14 Dezembro 2020
Já são quase quatro da tarde e eu não podia terminar o dia – 52º aniversário do Ato Institucional número 5 – sem deixar registrado o sentimento de repulsa e nojo pelo nome e pela memória da canalha de signatários do monstrengo, cujos nomes vão abaixo. Espero que estejam ardendo nas profundas do Inferno – salvo o professor Antonio Delfim Netto, walking dead da economia, que para lá deverá se dirigir em breve.
• Artur da Costa e Silva
• Luís Antônio da Gama e Silva
• Augusto Rademaker
• Aurélio de Lira Tavares
• José de Magalhães Pinto
• Antônio Delfim Netto
• Mário Andreazza
• Tarso Dutra
• Ivo Arzua Pereira
• Jarbas Passarinho
• Leonel Tavares Miranda de Albuquerque
• Márcio de Sousa Melo
• José Costa Cavalcanti
• Edmundo de Macedo Soares e Silva
• Hélio Beltrão
• Afonso Augusto de Albuquerque Lima
• Carlos Furtado de Simas
A diplpomacia em pé de guerra: uma brochura irrelevante
Um anônimo, provável diplomata aposentado, tem escrito curtas crônicas incendiárias sobre a política externa brasileira e sobre o nosso chanceler. Paulo Roberto de Almeida as coligiu em uma brochura virtual no site abaixo. A riqueza literária, a erudição, o chiste e a sátira vêm em grande estilo e valem a leitura, sem precisar se concordar integralmente com o autor. Eis um trecho sobre a importância do asno como mola propulsora de um país:
"Sérgio Buarque, no seu magistral Raízes do Brasil, dizia que, no Império, no engatinhar da nossa pedagogia, não se falava em ensinar ou educar as crianças, mas, sim, em desasnar os pequenos. Acreditava-se que os primeiros passos da educação era arrancar os meninos da condição animalesca que a infância os relegava. Muito evoluímos desde então para saber que nem são as crianças tão ignóbeis nem os asnos tão animalescos. O asno, o nosso carinhoso burro, não é o grande malandro da praça, mas é a primeira força motriz estruturante de nossa sociedade. Que meu amigo Synésio me perdoe, mas sua obra Navegantes, Bandeirantes e Diplomatas não fez justiça a esses nobres colegas. Foi no lombo de jumentos, burros, asnos e mulas que ampliamos as fronteiras deste país, que construímos nossa economia e que consolidamos nossas fronteiras. (...)".
As outras crônicas podem ser encontradas no sítio.
Quando eu era moleque e queria um chinelo Kenner, minha mãe só mandava assim "o chinelo do camelô e da loja da Redley é tudo igual, só muda a etiqueta" e foi assim que eu passei a vida inteira usando chinelo do camelô...usei tanto que viciei e todo o meu vestuário, moda inverno/verão/outono/primavera, é de camelô até hoje.
Átila Iamarino, com aquela cabeça de moringa, disse há alguns meses que não tomaria a vacina russa, que a mais avançada era a de Oxford, e deu a entender que se fosse por opção própria escolheria essa.
Só que a rapaziada de Oxford descobriu que a tal de Sputinik V, a russinha, imuniza mais que a inglesinha e agora quer comprar várias doses da tal vacina russa e colocar nela o selo de Oxford.
Moral da história, Átila Iabadabadu descobriu como funcionam três coisas: capitalismo, terceirização e que roupa da Redley e do camelô são a mesma merda, só muda a etiqueta.
E agora o cabeça de moringa vai calaboquinha e muito provavelmente tomar a vacina russa com a etiqueta de Oxford ou então a Made in China pra deixar de ser otário.
E este dia podia ser domingo.
Uma lembrança prudente: na ditadura muitos democratas riram dos militares . Piadas foram urdidas sobre a sua tolice e ignorância. Costa e Silva foi alvo de boa parte daquelas gargalhadas. Mas os fardados, em conluio com juristas, empresários , banqueiros e com assessoria de órgãos dos EUA preparavam com extrema minúcia a repressão sangrenta, em coordenação com os países do cone sul, dos resistentes. A figura caricata do presidente pode estar servindo como biombo de planos virulentos e letais. Os que se calam nos quartéis podem estar seguindo estratégias genocidas e ditatoriais. No mesmo instante em que rimos das besteiras do nefasto, outros mais nefastos ainda preparam a solução final. Rezo para que minha desconfiança seja infundada. Mas existe muito método nessa loucura. Basta unir os pontos. Investiguemos mais e vamos rir menos. RR
Perfeito
Triste realidade
14/dez/2020, QUATRO ANOS SEM ELE..., mas devemos reconhecer que, graças a Deus, não nos faltam motivos para que nossas saudades sejam nutridas com as muitas lembranças de sua passagem entre nós.
Para a memória deste quarto aniversário de sua despedida valem dois pequenos trechos selecionados no vasto acervo de seus escritos. São eles bem atuais, sobretudo para tempos como os nossos, em que lutamos juntos em meio aos desafios persistentes de atual pandemia. Confiram este, extraído de um “Encontro com o Pastor” de 25 anos atrás (novembro de 1995):
“No momento em que se anunciam problemas de toda sorte também somos envolvidos por uma atmosfera de desânimo e por vezes até de inércia. É hora de nos convencermos da palavra de São Paulo, que nos garante serem os obstáculos que fortalecem a nossa esperança. Devemos colocar essa esperança tão alto, que ela se transforme numa utopia, quer dizer, numa realização impossível mas sempre de novo atraente para o coração e a inteligência. Sobretudo para a nossa oração.”
E estando bem próximos de mais um Natal, reconforta-nos sua mensagem de próprio punho, estampada nos cartões coloridos que Dom Paulo espalhou entre os amigos há 29 anos atrás:
“Por entre as incertezas todas da Vida,
o Natal nos traz, pela Fé,
a Segurança Absoluta:
Deus está com Seus Filhos,
Hoje e Sempre!
Feliz Natal. Abençoado Ano Novo,
Paulo Evaristo, Card. Arns
São Paulo, 1991-92.”
Ano Novo de 2021, que se anuncia portador de muitas memórias e celebrações, na passagem do Centenário de nascimento de um grande Pastor que viveu entre nós...
Há várias coisas em que o Brasil é o melhor do mundo, ou um dos melhores, e pelo menos duas são indiscutíveis:
1. a organização eletrônica de eleições. Em um par de horas, temos tudo contado, certinho, sem suspeitas ou confusões.
2. a vacinação. Já há bastante tempo, com contribuição de vários governos, brasileiras e brasileiros se vacinam, e vacinam suas crianças, bastante bem e com segurança, mesmo nas áreas mais pobres e longínquas.
****
Isso começou a mudar nestes últimos dois anos.
O bolsonarismo semeou suspeitas estapafúrdias sobre urnas eletrônicas e sobre vacinação, e o resultado está aí.
Praticamente um de cada quatro brasileiros declara que não vai se vacinar. Detalhe: não há variação demográfica relevante. Hômi e muié, preto e branco, pobre e rico, a recusa à vacinação corre na mesma faixa. A única variação demográfica relevante é a confiança no governo: quanto mais confiam em Bolsonaro, menos querem se vacinar.
***
Claro que, como toda pesquisa, há que se ler os números desta com um grão de sal. É possível que parte desses 22% termine se vacinando, até mesmo escondido. Não sabemos.
Mas o caminho do estrago está aí, claríssimo, mais uma vez: o bolsonarismo é uma devastação sem precedentes.