"Não me omiti", diz arcebispo suspeito de acobertar pedofilia

Mais Lidos

  • “Precisamos de uma ministra negra para o STF começar a dar respostas ao racismo estrutural no país”. Entrevista com Ingrid Farias

    LER MAIS
  • Brasil precisa de sistema de alerta antecipado contra desastres ambientais. Entrevista com Francisco Eliseu Aquino

    LER MAIS
  • “A grande estupidez da esquerda foi aceitar o neoliberalismo”. Entrevista com Rob Riemen

    LER MAIS

Newsletter IHU

Fique atualizado das Notícias do Dia, inscreva-se na newsletter do IHU


Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

07 Julho 2016

Afastado nesta quarta-feira (6) pelo papa Francisco após acusações de ter acobertado casos de pedofilia, o arcebispo da Paraíba Aldo Pagotto, 66, nega ter agido em benefício de padres suspeitos, mas diz ter errado ao confiar em pessoas que não conhecia.

Em entrevista o agora arcebispo emérito confirma que foram descobertos cinco casos de padres suspeitos de pedofilia na Paraíba desde 2004, quando assumiu a Arquidiocese. E diz ter denunciado as suspeitas ao Ministério Público e ao Vaticano: "Não me omiti".

A entrevista é de João Pedro Pitombo, publicada por Folha de S. Paulo, 07-07-2016.

Eis a entrevista.

O Vaticano anunciou nesta quarta o afastamento do senhor da Arquidiocese da Paraíba. Como recebeu a notícia?

É uma situação dolorosa, mas eu entendi. Se estou fazendo as pessoas sofrerem, como acham, é melhor aceitar a renúncia. Mesmo sabendo que eu sofro muito mais do que essas pessoas. Pelo bem de todos, eu acreditei que o melhor fosse a minha retirada. Me baseei no exemplo do papa Bento 16, que abriu espaço para uma pessoa nova entrar.

Como o senhor se defende das acusações de que acobertou casos de pedofilia e teve relações com outros homens?

A minha consciência está em paz. Há muitas acusações, principalmente em relação a minha vida afetiva e sexual. São acusações horrorosas, que eu não admito porque são calúnias. Fiquei com uma grande mágoa.

O senhor admite ter acolhido na igreja padres acusados de pedofilia?

Eram padres em crise procurando um lugar para recomeçar a vida. E eu dei essa oportunidade a pessoas que mais tarde se revelaram suspeitas de pedofilia. Fiz o que tinha que fazer: denunciei ao Ministério Público e ao Vaticano. Eu não me omiti. Confesso o meu excesso de misericórdia porque dei uma chance a pessoas que eu não conhecia bem.

Foram quantos casos?

Ao todo foram seis casos, todos na Paraíba. Em três deles os padres foram apontados como culpados e afastados, dois ainda estão sendo julgados e um foi inocentado.

O senhor foi denunciado pelo Ministério Público em 2002 por supostamente acobertar um frei que cometeu abusos sexuais e intervir para mudar o depoimento das vítimas. O que tem a dizer sobre essa acusação?

Este caso foi extinto na Justiça porque não houve nenhuma proteção ao frei nem intervenção junto às meninas. O que fiz, imediatamente, foi celebrar uma missa em campo aberto e chamar todas as mães e meninas para oferecer meus préstimos. Na missa, disse que tanto as meninas quanto o frei precisavam de ajuda. Em nenhum momento agi para silenciar ninguém.

O senhor teve alguma conversa privada com as mães ou as vítimas?

Em nenhum momento houve conversa privada.

Agora que foi confirmada a renúncia, o que pretende fazer?

Estou pensando em voltar para a minha congregação, em Fortaleza. Vou ficar um tempo lá para colocar minha cabeça em ordem. Ser arcebispo emérito não é demérito para ninguém. Quero continuar trabalhando.

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

"Não me omiti", diz arcebispo suspeito de acobertar pedofilia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU