Aberto para os dedos de Deus. Leonardo Fróes na oração inter-religiosa desta semana

Serra da Mantiqueira | Foto: Reprodução - Facebook

04 Dezembro 2020

Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora.

 

Aberto para os dedos de Deus

se eu fizer pelos menos a manhã começar
dos meus cabelos e tirar mais um pouco
da última fatia e não ficar lamentando
a primeira oportunidade perdida, e se eu não der
bola para os preconceitos que me reduzem até
eu mesmo achar que sendo um ser humano eu me explico
na complicação cósmica desses bagaços distantes
que são tão simples,
se eu realmente não puser mais o pé na fantasia
do dia que está à minha espera e represa
tantas demonologias ferozes que eu esqueço de olhar,
se eu não ficar completamente maluco
por isso e o desejo de cumprimentar
deus em pessoa.

 

Fonte: Leonardo Fróes. Vertigens. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, p. 215

 

Leonardo Fróes (Foto: Revista Caliban)

Leonardo Fróes (1941):  Poeta, tradutor, jornalista, naturalista e crítico literário brasileiro. Aos 18 anos já atuava como jornalista no Jornal do Brasil, com passagens pelo O Globo e pela Encyclopaedia Britannica. Já no Jornal da Tarde foi um dos pioneiros na produção de conteúdo direcionado ao tema da sustentabilidade.  Sua construção poética é marcada por uma conexão entre as energias do corpo e da terra. Traduziu diversos autores, entre eles, William Faulkner, Malcolm Lowry, D. H. Lawrence, Tagore, George Eliot e Helmut Sick. 

Em 1995 Fróes publicou o livro de poemas Argumentos invisíveis (Rocco) pelo qual foi agraciado com o prêmio Jabuti. Entre suas demais obras, destacamos: Um Mosaico Chamado a Paz do Fogo (1997), Quatorze Quadros Redondos (1998) e Chinês com Sono Seguido de Clones do Inglês (2005).