29 Março 2017
Pe. Zollner ao jornal TV2000: “Pedimos ao papa um escritório que possa formar adequadamente as pessoas para responder como se deve às pessoas”. “Temos pouco pessoal formado. Pedimos que a Santa Sé contrate outras pessoas.”
A reportagem é publicada por TV2000, 27-03-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Foi o que disse o padre Hans Zollner, membro da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores e diretor do Centro para a Proteção das Crianças, em uma entrevista ao Tg2000, o telejornal do canal Tv2000.
A recomendação da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, reunida em Roma no fim de semana passado, articula-se em torno de uma questão só aparentemente banal. A irlandesa Marie Collins, vítima quando jovem dos abusos de um sacerdote, renunciou à comissão lamentando justamente o fato de muitas cartas, especialmente para a Congregação para a Doutrina da Fé, ficavam sem resposta.
“Dentro da comissão – acrescentou o Pe. Zollner – discutimos horas sobre isso. O número das comunicações que chegam até nós estão em constante aumento. E as pessoas não se contentam em saber que a sua carta foi lida, mas também querem informações, expressar a sua raiva e as suas feridas. Eu recebo de cinco a seis cartas por dia de todo o mundo. Muitas pessoas no Vaticano não sabem responder, porque lhes falta o pano de fundo psicológico, teológico, jurídico e não sabem bem como medir as palavras em outro idioma. É preciso um conjunto complexo de competências e de capacidades profissionais. Pedimos ao papa que crie um escritório para formar pessoas que possam responder como se deve às pessoas.”
“As pessoas que escrevem à Santa Sé – continuou o Pe. Zollner – esperam uma confirmação de leitura às suas cartas e e-mails. É um desejo razoável e humano, mas que se choca com a realidade de um escritório muitas vezes limitado nos recursos humanos e linguísticos. Esses pedidos chegam até nós de todo o mundo. Todos os dias, eu recebo cartas de vítimas ou de pessoas que querem compartilhar o seu sofrimento. O nosso pedido à Santa Sé é de que haja alguém capaz de responder adequadamente e que possa dar um sinal concreto e sério a tudo aquilo que é comunicado. Todos esses pedidos não estão ligados com o abuso sexual de um menor. Uma pessoa apenas, de fato, deve possuir muitas competências para poder responder da maneira certa.”
“O mais importante – concluiu o Pe. Zollner – é que as pessoas tenham a percepção de que foram ouvidas.”
Leia mais
- "A postura do papa sobre os abusos é mais severa do que nunca." Entrevista com Hans Zollner
- "A luta contra os abusos sexuais na Igreja ainda vai durar muito tempo", afirma Pe. Hans Zollner
- A Igreja e o caso pedofilia. Zollner: “Marie se desiludiu com a lentidão da comissão”
- Renúncia de Collins: "Uma maneira de sacudir a árvore", afirma secretário de Estado vaticano
- “Não deixo de acreditar na tolerância zero de Francisco contra a pedofilia, mas outros o boicotam”. Entrevista com Marie Collins
- Marie Collins explica decisão de sair da Comissão para a Tutela dos Menores
- "Creio na tolerância zero do Papa Francisco. Mas outros o boicotam". Marie Collins deixa a Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores
- Bispo australiano diz que sofreu abuso sexual nas mãos do clero católico
- Cultura clerical sustenta escândalos de abuso sexual
- Bispos suíços criam fundos para casos de abuso sexual prescritos
- Por que a saída de uma sobrevivente de abuso sexual de uma comissão papal pode ser uma bênção
- Argentina. A Igreja admite os abusos sexuais de seminaristas por parte do fundador do Instituto do Verbo Encarnado
- Problema com a comissão antiabuso não é os sobreviventes, é a Cúria Romana
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Pedofilia na Igreja: "É preciso contratar pessoas para responder às muitas cartas recebidas" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU