Cântico XXII. Cecília Meireles na oração inter-religiosa desta semana

Foto: CutWallPapper

12 Agosto 2022

 

Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, colaborador do Instituto Humanitas Unisinos - IHU e do canal Paz Bem.

 

Cântico XXII

 

Não busques para lá.

O que é, és tu.

Está em ti.

Em tudo.

A gota esteve na nuvem.

Na seiva.

No sangue.

Na terra.

E no rio que se abriu no mar.

E no mar que se coalhou em mundo.

Tu tiveste um destino assim.

Faze-te à imagem do mar.

Dá-te à sede das praias

Dá-te à boca azul do céu

Mas foge de novo à terra.

Mas não toques nas estrelas.

Volve de novo a ti.

Retoma-te

 

Fonte: Cecília Meireles. Cânticos. 4 ed. São Paulo: Global, 2015, p. 61

 

Cecília Benevides de Carvalho Meireles (Foto: Wikimedia Commons)

 

Cecília Benevides de Carvalho Meireles (1901-1964): Professora, poetisa, jornalista e pintora nascida no Rio de Janeiro. Foi a primeira mulher brasileira a ganhar expressão na literatura; aos 18 anos publicou seu primeiro livro de sonetos, Espectro (1919). Integrou o círculo literário da Revista Festa, um grupo católico de onde trouxe a tendência espiritualista que percorrem seus poemas. Com mais de 50 obras publicadas, sua composição poética foi marcada por muita musicalidade. Entre as homenagens recebidas, destaca-se o Prêmio Machado de Assis de 1965. 

 

As poesias "Canteiros" e "Motivo" foram musicadas pelo cantor Fagner. Em meio a sua vasta produção literária, destacamos: Viagem (1939), que lhe rendeu o prêmio da Academia Brasileira de Letras; Vaga Música (1942); Mar Absoluto (1945); Poemas Escritos Na Índia (1962); Antologia Poética (1963); Ou Isto Ou Aquilo (1965); Escolha o Seu Sonho (1964).

 

 

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