Wim Wenders: “No meu filme com o papa, um diálogo direto com os espectadores”

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01 Junho 2017

Será um filme divino: a piada é até fácil demais. Jorge Bergoglio é o protagonista de Pope Francis. A man of his word [Papa Francisco. Um homem de palavra], um filme, anuncia Wim Wenders, que vai dirigi-lo, “não sobre o papa, mas com o papa”, que vai se dirigir pessoalmente aos espectadores, respondendo às suas perguntas sobre temas sensíveis, ecologia, migrações, consumismo, justiça social, em suma, aqueles mais “seus”.

A reportagem é de Alberto Mattioli, publicada no jornal La Stampa, 26-05-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A notícia circulava há alguns dias. Nessa quinta-feira, ela foi confirmada em Cannes, não no “festivalzão”, mas em um “festivalzinho” paralelo, o “Festival Sacré de la Beauté”, o festival sagrado da beleza, um “off da alma”, definição dos organizadores, às margens do evento profano.

Wenders estava presente, assim como quem o “contratou” para a obra, Mons. Dario Viganò, prefeito da Secretaria para a Comunicação da Santa Sé, o homem-cinema do Vaticano, não por acaso habitué dos festivais internacionais.

Na realidade, o projeto ainda está no início e, fiéis ao convite, na mesa redonda no magnífico terraço elevado na Croisette de uma rica e devota senhora francesa, Wenders e Viganò só falaram de “Espiritualidade e Cinema”, como programado.

Mas Viganò explicou por que, para contar Francisco, o escolhido foi Wenders: “Os padroeiros do cinema deveriam ser os anjos, porque são feitos de luz e de movimento, como o cinema, e porque fazem a ligação entre Deus e o coração dos homens. Mas não os anjos dos resíduos devocionais, mas os anjos que são citados pelas Escrituras, por Dante, por Rilke, em suma, os anjos de ‘O céu sobre Berlim’”. Os anjos de Wenders.

Embora se recuse a se definir como católico ou protestante, “eu sou ecumênico”, o diretor, porém, certamente é uma pessoa religiosa. E fã de Bergoglio: “O Papa Francisco fala por si só e não é preciso um documentário sobre ele. Por isso, depois de uma longa reflexão e de muitos encontros com o amigo Dario, escolhemos outro caminho”, que deveria ser, justamente, o de um diálogo com os fiéis, intercalado com imagens de arquivo do pontífice.

Além disso, as primeiras aproximações com o Vaticano remontam ao Jubileu de 2015, quando Wenders atuou como consultor para a direção de TV da abertura do Porta Santa. “O Papa Francisco é o exemplo vivo de um homem que luta pelo que diz”, afirma. “No nosso filme, ele se dirige diretamente ao espectador, de modo sincero e espontâneo”.

A obra deverá estar pronta no próximo ano, coproduzida pelo Centro do Vaticano para as Comunicações. Será o segundo filme depois daquele sobre os Guardas Suíços apresentado no ano passado em Veneza, “made in Santa Sé”.

Nada de novo: entre a Igreja e o cinema, a história de amor dura muito tempo, desde que, como lembra Viganò, Leão XIII foi o primeiro papa a dar uma bênção voltado à câmera. Depois, Pio XII “recitou” em Pastor Angelicus. Quanto a Francisco, sabe-se que ele prefere o cinema italiano do pós-guerra, que tem uma paixão por “A culpa dos pais”, de De Sica, e considera o cinema “uma catequese de humanidade”. Talvez por isso, ele decidiu fazê-lo em primeira pessoa.

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