Assis, o abraço do papa no imã: "O mundo precisa de perdão"

Mais Lidos

  • “O sínodo é como uma atualização do Vaticano II para o terceiro milênio”. Entrevista com Massimo Faggioli

    LER MAIS
  • Vattimo, Cristianismo, a verdade. Artigo de Flavio Lazzarin

    LER MAIS
  • Os de cima vêm com tudo. Artigo de Raúl Zibechi

    LER MAIS

Newsletter IHU

Fique atualizado das Notícias do Dia, inscreva-se na newsletter do IHU


Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

08 Agosto 2016

Foi um pouco como quando São Francisco, séculos atrás, quis se encontrar com o sultão para impedir a quinta cruzada. Só que, desta vez, oito séculos depois, foi o imã de Perugia e de Colle Val d'Elsa que pediu para se encontrar com o papa.

A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada no jornal Il Messaggero, 05-08-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

"Eu sabia que devia ir a Assis e era meu dever ir agradecer." O abraço ocorreu em Santa Maria dos Anjos, logo de fora da igreja. Abdel Qader Mohammad disse-lhe que as suas palavras são "como aquelas escritas com a água de ouro", a tinta de ouro puro que os calígrafos árabes usam para escrever as páginas do Alcorão. Palavras santas.

"Belas palavras sobre o Islã"

"Há dois dias, ele declarou algo importante para o mundo islâmico. Ele disse que o Islã não é terrorismo, mas paz e misericórdia. Nós estamos lutando para enfrentar aqueles que jogam gasolina no fogo. Os terroristas blasfemam contra Deus, não são muçulmanos. É por isso que as palavras do papa permanecerão escritas com a água de ouro. Assim como os valores mais importantes. Eu lhe disse que, juntos, podemos enfrentar a situação, unidos. Agora, nós estamos mais seguros e tranquilos."

E o papa? "Ele estava de bom humor, sorriu, me presenteou uma medalha". A missão de paz durou o espaço de um intervalo fora do programa, como, aliás, estavam fora do programa nessa peregrinação-blitz que durou apenas três horas a visita aos sacerdotes doentes e as confissões a um pequeno grupo de pessoas.

"Chega de alimentar rancor"

Um menino que tinha se confessado com Bergoglio teve como conselho ficar mais tranquilo. "Porque eu estou sempre agitado." Enquanto o seu companheiro, "contar menos mentiras".

As confissões muito ternas das crianças, depois a alegria de tantas famílias, o entusiasmo de uma multidão que permaneceu debaixo do sol para esperar durante horas a sua chegada. Tudo isso serviu de marco para a celebração do Perdão franciscano.

Às 15h30, um helicóptero da República italiana, escoltado por dois policiais na escada, aterrissou em Assis. Barricadas por toda a parte, medidas muito rigorosas, controles até em freiras e frades.

Primeiro, o papa rezou pelo defensor dos pobres, Francisco, o santo do qual assumiu o nome. Depois, pediu que o mundo aprendesse a pedir perdão, porque há muito ódio, muito rancor, muita incapacidade de inverter a rota.

"O mundo precisa de perdão. Muitas pessoas vivem trancadas no rancor e alimentam o ódio, porque são incapazes de perdão, arruinando a vida própria e alheia, em vez de encontrar a alegria da serenidade e da paz. Peçamos a São Francisco que interceda por nós, para que nunca renunciemos a ser humildes sinais de perdão e instrumentos de misericórdia."

O silêncio

Terminado o discurso, ele se sentou em um banquinho. Depois, em silêncio, convidou a refletir juntos. Escolhendo novamente o silêncio, assim como também fizera em Auschwitz.

"É difícil perdoar, não é verdade? Agora, eu vou me colocar à disposição de quem quiser, no confessionário, e o mesmo vão fazer os bispos aqui presentes."

A visita muito curta (cerca de duas horas) seguiu em frente com as quebras de protocolo. E com o abraço no imã. Sinal dos tempos.

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Assis, o abraço do papa no imã: "O mundo precisa de perdão" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU