05 Setembro 2017
Especulando:
A forma de subjetivação dominante hoje na sociedade brasileira é a posição de vítima. Ela envolve uma postura passivo-agressiva e, como Maria Rita Kehl nota no seu emblemático livro, uma política do ressentimento. A noção ativa de cidadania, implicação coletiva na responsabilidade pela construção do comum, dá lugar a um sentimento generalizado de estar sofrendo algum tipo de agressão constante, que o inimigo está dominando tudo, gerando a resposta também agressiva. As redes sociais, sobretudo no submundo menos visível, transpiram teorias da conspiração e alimentam a paranoia do Grande Plano contra nós.
A direita reclama que a esquerda produz o "vitimismo". Mas a direita também usa o mesmo mecanismo. Vamos lembrar a figura recentemente escolhida pelos movimentos da direita: o pato. O pato é, antes de tudo, uma vítima, aquele que "paga o pato" pelos erros alheios. O punitivismo, uma das ideologias mais fortes na sociedade brasileira, funciona a partir da posição de vítima potencial. A alt-right mimetiza todas as estratégias de vitimização, chegando a falar de "White Genocide". A viralização na rede é diretamente proporcional ao sentimento de vítima que suscita. Todos querem se sentir alheios à responsabilidade de construir, de se implicar. São vítimas do Grande Plano.
Como uma mentalidade como essa se espalha? Tenho um palpite que essa raiva e insatisfação com o sistema é mais ou menos parecida com a posição do consumidor. Sempre insatisfeito e sempre com razão. O consumidor é, no final, uma vítima. Por isso, "nada presta", só eu mesmo: a vítima, o consumidor -- que "pagou". Há o acoplamento entre a posição econômica e a posição subjetiva. A agressividade é sintoma do "tem sempre razão", que aliás também se manifesta na incapacidade de escutar (ou seja, no autoritarismo). Todos lutam pelo lugar passivo de "otário", como se o mundo não fosse bom o suficiente para sua própria bondade.
E assim criamos uma sociedade de consumidores insatisfeitos, vítimas dos mais diversos Grandes Planos, revoltados e infantis na capacidade de assumir a responsabilidade para a construção de saídas do momento atual.
Para a China e os Estados Unidos, minério e boi. Para a Europa, grãos e boi. E para o Brasil? A destruição da Amazônia. As empreiteiras envolvidas diretamente na Operação Lava Jato, os exportadores de minério, de boi, de grãos e os políticos comprados por esses setores são os únicos que ganham. Para a região do Tapajós, os impactos sociais e ambientais da construção de 20 novos portos privados e transformação do rio em estrada de cargueiros vão muito além do desmatamento (que de fato "mata" a flora, a fauna e desloca quem mora atualmente na floresta e aceita sair). Outros graves impactos são: um volume enorme de trabalhadores temporários para a construção, o aumento de prostituição, drogas, com o fim das obras, muito desemprego, violência e e mudança de vida de todos para pior. Isso não é desenvolvimento. A Amazônia tem os piores índices de saneamento básico, de educação e de saúde de todo o país. Esse modelo de exploração/destruição está saqueando o país há 500 anos, com a transferência das nossas riquezas à preço de banana. #tapajósvivo #tapajóslivre
Saiba mais:
"Povos do rio Tapajós são 'atropelados' por corredor logístico para levar soja à China, diz estudo", BBC, 30/ago/2017.
"Usina no rio Tapajós repetirá 'caos' de Belo Monte" - BBC.
"Tapajós sob Ataque: mais de 40 grandes hidrelétricas, rodovias, ferrovias, hidrovias e complexos portuários" - The Intercept Brasil.
"Impactos sociais e ambientais de hidrelétricas e hidrovias na bacia do Tapajós" - Philip Fearnside (Prêmio Nobel).
"Nome de Temer é citado 43 vezes em delação de executivo da Odebrecht", Folha S.Paulo.
Tinha 22 anos. Cursava o quarto ano de Geologia na USP e colaborava com a Ação Libertadora Nacional, organização que até 1969 fora comandada por Carlos Marighella.
Seu corpo foi enterrado como indigente no Cemitério Dom Bosco, em Perus. Jogaram cal sobre o cadáver para acelerar o processo de decomposição e dificultar sua identificação. Sua família conseguiu localizá-lo dias depois. E exumá-lo em 1983, trasladando os restos mortais para Sorocaba, sua cidade natal.
Durante a ditadura, foram enterrados em Perus pelo menos 31 vítimas da repressão. São os corpos dos quais existem documentos que comprovam seu sepultamento ou sua ocultação ali. Pode haver mais. Em 1990 foi descoberta uma vala clandestina, criada nos anos 1970, para ocultar corpos, normalmente vítimas de grupos de extermínio ou das equipes de tortura. Foram localizadas ali 1051 ossadas, nem todas identificadas.
