Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora - MG.
Poema sobre a guerra
Estrangular a guerra,
para que as mulheres possam sorrir,
para que não envelheçam tão depressa
quanto as armas envelhecem.
Mas a guerra disse: Sou!
Sou desde o princípio,
não tendo havido um momento
em que eu não existisse.
Sou antiga como a fome
e o amor.
Eu sempre me criei,
mas o mundo me pertence!
E irei destruí-lo.
Estarei presente
quando o trapo ensanguentado de fogo
cair nas trevas
feito saliva de criança
que cai no fundo do poço
quando se deseja medir-lhe
a profundidade escura.
Nós contudo – e aí reside a esperança –
poderemos pensar a esse respeito
por um instante
por um breve instante ao menos.
Fonte: Jaroslav Seifert (1901-1986). In: Aleksandar Jovanovic (Ed). Céu vazio. 63 poetas eslavos. São Paulo: Hucitec, 1996, p. 72.
Jaroslav Seifert (Foto: Jaroslav Krejci | Wikimedia Commons)
Jaroslav Seifert (1901 - 1986): Poeta tcheco, foi prêmio nobel de literatura em 1984, tendo se dedicado ao jornalismo e às letras. Seu primeiro livro, Cidade em lágrimas, foi publicado em 1920.
Entre suas obras: Sobre as ondas da TSF (1925), Mão e chama (1945-1948), A ponte de pedra (1944) e Concerto na ilha (1965).