Poluição gerada pelas fábricas mata mais de 100.000 chineses por ano

Mais Lidos

  • “A destruição das florestas não se deve apenas ao que comemos, mas também ao que vestimos”. Entrevista com Rubens Carvalho

    LER MAIS
  • Povos Indígenas em debate no IHU. Do extermínio à resistência!

    LER MAIS
  • “Quanto sangue palestino deve fluir para lavar a sua culpa pelo Holocausto?”, questiona Varoufakis

    LER MAIS

Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

31 Março 2017

Comprar produtos feitos na China sai muito barato para moradores dos países ricos e terrivelmente caro para os chineses. A enorme poluição atmosférica gerada pela indústria chinesa, e deslocada pelo vento, está associada a mais de 3.100 mortes prematuras por ano na Europa Ocidental e nos Estados Unidos, de acordo com um novo estudo internacional. No entanto, o consumo voraz de produtos chineses na UE e nos EUA está ligado a cerca de quase 110.000 mortes prematuras por ano na China pela poluição do ar causada pela produção. Os moradores dos países ricos têm computadores, celulares e brinquedos baratos, e as multinacionais ganham mais dinheiro, mas em troca de centenas de milhares de mortes prematuras na China.

A reportagem é de Manuel Ansede, publicada por El País, 30-03-2017.

O novo estudo, liderado pelo economista Dabo Guan, é o primeiro a calcular os impactos na saúde transfronteiriça do comércio internacional e da poluição atmosférica deslocada. O trabalho, publicado na quarta-feira na revista Nature, utiliza dados de poluição por partículas finas (PM2,5), tomados em 2007 em todo o mundo. Essas partículas, com menos de 2,5 milésimos de milímetro, penetram no mais profundo dos pulmões, os alvéolos, e podem atingir a corrente sanguínea, provocando doenças respiratórias e cardiovasculares.

Dos 3,45 milhões de mortes prematuras relacionadas com esse tipo de poluição naquele ano, cerca de 12% (411.000) estavam relacionadas com poluentes atmosféricos emitidos em outra região do planeta. E os autores vinculam 22% das mortes (762.400) à produção de bens e serviços em uma região para serem consumidos em outra.

“Algumas regiões consomem enquanto outras produzem e sofrem os efeitos na saúde”, lamenta o economista Dabo Guan

A cada milhão de consumidores na Europa Ocidental há 416 mortes associadas à poluição PM2,5 em outras regiões do mundo, de acordo com o estudo. O número dessas mortes diminui para 339 por milhão de consumidores nos EUA. No trabalho participaram cerca de vinte cientistas de importantes instituições da China e dos EUA, como o California Institute of Technology e as universidades de Princeton e Pequim.

“Se o preço dos produtos importados é baixo porque nas regiões de produção as leis contra a poluição são menos rigorosas, então a poupança dos consumidores poderia estar sendo gerada às custas de vidas perdidas em outras regiões”, dizem abertamente os autores na revista Nature. Estudos anteriores calculam que, no mundo, 90% das mortes prematuras devido à poluição atmosférica são causadas pela PM2,5.

“Nosso estudo calcula até que ponto a poluição do ar é um problema global em uma economia global”, explica Qiang Zhang, pesquisador especialista em química atmosférica da Universidade Qinghua, em Pequim pesquisador. “Os países desenvolvidos deveriam incentivar o consumo responsável para mitigar os efeitos negativos sobre o meio ambiente. E os países em desenvolvimento deveriam melhorar a eficiência de suas economias para reduzir as emissões locais”, propõe Zhang.

O físico Julio Díaz, autor de numerosos estudos sobre a poluição na Espanha, aplaude o novo estudo, mas alerta sobre suas “limitações próprias de um trabalho global”. A pesquisa conduzida por Guan, como destaca Díaz não calculou a dose de poluição necessária para provocar efeitos sobre a saúde em cada região, por exemplo, dependendo das diferentes pirâmides de população. O estudo de Guan extrapola através de estudos anteriores. “Não deixa de ser um modelo informático aproximado de emissões e de carga de doença”, adverte Diaz.

Leia mais

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Poluição gerada pelas fábricas mata mais de 100.000 chineses por ano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU