Os "professores" que não gostam de estudar
"Quem estuda futebol é otário" Renato Gaúcho
O Brasil é o único país do mundo onde os técnicos de futebol são chamados de "professores". Isto sempre me incomodou. Não por algum tipo de reserva de mercado, mas porque são pessoas que são o oposto de um verdadeiro professor: não estudaram, não gostam de estudar e têm raiva de quem estuda...
Um exemplo disto é o Renato Gaúcho. Sempre resistiu a fazer um curso de técnico de futebol e chegou a dizer que "quem estuda futebol é otário. Futebol se aprende jogando"... Como se estudar e praticar fossem coisas antagônicas.
Ao contrário de Bernardinho (do vôlei), nossos "técnicos" de futebol não estudam os adversários, sua forma de jogar, seus pontos fortes e fracos, para poder definir uma estratégia de jogo para cada partida. Nossos jogadores não estudam a forma de jogar de seus colegas. Que goleiro ou zagueiro brasileiro, por exemplo, fica vendo vídeos dos atacantes que vai enfrentar no fim de semana? Só conheço um: o Thiago Silva.
Da mesma forma, nossos "comentaristas" são quase todos ex-jogarores e nunca estudaram nada de futebol.
O resultado está aí. O Renato deve estar até agora andando como uma barata tonta, tentando entender como seu time foi completamente envolvido e dominado pelo Fluminense e pelo Athletico paranaense. Como Felipão até agora não entendeu os 7x1 que levamos da Alemanha.
Nossos "professores" acham que para ser técnico basta "entender e saber lidar com os jogadores", Não estudam, não treinam nenhuma jogada: como bater um lateral, cobrar um escanteio, aproveitar os pontos fracos do adversário.
Quantos jogadores brasileiros ficam treinando bater falta (como o Zico fazia)? Quantos sabem ler o jogo, entender a forma de jogar do adversário para neutralizar suas jogadas? Basta ouvir as entrevistas com eles ao final dos jogos. O repertório de respostas é limitado: precisamos "acertar o 'ultimo passe" (alguém quer errar o último passe?), "vamos ver o que o professor vai dizer"...
E nossos comentaristas se limitam a dizer que "tem que jogar pelas pontas", "sair mais rápido da defesa para o ataque", ou o famigerado "acertar o último passe"...
O que os técnicos que estudam fazem é o que o futebol moderno exige: os 11 jogadores precisam jogar o tempo inteiro. Quando o time está com a bola todos têm que se posicionar para dar alternativas a quem está com a bola e quando o time perde a bola TODOS tem que se posicionar de forma a tirar a bola do adversário. Não tem mais essa de defensor só defende e atacante só ataca.
Mas só aprende quem quer. Quem se vangloria de nunca ter estudado (como um ex-presidente) ou acha que isto é coisa de otário (como Renato Gaúcho), nunca vai evoluir.
E vai sempre ficar dependendo de um valor individual que faça a diferença. Ou esperando que Deus (ou Jesus) resolva. E nem sempre Deus (ou Jesus) está do nosso lado...
PS: Começo aqui uma campanha: PAREM de chamar nossos técnicos de futebol de "professores"!
#tecnico_de_futebol_NAO_EH_professor
PS: Escrevi este texto em 2019. Reproduzi agora e ainda vou repeti-lo muitas vezes. Nosso futebol está longe de aprender com seus erros...
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Não temam.
Werner Herzog mostra aluguel de pessoas em 'Uma História de Família'
INÁCIO ARAUJO
Desde seus primeiros filmes, Werner Herzog se deixa fascinar por um mundo que lhe parece sempre estranho. Ele pode estar na Alemanha ou na América do Sul, nos Estados Unidos, na Rússia ou na África. Isso vale para a ficção ou para os documentários que faz e nos quais pode eventualmente correr.
Mesmo nos objetos mais cotidianos de nossa vida (como a informática) encontra e traz até o espectador o insólito. E insólito é a palavra que melhor pode definir sua recente incursão à cultura japonesa, "Uma História de Famíllia", que estreia nesta quinta-feira.
Logo no início assistimos ao encontro entre a jovem Mahiro, de 12 anos, e Ishii, o pai que, na prática, nunca conheceu. Durante a conversa ele explica à jovem que hoje tem outra família, mas que ela é sua primogênita, muito querida et cetera. A cena, como outras envolvendo a garota, é acompanhada por uma música tolamente melosa.
Na verdade, Ishii representa a Family Romance, empresa especializada em fornecer familiares substitutos para ocasiões determinadas. Por exemplo, um rapaz fará o papel de noivo num casamento em que o noivo não poderá comparecer.
Mas há outras circunstâncias. Um substituto pode receber uma humilhante advertência no lugar do funcionário que errou ao soltar um trem-bala alguns segundos antes do momento certo. Também pode juntar uma penca de supostos paparazzi para fotografar uma candidata a "celebridade" numa rua movimentada.
Mas o essencial de sua empreitada se volta mesmo para Mahiro e sua solitária mãe. Profissional exemplar, Ishii acompanha o desenvolvimento da menina, se torna mesmo seu confidente. Existe entre a filha e o suposto pai uma real aproximação, o que leva a mãe a admirar e reconhecer o trabalho do profissional.
Enquanto isso, Ishii se dedica a outros trabalhos, mais passageiros. Mas não é apenas trabalho o que o leva a uma empresa que produz robôs atendentes de hotel. Esta não é uma tecnologia já perfeitamente desenvolvida, embora os robôs sejam capazes de substituir muito bem os recepcionistas de hotel.
Em todo caso, se trata de tecnologia estranha e promissora o bastante para despertar a atenção de Ishii e de Herzog. De Ishii porque ele é, como os robôs, substituto de alguma coisa. E de Herzog porque esse mundo de duplos mecânicos o fascina e aterroriza. Não será por acaso que Ishii se debruça sobre o aquário de robôs-peixes por vários segundos. Ele sabe que é isso, algo que não é um peixe, mas se parece com isso, que não é um pai, mas se parece com isso.
Eis o ponto — um mundo de simulacros que representam algo que um dia foi verdadeiro. Um pai, uma recepcionista, mas deixou de ser. Tudo se tornou um ente robótico, como robóticos podem ser os peixes, enquanto destruímos os verdadeiros. Enfim, se existe uma série de profissionais que simulam desempenhar certos papéis — atendentes de marketing telefônico, por exemplo, são praticamente robotizados —, por que não imaginar um mundo futuro ocupado por esses inquietantes duplos produzidos pela informática?
Não é por acaso que Ishii perguntará ao representante da empresa de robôs se eles têm sonhos, como nós. E o homem responderá apenas que é impossível saber.
Uma resposta inquietante, como inquietante será o final, em que toda a vida de Ishii parece se dobrar sobre ele como uma onda. Pois aqui tudo se duplica, produz realidade, como o artista ao pintar um quadro ou gravar um filme.
"Uma História de Família" estaria ainda mais à altura das preocupações de Werner Herzog se ele tivesse uma produção um pouco maior. Aqui ele foi, além de diretor, roteirista, fotógrafo e operador de câmera, de onde resulta uma fotografia por vezes decepcionante — como no início da era digital — e movimentos de câmera na mão também imprecisos.
Se isso (assim como a música) produz por vezes a impressão de trivialidade num filme, no fim, nada trivial, o melhor é desfrutar das ideias do inquieto cineasta alemão e relevar os problemas –assim são as produções hoje, quando não se dedicam aos personagens da Marvel.
UMA HISTÓRIA DE FAMÍLIA
Quando: Estreia nesta quinta (28)
Onde: Nos cinemas
Classificação 12 anos
Elenco Yuichi Ishii e Mahiro Tamimoto
Produção EUA, 2019
Direção Werner Herzog
FSP 27.10.2021
Graciliano Ramos, um dos maiores escritores da língua portuguesa, completaria 129 anos hoje. O autor de Vidas Secas filiou-se ao Partido Comunista do Brasil em 1945, ao lado de Luís Carlos Prestes e Candido Portinari (foto). "Nas obras de Graciliano o socialismo emerge das contradições, como saída para os conflitos sociais e humanos retratados. Emerge de forma implícita, necessária, inscrita no desenvolvimento das situações e contradições descritas", registra a edição de 26/10/1992 do jornal A Classe Operária.
Paulo Gala comenta o novo ciclo de alta da taxa de juros.
BC lançou a bomba de Nêutron!
Não me interessa discutir a argumentação usada em cada caso. A retórica, por definição, é infinitamente flexível.
Apenas registro, revoltado, que todos os corruptos do PT, do PSDB, do PP, do PMDB, do Patriotas e dos demais partidos, com a única exceção de Sérgio Cabral (que cometeu o erro de confessar), estão soltos.
Entrevista fundamental do José Luis Fevereiro. Sintetiza as linhas gerais de um projeto de país e desmistifica alguns discursos atraentes, porém frágeis ou simplesmente errados. Abaixo a resposta dele sobre os eixos centrais das propostas políticas do PSOL, que tenho pleno acordo.
IHU - Quais são os eixos centrais das propostas políticas do PSOL para 2022? O que é impreterível no plano de governo que estão construindo?
José Luís Fevereiro - Acabar com o teto de gastos, recuperar a capacidade de investimento da União, desmontar o discurso fiscalista e não ter receio de emitir moeda e emitir dívida enquanto tivermos mão de obra disponível e capacidade produtiva ociosa. Isto é pressuposto. Recuperar a capacidade de investimento das estatais e tornar a Petrobras uma empresa pública de novo, nem que para isso seja necessário tirar as suas ações da Bolsa de Nova York.
Outra proposta é um grande programa de obras de infraestrutura urbana em parceria com os estados em troca da dívida deles com a União (esta dívida é impagável), e uma nova política industrial capaz de gerar complexos produtivos novos, que reduzam a nossa dependência das exportações de primários e semielaborados. Ao mesmo tempo, a valorização do salário mínimo, programas de renda mínima e demais medidas de fortalecimento da demanda interna.
O dinossauro falou e disse...
Via professor Faustino Teixeira:
"Parece-me que a intrusão de Gaia não se manifesta apenas como um simples interesse pela ´Natureza`, mas sobretudo como uma incerteza geral a respeito de nossos invólucros protetores. Se a má notícia é o confinamento, a boa notícia é a reconsideração das noções de fronteira. Perdemos a estranha ideia de que poderíamos escapar de qualquer limite, mas ganhamos a liberdade de nos mover de emaranhado em emaranhado. De um lado, a liberdade é constrangida pelo confinamento, mas de outro, finalmente nos livramos do infinito"
Bruno Latour
O que vem ocorrendo na Amazônia é motivo da mais alta revolta. Essa louca destruição de árvores ancestrais, como o gigante Angelim Vermelho de 85 metros e 500 anos, na Amapá, ameaçado pelo garimpo ilegal. Trata-se da segunda maior árvore da Amazônia. Foi hoje, dia 28/10/2021, matéria de capa do O Globo.
"Se olhar as árvores, o vento, a chuva, a seca, o mar, os rios e, claro, as borboletas e as abelhas provoca tanto mal-estar, é porque você se sente responsável - sim, culpado, na verdade - por não lutar contra aqueles que os destroem"
Bruno Latour
é de fato muito cruel não poder mais viver como os humanos de antigamente, isto é como os humanos modernos
Bruno Latour
sentimos na pele que não se trata de uma crise, mas de uma mutação
Bruno Latour
para nos protegermos do poder tóxico das religiões, é melhor retornar a seu valor original que tentar secularizá-las
Bruno Latour
O que vem ocorrendo na Amazônia é motivo da mais alta revolta. Essa louca destruição de árvores ancestrais, como o gigante Angelim Vermelho de 85 metros e 500 anos, na Amapá, ameaçado pelo garimpo ilegal. Trata-se da segunda maior árvore da Amazônia. Foi hoje, dia 28/10/2021, matéria de capa do O Globo.
"Parece-me que a intrusão de Gaia não se manifesta apenas como um simples interesse pela ´Natureza`, mas sobretudo como uma incerteza geral a respeito de nossos invólucros protetores. Se a má notícia é o confinamento, a boa notícia é a reconsideração das noções de fronteira. Perdemos a estranha ideia de que poderíamos escapar de qualquer limite, mas ganhamos a liberdade de nos mover de emaranhado em emaranhado. De um lado, a liberdade é constrangida pelo confinamento, mas de outro, finalmente nos livramos do infinito"
Bruno Latour
os Modernos esperavam uma mudança de época, mas agora se veem obrigados a reaprender a se situar no espaço
Bruno Latour
mas onde estou?: em outro lugar, outro tempo, outro alguém, membro de outro povo
Bruno Latour
"Se olhar as árvores, o vento, a chuva, a seca, o mar, os rios e, claro, as borboletas e as abelhas provoca tanto mal-estar, é porque você se sente responsável - sim, culpado, na verdade - por não lutar contra aqueles que os destroem"
Bruno Latour
é de fato muito cruel não poder mais viver como os humanos de antigamente, isto é como os humanos modernos
Bruno Latour
O MAKING DA METRÓPOLE: RIOS, RITMOS E ALGORITMOS. Estamos muito felizes com a chegada do nosso livro! Ele foi escrito a quatro mãos mas aqui deixamos os nossos agradecimentos a todos que contribuiram com suas ideias e compartilharam reflexões.
