Papa Francisco incentiva católicos a se oporem ativamente à pena de morte

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08 Agosto 2018

O Papa Francisco decidiu mudar o catecismo da Igreja Católica para esclarecer a oposição da Igreja à pena de morte. Ao incluí-la no catecismo, o Papa garante que o ensinamento da igreja contra a pena capital se espalhará por toda a Igreja.

A reportagem é de Thomas Reese, publicada por Relgion News Service, 07-08-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.

Mas Francisco vai além de simplesmente ensinar que a pena de morte é errada. Ele está comprometendo a Igreja a trabalhar com determinação para a abolição da pena de morte em todo o mundo. Embora muitos países já tenham feito isso, ele enfrentará forte oposição nos Estados Unidos, onde 54% da população apoiou a pena capital, de acordo com o Pew Research Center, e 39% se opuseram a ela em 2018.

Entre os católicos, a maioria também é pró pena de morte (53% a favor, 42% contra). Uma maioria de católicos brancos (57%) apoia a pena de morte, mas eles são menos favoráveis do que os evangélicos brancos (73%) e protestantes brancos (61%).

Será interessante ver se Francisco conseguirá modificar esses números.

O ensinamento da Igreja sobre a pena de morte vem evoluindo nos últimos 25 anos, especialmente desde que o catecismo foi publicado pela primeira vez. A primeira edição reconheceu que a pena capital havia sido aprovada pela Igreja durante séculos. De fato, papas executaram criminosos nos Estados Papais antes que a Itália os assumisse em 1870.

São João Paulo II, que era papa quando o catecismo de 1992 foi publicado, não gostava da pena de morte e gostaria de a ver encerrada. Mas alguns no Vaticano estavam preocupados sobre como a Igreja explicaria sua mudança no ensino. Como resultado, João Paulo II fez o catecismo dizer que a pena de morte só era permitida "se esta for a única forma possível de defender efetivamente vidas humanas contra o injusto agressor". O catecismo cita João Paulo, que afirmou que os casos que exigem a execução do ofensor "são muito raros, se não praticamente inexistentes".

Francisco deu o passo final e disse que esses casos de exceção são inexistentes. A pena capital deve terminar.

A hierarquia está sempre preocupada em como explicar a mudança na Igreja porque, no passado, a Igreja se orgulhava de ser imutável. No caso da pena capital, João Paulo e agora Francisco argumentaram que as circunstâncias mudaram - há outras maneiras de proteger o público - e, portanto, a pena de morte não é mais necessária e deve ser abolida.

Além disso, ambos pensaram que era uma afronta à dignidade humana. Como João Paulo escreveu: "Nem mesmo um assassino perde sua dignidade pessoal, e o próprio Deus se compromete a garantir isso". A nova versão do catecismo afirmará que "a dignidade da pessoa não está perdida mesmo após a prática de crimes muito graves". O respeito pela vida humana inclui a vida dos criminosos.

Outra razão para a oposição é que a Igreja sempre espera que um pecador se arrependa e peça perdão. Uma execução corta o tempo disponível para o pecador se arrepender.

Os bispos dos EUA agora vão adicionar oposição à pena de morte a suas outras questões de lobby. Essa lista já inclui posições controversas, como o apoio à reforma abrangente da imigração, assistência médica universal e programas para ajudar os pobres e sua oposição à proibição muçulmana, ao aborto e ao casamento gay.

Assim como alguns políticos católicos divergiram dos bispos sobre essas questões, certamente haverá alguns que se oporão ao apelo dos bispos para a eliminação da pena de morte. Uma das coisas interessantes sobre os bispos é que eles deixam as duas partes políticas desconfortáveis.

Enquanto a discussão da pena de morte for conduzida em abstrato, ela pode permanecer bastante acadêmica. Mas uma vez que se concentrem em um criminoso individual, as paixões se inflamam. Se o criminoso é um assassino em série, um assassino estuprador ou alguém que tenha atirado em crianças em idade escolar, o apelo dos bispos por clemência enfrentará feroz oposição.

No passado, alguns bispos se opuseram à execução de criminosos específicos em seus estados e pediram aos governadores que comutassem suas sentenças para prisão perpétua. Agora podemos esperar que todos os bispos participem desses esforços, e também podemos esperar oposição vocal. Esta é uma luta que os bispos não vão ganhar a menos que seu povo se junte a eles.

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