'Achei que só veria isso na ditadura', diz psicóloga sobre ação na Cracolândia

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24 Mai 2017

"O que eu vi foi um aparato policial do tempo de guerra. Profissionais e usuários sem rumo e sem referência, numa posição de perdidos. Pessoas absolutamente fragilizadas. (…) Achei que só veria aquilo na ditadura militar”, relata Maria Orlene Daré, psicóloga e membro da Comissão Nacional de Direitos Humanos ao comentar, em entrevista coletiva concedida a jornalistas na noite de segunda (22/05), a ação policial realizada na região da Luz, chamada de “Cracolândia”, no último domingo (21/05).

A reportagem é de Norma Odara, publicada por Brasil de Fato, 2-05-2017.

De acordo com Daré, “a imprensa fala que [a ação] foi um sucesso, que não houve ferimentos, mas pela fala dos profissionais que atenderam [no domingo], houve feridos sim, com balas, entre elas, uma criança de 10 anos, que foi atendida num posto de gasolina".

Na manhã do último domingo (21/05), mais de 500 policiais civis, militares e de operações especiais, fortemente armados, realizaram uma operação na região onde se concentram diversos usuários de drogas, entre elas, crack. O braço armado do Estado, a mando da prefeitura e do governo do Estado de São Paulo, rasgou barracas, atirou contra pessoas desarmadas e promoveu cenas de barbárie contra dependentes químicos, moradores e trabalhadores da região, como revelam os relatos de pessoas presentes na hora da ação.

A ação policial prendeu cerca de 80 pessoas, a maioria dependentes de psicoativos que comercializavam as drogas para uso próprio, de maneira bem diferente da ideia de traficante que se tem socialmente: "Esses ‘traficantes’ estão muito longe daqueles traficantes com helicóptero levando 500 kg de cocaína. Não foi divulgada pelos meios a quantidade de droga apreendida", comenta Roberta Marcondes, membro do coletivo A Craco Resiste, que caracterizou a ação conjunta como “marqueteira e violenta”.

O conselheiro presidente do Conselho Regional de Psicologia da 6ª região de São Paulo, Aristeu Bertelli, ressaltou que "há necessidade de defender políticas públicas que trabalhem com redução de riscos e danos, que respeitem as individualidades e o percurso histórico de cada uma” das pessoas que hoje estão vivendo na região.

O prefeito João Dória (PSDB) declarou, ainda no domingo, algumas horas após a ação de higienização, que o programa "De Braços Abertos" – criado pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e que tinha uma orientação de tratamento humanizado dos dependentes químicos – será encerrado e em seu lugar será instaurado o programa “Redenção”, anunciado em março. Entidades de direitos humanos têm criticado o fato de o programa não estar totalmente estruturado e o fato de que o Redenção “visa a internação e não se preocupa com uma política de redução de danos”.

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