na Ucrânia, poderia ser difícil.

 

De vários quadrantes, com diferentes tons e perfis, surge dentro da Igreja italiana o pedido de criação de uma comissão de investigação independente. Os bispos discutirão a questão no tempo restante antes do encerramento da Assembleia Geral em 27 de maio. Sobre isso, a nomeação de Zuppi garante à Igreja italiana uma maior cobertura em âmbito midiático e de comunicação pública, bem como uma facilidade mais ampla de diálogo institucional.

 

Mas a Igreja italiana não pode se limitar a uma operação de fachada: hoje, com mais de trinta anos de história pregressa, a credibilidade institucional depende da originalidade das práticas de transparência e de responsabilidade corporativa que a nossa Igreja saberá colocar em campo.

 

Originalidade que também é exigida de quem realiza informação religiosa e jornalismo investigativo na Itália - como margens de um processo virtuoso e construtivo em favor de uma justiça que deve ser prestada às vítimas de abusos e violência na Igreja italiana.

 

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