Colômbia. Adiado o início das negociações de paz com o ELN

Foto: Sistema Informativo do Governo-SIG/Colômbia

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Por: João Flores da Cunha | 29 Outubro 2016

QUITO: As negociações de paz entre o governo da Colômbia e o Exército de Libertação Nacional – ELN, a segunda maior guerrilha do país, tiveram seu início adiado por decisão do presidente colombiano, Juan Manuel Santos. O motivo do impasse é a demora na liberação de Odín Sánchez, um ex-deputado que é refém do ELN. As negociações, que ocorrerão em Quito, capital do Equador, tinham seu início programado para o dia 27-10.

A relutância do ELN em libertar os reféns que ainda mantém foi o principal obstáculo para que as negociações com o governo se estabelecessem formalmente. Odin Sánchez é refém do ELN desde abril deste ano, quando se entregou ao grupo em troca de seu irmão, Patrocinio Sánchez, ex-governador do estado de Chocó. Ele era refém desde 2013, e a troca ocorreu porque Patrocinio estava doente.

A decisão de Santos fez com que a equipe de negociadores do governo não viajasse para Quito. A delegação de paz do ELN, por outro lado, está na capital equatoriana desde o dia 26. Pelo Twitter, a organização afirmou não concordar com a suspensão da mesa de diálogo. Segundo o ELN, existem “mal-entendidos que estão sendo tratados”.

Juan Camilo Restrepo, chefe da delegação do governo para o diálogo com o ELN, afirmou em comunicado que “sempre se deixou claro que era necessária a liberação efetiva do ex-congressista Odín Sánchez para dar início a esta fase pública. [...] Fomos informados pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha que a operação de libertação começou com o acompanhamento da Igreja Católica”. Ele declarou que “o governo celebra esse fato, e toma nota deste procedimento que espera que conclua satisfatoriamente, tomara que antes de 3-11, que é a data acordada para dar início à primeira rodada formal de negociações”. Restrepo assinalou que a cerimônia protocolar de início dos diálogos de paz ocorrerá quando Sánchez “tenha regressado são e salvo à liberdade”.

Neste primeiro momento da fase pública das negociações, não há um cessar-fogo entre governo e guerrilha. Em 27-10, um ataque atribuído ao ELN pelo Exército colombiano vitimou dois caminhoneiros no estado de Arauca, no nordeste do país.

O ELN é uma organização de orientação marxista que está em conflito com o Estado colombiano desde 1964, e que é tida como mais radical que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – FARC. Ao contrário das Farc, o ELN nunca buscou financiamento através do narcotráfico, tendo feito uso principalmente de sequestros e de extorsão.

O governo colombiano está buscando simultaneamente um acordo de paz com o ELN e com as Farc. Após a vitória do não no plebiscito sobre o acordo de paz com as Farc, os negociadores do governo e da guerrilha vêm trabalhando em modificações no texto. O desafio é contemplar as reivindicações do ex-presidente Álvaro Uribe, que fez campanha pelo não. Ele diz rejeitar não a paz, mas os termos do acordo, que, em sua visão, ofereceria demasiadas concessões às Farc.

Apesar da dificuldade em conciliar as posições das Farc e dos setores ligados a Uribe, Santos tem sido otimista em suas declarações sobre o desfecho das negociações. Segundo ele, um novo texto pode estar pronto em semanas. O cessar-fogo com as Farc foi prorrogado até o final do ano.

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