Uma visita do Papa Francisco à Colômbia em 2017? Depende

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11 Outubro 2016

Sobre a possível visita do Papa Francisco ao povo e à Igreja da Colômbia, pré-anunciada extraoficialmente para o primeiro trimestre 2017, escreve-se muito, e diversos prelados colombianos, políticos e expoentes da sociedade civil desejam-na sinceramente insistem em dizer: é uma visita que deve ser dissociada do resultado do referendo do dia 2 de outubro, consulta popular em que a maioria de 40% que exerceu o seu direito de voto rejeitou os Acordos de Paz entre o governo e os ex-guerrilheiros das Farc, assinados no dia 26 de setembro.

A reportagem é de Luis Badilla, publicada no sítio Il Sismografo, 10-10-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Sabendo-se que é o papa e que só ele decide sobre a questão, vale a pena lembrar que as pré-condições para uma presença de Francisco se complicaram muito e se confundiram bastante. À pergunta: "Haverá uma visita do pontífice?", à luz daquilo que conhecemos publicamente, só existe uma resposta: depende.

Desde que foi anunciado o alcance de um acordo definitivo entre o governo de Bogotá e as Farc, no dia 4 de setembro, o Papa Francisco sempre ressaltou uma questão: deve ser um acordo "blindado" (palavra usada por Francisco), isto é, realmente sério, definitivo e cristalino.

A partir das palavras do papa, pode-se deduzir, como nossa opinião, naturalmente, que o Santo Padre sempre considerou que tal acordo estava e continua estando cercado por perigos, e, portanto, a sua blindagem significa em termos concretos: irreversibilidade. E, como se viu depois da assinatura do documento e após o próprio referendo do dia 2 de outubro, essa irreversibilidade é instável e precária.

O primeiro elemento de instabilidade é conhecido: o resultado do referendo. Quarenta por cento do corpo eleitoral entre "sim" e "não" aos Acordos disseram "não", embora com uma margem de 60 mil votos. A incerteza e a desorientação que tomou conta do quadro político e da opinião pública depois desse veredito não levaram ao pior, graças aos nervos de aço do presidente Santos e dos dirigentes do ex-grupo guerrilheiro. A reação imediata das duas partes foi: continuaremos buscando a paz e acordos irreversíveis, e, enquanto isso, o cessar-fogo se confirma como uma escolha definitiva.

Agora, voltou a negociação ou, melhor, duas negociações. Em Havana, de acordo com o resultado do referendo, o presidente Manuel Santos, que se tornou, enquanto isso, prêmio Nobel da Paz de 2016, deve iniciar uma renegociação com a ex-Farc. Ao mesmo tempo, porém, ele deve negociar com os líderes do "não", particularmente com Alvaro Uribe, ao qual apertou a mão há alguns dias, depois de seis anos de incomunicabilidade total. E o ex-presidente Uribe, portanto, um político desde sempre convencido de que só a via militar pode derrotar a luta armada, é a pessoa com quem Santos deveria tentar para entender o que desejam renegociar. Agora, as partes não são mais duas, mas três.

Os observadores e os especialistas próximos desse novo processo espinhoso consideram que as coisas podem se complicar ainda mais, porque se pensa que as exigências de Uribe, em boa medida, não serão fáceis de aceitar para os ex-guerrilheiros. A renegociação poderia se prolongar por um longo tempo e, talvez, deverá passar por momentos muito delicados e críticos. Não parece que a questão poderá ser resolvido em um semestre.

De fora, observando e analisando com atenção o que acontece, não se veem as condições mínimas para uma visita do papa no futuro próximo. De acordo com as palavras do Papa Francisco, não parece plausível que ele possa pôr o pé em um país sem guerra e sem paz, onde ainda se negocia.

De todos os modos, nunca se deve esquecer que o Papa Francisco sabe se sair muito bem em situações aparentemente sem saída.

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