A intimidade de Deus

Mais Lidos

  • Papa Francisco em Marselha: no meio de uma crise migratória, uma visita muito política

    LER MAIS
  • Mudança climática tornou tempestade mortal na Líbia 50 vezes mais provável

    LER MAIS
  • Vattimo, pós-verdade e o cristianismo presente e futuro

    LER MAIS

Newsletter IHU

Fique atualizado das Notícias do Dia, inscreva-se na newsletter do IHU


Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

09 Junho 2017

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo João capítulo 3,16-18 que corresponde a Festa da Santíssima Trindade, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

Se por um impossível a Igreja dissesse um dia que Deus não é Trindade, mudaria em algo a existência de muitos crentes? Provavelmente não. Por isso fica-se surpreendido ante esta confissão do P. Varillon: «Penso que, se Deus não fosse Trindade, eu seria provavelmente ateu [...] Em qualquer caso, se Deus não é Trindade, eu não compreendo já absolutamente nada».

A imensa maioria dos cristãos não sabe que ao adorar a Deus como Trindade estamos confessando que Deus, na Sua intimidade mais profunda, é só amor, acolhimento, ternura. Esta é talvez a conversão que mais necessitam não poucos cristãos: o passo progressivo de um Deus considerado como Poder a um Deus adorado com grande alegria como Amor.

Deus não é um ser «onipotente e eterno» qualquer. Um ser poderoso pode ser um déspota, um tirano destruidor, um ditador arbitrário: uma ameaça para a nossa pequena e débil liberdade. Poderíamos confiar num Deus de quem só soubéssemos que é onipotente? É muito difícil abandonar-se a alguém infinitamente poderoso. Parece mais fácil desconfiar, ser cauto e salvaguardar a nossa independência.

Mas Deus é Trindade, é um mistério de Amor. E a Sua onipotência é a onipotência de quem só é amor, ternura insondável e infinita. É o amor de Deus que é onipotente. Deus não pode tudo. Deus não pode senão o que pode o amor infinito. E sempre que o esquecemos e saímos da esfera do amor fabricamos um Deus falso, uma espécie de ídolo estranho que não existe.

Quando não descobrimos ainda que Deus é só Amor, facilmente nos relacionamos com Ele a partir de interesse próprio ou do medo. Um interesse que nos move a utilizar a Sua onipotência para nosso proveito. Ou um medo que nos leva a procurar toda a classe de meios para nos defendermos do Seu poder ameaçador. Mas esta religião feita de interesse e de medos está mais próxima da magia que da verdadeira fé cristã.

Só quando se intui a partir da fé que Deus é só Amor e se descobre fascinado que não pode ser outra coisa senão Amor presente e palpitante no mais fundo da nossa vida, começa a crescer livre no nosso coração a confiança num Deus Trindade de que o único que sabemos por Jesus é que não pode senão amar-nos.

 

Aprofunde sua reflexão...


Acesse outros Comentários do Evangelho: clique aqui

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

A intimidade de Deus - Instituto Humanitas Unisinos - IHU