Neste dia 4 de setembro, o cemitério de Perus ganhou uma placa com os 31 nomes de mortos e desaparecidos que foram enterrados no local. Entre eles o nome de Alexandre, meu primo. A iniciativa da Secretaria Municipal de Direitos Humanos foi uma resposta a uma das 36 recomendações expressas no relatório final da Comissão da Memória e Verdade da Prefeitura, publicado no ano passado. Tive a honra de ser um dos integrantes da comissão, criada por Fernando Haddad, e ter coordenado sua relatoria.
Também foram plantados 31 ipês, em homenagem aos 31 mortos. Tive a oportunidade de fixar um papelzinho com o nome de Alexandre em uma das árvores. Batismo de vida e esperança.
Alexandre Vannucchi Leme, o "Minhoca", presente!
O cara é executivo de associação de mineradora e quer dar carteirada de geólogo, com claro conflito de interesses; desdenha de ribeirinhos que vivem de extrativismo e pesca, preservam a floresta e mandam chuva pro país todo, e defende que o futuro deles deve ser morar em barracos de lona trabalhando como peão de mineradora, igual os 20 que morreram em Mariana; acha que Carajás é exemplo de mineração sustentável, depois de ter sido vetor de ocupação e expansão de Parauapebas e destruir justamente as partes de canga ferruginosa com mais valor pra conservação e produção de água - sem falar que eu nunca ouvi falar de garimpeiro de minério de ferro (kkkkkkkkkkk); não desiste, defende mineração como forma de combater garimpo ilegal, quando mineração atrai o quíntuplo de garimpeiros ao fazer propaganda da área, facilitar o acesso a áreas antes intocadas com implantação de infraestrutura e espantar os antigos ilegais pras regiões adjacentes, ou seja transfere e agrava o problema.
Garimpo ilegal se combate com fiscalização e restrição de acesso, fortalecendo comunidades locais, criando barreiras de áreas protegidas bem fiscalizadas, etc. Os geólogos ainda completam com a chantagem clássica dos coronéis pistoleiros (ruralistas): o nosso PIB depende disso. Meu amigo, se o PIB depende de mineração e agronegócio, isso só mostra que já ultrapassamos todos os limites aceitáveis e é urgente botar um freio nesses setores, parar de ouvir chantagem de gente que tem um projeto de país metade cava de minério, metade curral. Quanto mais cedemos, mais forte eles ficam pra choramingar mais privilégios.
Não deixe de entender o ponto de vista, contestado por muitos, mas defendido por geólogos ouvidos pela BBC Brasil.
Papa Francisco aos refugiados digam:
"Não sou perigoso estou em Perigo"
Frase que também serve para a população de rua
Olá companheir@s da caminhada!! Muita PAZ!!!
Sempre é com muita alegria e esperança que preparo a cada ano este material do Retiro do Advento que você pode adquirir gratuitamente apenas me enviando um e-mail (para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.) e solicitando este material que, com muito carinho, lhe enviarei por e-mail, o material completo com todos os anexos e orientações para você vivenciar, sozinho ou em grupo, esta belíssima experiência de oração.
Sinto-me muito consolado propondo esta experiência, principalmente por dois motivos:
- Primeiro: Como é bom ajudar as pessoas neste caminho da espiritualidade neste tempo encantador do Advento e Natal, uma experiência profunda e verdadeira do Deus da Vida, presente, atuante, que tanto nos ajuda a viver e construir um mundo melhor! Quantas pessoas ainda não descobriram a beleza e a importância de uma oração pessoal, íntima, diária, a partir de textos bíblicos, comprometida com a vida e com as pessoas, rezando a vida e a realidade, e sempre em discernimento: Senhor, que queres de mim? Onde e como me quer? Que queres que eu faça, como servir mais e melhor? Qual a minha missão?
- Segundo: Melhor ainda se for possível viver o Retiro do Advento em grupo, criar este espaço de partilha, de comunhão, ajudando-se mutuamente, a cada semana encontrando-se, na igreja ou na casa de alguém, preparando o ambiente, com símbolos de nossa cultura, intercalando com salmos e canções, partilhando a oração e a vida, vendo o sentido de cada semana, inspirados pela rica simbologia e experiência mística deste Tempo do Advento e Natal.
Desejo a todos que toparem mais uma vez esta proposta uma belíssima e frutuosa experiência. Agradeço a ajuda na divulgação deste material, as sugestões e melhoras no material, como também a partilha do que vivenciaram.
Continuem com Deus!
Grande abraço e que Deus os abençoe sempre mais!
Carinhosamente, Pe. Renato,SJ.