Se Deus derrubou Dilma, fé na melhora da economia segura Temer

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03 Agosto 2017

A denúncia de corrupção passiva contra o presidente Michel Temer (PMDB) parecia ser apenas um detalhe para os deputados que votaram “sim”, pelo arquivamento da denúncia do procurador-geral Rodrigo Janot e pela salvação do presidente, nesta quarta-feira na Câmara dos Deputados. Salvo a tropa de choque do Planalto, poucos defenderam a inocência do mandatário. A palavra mágica pronunciada à exaustão durante as sessões na Câmara nesta quarta foi "economia", geralmente acompanhada por "estabilidade", "responsabilidade", "avanço" "crescimento" ou "paz". Foi uma verdadeira profissão de fé em nome da política econômica do Governo, que é elogiada pelos principais investidores, mas ainda não tem números contundentes de recuperação para exibir.

A reportagem é de Felipe Betim, publicada por El País, 02-08-2017.

Essas palavras de ordem são diferentes das que imperaram na votação pela abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff, em abril do ano passado, quando a acusação de crime de responsabilidade também foi apenas um detalhe. Naquela ocasião, os parlamentares votaram principalmente “por Deus e pela família”, mas também “pela esposa Paula”, “pela filha que vai nascer e a sobrinha Helena”, “pelo neto Gabriel”, "pela tia que me cuidou quando era criança", “pelos militares de 64” ou “pelos corretores de seguros do Brasil”. E contra a corrupção e o partido da presidenta, o PT.

Mais discretos, os deputados federais, muitos dos quais receberam milhões em emendas parlamentares — entre janeiro e maio, apenas 88,4 milhões de reais foram liberados, enquanto que entre junho e julho foram 3,4 bilhões, informa Afonso Benites —, não aguentam mais "trocar de presidente como se troca de roupa", segundo afirmou em seu voto Junior Marreca (PEN-MA). O deputado Pedro Paulo (PMDB-RJ), que recebeu 10,3 milhões em emendas do Governo federal, segundo a Agência Lupa, disse que o Brasil precisa de "estabilidade política para crescer e gerar emprego". Outros, como Rogério Marinho (PSDB-RN), apelaram para um malabarismo retórico para salvar o presidente: "Pelo não ao arquivamento da denúncia, mas para que ele seja investigado após deixar o mandato eu voto sim".

Poucos defenderam com veemência o presidente Temer. Um deles foi Heráclito Fortes (PSB-PI): "Em homenagem à coragem do presidente Temer em promover as reformas, O Brasil precisa de paz. Voto sim" — ainda que o placar obtido nesta quarta, 263 votos contra 227, indique que aprovar mudanças na previdência, por exemplo, não será nada fácil. Também Wladimir Costa (SD-PA): "Abaixo o Datafolha, abaixo o Ibope! Temer é um homem decente, preparado, honesto! Meu voto é sim!". Já Victório Galli (PSC-MT) votou "sim" pela "liberdade religiosa e pelo fim da ideologia de gênero", lembrando o que foi a sessão que autorizou a abertura do impeachment no ano passado.

Os deputados que naquela ocasião defenderam Dilma e hoje pediram pela queda de Temer disseram votar, principalmente, "contra a reforma da previdência", "contra a reforma trabalhista" e "a favor das diretas já". A oposição somou 227 votos, insuficientes diante das onipresentes palavras que renderam 263 votos e que, por enquanto, salvaram Temer: "estabilidade econômica".

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