Esse livro nasce de inúmeras trocas em vários âmbitos nos últimos anos. Um dos mais importantes foi, sem dúvida, o do intercâmbio com os pesquisadores do CNRS (França) e caros amigos Michèle Collin e Thierry Baudouin sobre as cidades portuárias. Também importante a Revista Multitudes onde tivemos a oportunidade de conversar construir reflexões com o coletivo editorial e particularmente com Yann Moulier Boutang.
Aqui no Rio de Janeiro, essas conversas se desdobraram no Laboratório Território e Comunicação (LABTeC/UFRJ) onde Giuseppe estabeleceu uma longa parceria com Gerardo Silva. E, mais tarde, no Laboratório de Design e Antropologia (LaDA/UERJ), onde segue se desdobrando uma parceria entre Barbara e Zoy Anastassakis. Todas essas trocas abriram perspectivas transdisciplinares ao debate sobre as metrópoles.
Num âmbito da Universidade Nômade a questão da metrópole fez-se presente e urgente na medida em que a cidade do Rio de Janeiro era atravessada por vários projetos urbanos. Ao longo de toda uma década, forma inúmeras as reflexões e também as ações com Clarissa Moreira, Alexandre Mendes e Clarissa Naback que agora nos honram com seus prefácios. Também pudemos contar com as reflexões de Rita de Cássia Lucena Velloso e Márcio Tascheto.
E, por fim, esse livro é dedicado a André Urani (1960-2011, in memorian), um grande incentivador de debates que, com sua capacidade de análise e vontade de transformação, mobilizou muitos de nós por um Rio de Janeiro mais democrático.
Em breve o livro poderá ser comprado em formato impresso ou digital no site da editora RIOBOOKS!
Sim, um livro sobre política e igreja. Mas espere, não é um texto sobre a participação dos evangélicos na política nacional. Sobre esse tema já há inúmeros textos e muitos com muita qualidade.
O que temos aqui é um texto sobre "Teologia Política" a partir de um diálogo entre Jürgen Moltmann e Giorgio Agamben.
Nas palavras do amigo Fellipe dos Anjos, que gentilmente fez o Prefácio: "Neste trabalho, Alonso Gonçalves reivindica a vocação messiânica da igreja no debate público brasileiro e nos conduz, numa jornada crítica, profética e confrontadora, pela estrada que poderá nos levar ao confronto com os principados e potestades deste mundo e para dentro da comunhão com Aquele-que-não-se-deixa-idolatrar, O Impronunciável. Pela gravidade, negatividade e profundidade mística de tal convite, vale a pena a leitura deste trabalho".
Disponível no site da Editora Recriar
Lançamento: O Trabalho nos Clássicos da Sociologia: Marx, Durkheim, Weber
Dia 28 de outubro – 19h.
Participações:
Cesar Sanson – autor do livro (UFRN)
Roberto Véras – convidado (UFPB)
Lucília Machado – convidada (UFMG)
Ana Patrícia Dias – mediadora (UFRN)
– Transmissão ao vivo pelas redes da Editora Expressão Popular
A Editoria Expressão Popular, a Edufrn (editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN) e o LABEPECS (Laboratório de ensino, pesquisa e extensão em Ciências Sociais), convidam para o lançamento do livro O trabalho nos clássicos da sociologia: Marx, Durkheim e Weber, de autoria de Cesar Sanson.
A atividade – com transmissão ao vivo pelas redes da Expressão Popular – acontece dia 28 de outubro, às 19h, com a participação de Cesar Sanson – autor do livro e professor da UFRN – e dos convidados Roberto Véras, professor Associado da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Lucília Machado, professora titular aposentada da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O evento será mediado por Ana Patrícia Dias, professora adjunta do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e do Programa de Pós-Graduação em Estudos Urbanos e Regionais (PPEUR).
Sobre o livro
Este livro – O trabalho nos clássicos da sociologia: Marx, Durkheim e Weber, de Cesar Sanson – é uma primorosa introdução à teoria social clássica. A partir da categoria trabalho, o autor apresenta valiosas chaves de leitura à compreensão das teorias de Marx, Durkheim e Weber acerca do “maior evento da modernidade: o capitalismo”. Com um duplo esforço, que revela a sua formação junto aos movimentos sociais populares e o seu compromisso acadêmico, o autor articula um estilo literário a um só tempo, descomplicado e meticuloso no que se refere à temática do livro.
Sobre o autor:
Cesar Sanson – Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Ex-coordenador do Curso de Licenciatura Ciências Sociais PRONERA-NE. Área de docência e pesquisa: sociologia do trabalho e sociologia do Brasil. Possui graduação em Filosofia e História pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-PR – 1981) com especialização em Economia e Trabalho pela UFPR (1997), mestrado (2003) e doutorado (2009) na área da sociologia do trabalho pela UFPR.