Cada manhã. Mariana Ianelli na oração inter-religiosa desta semana

Foto: PxHere

03 Abril 2020

Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora – MG.

Cada manhã

Cada manhã põe nas minhas mãos essas mãos
Sábias de amor, destemidas porque puras de temor,
Ignorantes do que os outros dizem luxo ou nojo,
Essa infância a converter meu tempo em instante,
Essa língua não de palavras, mas de cores, língua que canta
Esse é o jardim das coisas nuas onde nada é escândalo
Nada é ridículo, esse é o jardim das coisas a sondar
Seus nomes, cada dia, cada noite, um rosto novo
O maravilhoso desconcerto da ordem: uma menina –
Saímos a caminhar no meio de uma terra estranha
Os olhos numa pomba, numa pedra, numa velha mendiga –
Aonde quer que vá essa inocência é o meu caminho.

(Fonte: Mariana Ianelli. Canções Meninas. Porto Alegre: Ardotempo, 2019)

Mariana Ianelli (Foto: Reprodução Facebook)

Mariana Ianelli (1979) é poetisa, mestra em Literatura e Crítica Literária pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. É autora de diversas obras, entre elas, Trajetória de antes (1999), Passagens (2003), Fazer silêncio (2005), Almádena (2007),  Treva Alvorada (2010), O amor e depois (2012), todos pela editora Iluminuras. Como ensaísta, é autora de Alberto Pucheu por Mariana Ianelli, da coleção Ciranda da Poesia (ed. UERJ, 2013). Recebeu o Prêmio Fundação Bunge em 2008 e a menção honrosa no Prêmio Casa de las Américas em 2011.

Leia mais